Amarrações da vingança

Amarrações da vingança

No capitulo VII do Livro II do célebre grimório Demonology (1597) do Rei James I de Inglaterra ( 1566 –1625), afirma-se claramente que «quem nega o poder do Diabo, então negará igualmente o poder de Deus. Pois o Diabo é o opositor e o oposto a Deus. Não há melhor maneira de conhecer a Deus, do que pelo seu contrário».

E a verdade, é que no sínodo de Laodiceia ( 343 – 381), a igreja decretou que os padres não podiam exercer as artes da magia, pois que ela expunha-os a contacto com demónios, e os seus efeitos eram bem reais. Desse modo, desde os seus primeiros dias que Igreja reconhecia oficialmente a magia negra e a bruxaria como realidades verdadeiras.

Porem, a verdade é que muitos padres ao longo da história praticaram magia negra. O célebre ocultista Henry Cornelius Agrippa von Nettesheim, ( 1486 – 1535), um contemporâneo de Faustus – o notório doutor que fez o lendário pacto com o demónio –, e autor do influente «De occulta Philosophia» (1531-33), dizia no seu famoso Grimorio The Agrippa : «No inicio, apenas os padres possuíam grimórios de magia negra. Estavam escritos em Latim, e por isso apenas eles e homens eruditos os conseguiam ler. Cada um tinha a sua copia. No dia seguinte á ordenação, eles o encontrariam na sua mesa de cabeceira quando acordassem, sem saber de onde vinha ou quem os trouxera.» Assim se sabe que desde há séculos que a própria igreja não apenas conhece, como lida com a magia negra, e é uma das maiores testemunhas da real veracidade dos seus resultados.

E os resultados da magia negra sempre foram imparáveis. E no caso das amarrações, há séculos e séculos que a magia negra garante efeitos dos quais não há escapatória.

Por volta dos anos 1800, houve uma célebre bruxa em village of Leeming, na Inglaterra. Tratava-se da bruxa Molly Cass. A bruxa Molly vivia numa velha casa junto ás ruinas de um moinho, num local ermo. E poucas pessoas tinham coragem de frequentar aquelas terras, só indo ali quando desejam requisitar os préstimos ocultos da bruxa. Apesar de já ser o início do seculo XIX e a caça ás bruxas já ter terminado, porem os feitos e efeitos das bruxarias de Molly Cass eram bem reais, verídicos e temidos.

A bruxa Molly devia os seus poderes a um Caul. Um Caul, é uma fina membrana que vem cobrindo o rosto ou a cabeça de um bebé no momento do parto. Esse «véu» que cobre a face ou rosto do bebé, anuncia que ele é especial. Poderá no futuro tornar-se bruxo ou bruxa, não morrerá enforcado nem afogado, e terá poderes que poderá usar para o bem, ou para o mal. Estes Caul eram por isso uma rara preciosidade, vendida nos círculos do oculto por boas somas de dinheiro, uma vez que asseguravam boa sorte a seu detentor. A verdade, é que muitas bruxas e bruxos nascem com esse Caul, como que assinalando que nasceram para ser escolhidos por Deus, ou pelo Diabo. Muitas das vezes, acabam no caminho do Diabo e da magia negra, porque o Diabo cobiça esses bebés, e segue-lhes a vida desde o nascimento, até os conseguir angariar para o caminho da bruxaria. Porem, esse não foi o caso de Molly Cass. Quando o Diabo a fez bruxa, ele indicou-lhe um local onde poderia obter um Caul, desde que o roubasse. Se o fizesse, o Caul seria seu, e o demónio aceitá-la-ia como bruxa. Porem, havia um detalhe: o Caul encontrava-se numa certa casa de família, escondido dentro de uma enorme e velha bíblia que se encontrava trancada a cadeado. Para chegar ao Caul, teria de se profanar a bíblia de família, forçando a sua abertura. Era uma bíblia que tinha pertencido a um mosteiro, tinha sido abençoada, era desse modo santificada, e por isso a sua abertura forçada constituía uma profanação. Ansiando por ser bruxa, Molly não hesitou em furtar o Caul da Bíblia, e em troca o demónio converteu-a em bruxa, pois no seu herético desejo pela magia negra, Molly tinha cometido o sacrilégio de profanar a Bíblia de uma devota família sem piedade nem hesitações, o que muito agradou a Satanás. Desde então, a bruxa tinha celebrado os mais infalíveis bruxedos. Muitos deles, eram amarrações que nunca falhavam. E porem, a amarração que a tornou celebre, foi uma que assumiu contornos sinistros.

Um certo George Winterfield tinha engravidado uma jovem, e porem recusava-se a casar com ela. A jovem recorreu dos préstimos ocultos da bruxa, que lhe celebrou um fortíssimo trabalho de magia negra. Certa noite, George foi visitado por uma aparição da bruxa que se lhe manifestou á noite no seu quarto, e ela disse-lhe. «Por esta hora, já és do Diabo. E Ele agora já não te deixará mais partir». George pediu desculpa á bruxa, prometendo-lhe abandonar qualquer teimosia e resistência, e ir-se imediatamente entregar á namorada gravida. George pediu-lhe uma segunda oportunidade, ao que a bruxa lhe respondeu que o Diabo raramente dá uma oportunidade, quanto mais duas. Mas que se ele quisesse, que fosse ter com a jovem, porque ela estava á espera dele junto aos juncos do rio. Eles iriam ficar juntos para sempre, garantiu-lhe a bruxa.

George apressou-se a ir ao encontro da namorada. Saiu pela noite dentro em direcção ao rio, mas nunca mais voltou. Na manhã seguinte, o seu corpo foi encontrado afogado no rio, não muito longe do corpo também morto da namorada, que se encontrava junto aos juncos do rio. A jovem tomada pela vergonha de uma gravidez ilegítima, escolheu afogar-se. E George, na ânsia de procurar por ela, também acabou nas águas do rio. Conforme a bruxa disse, a namorada estava esperando por ele, e eles ficariam para sempre juntos. E conforme a bruxa também disse, George já era do Diabo, e ele nunca mais o largaria.

Este bruxedo acabou por vingar a morte de uma jovem grávida e covardemente desprezada por um homem, e tornou-se de tal forma lendário, que acabou inscrito nas crónicas históricas daquele tempo.

Por isso, as amarrações da bruxa Molly eram abundantemente procuradas, pois bem se sabia que uma criatura uma vez amarrada, ficava para sempre amarrada. Ou se entregava a quem ordenou a amarração, ou acabaria mal. Fosse como fosse, nunca mais a pessoa se livraria do bruxedo, nem de quem a mandou embruxar. Nunca mais. Não havia escapatória. E por isso, a pessoa não tinha alternativa senão ceder.

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