Lúcifer e Satanás, quem são Lúcifer e Satanás

Demonologia – sobre Lucifer e Satã

Estudos demonológicos

DEMONOLOGIA

O inferno – o que é o inferno

Diz-se que Lúcifer é o Senhor do Inferno. Pois bem: antes mesmo de falarmos sobre Lúcifer e Satanás, vamos responder á questão: o que é o inferno ? Trata-se de um debate teológico que tem perpassado varias escolas de pensamento místico.

Assim sendo, explica-se:

Os demónios são anjos caídos, que foram banidos da presença de Deus e desde então vivem em exílio, afastados do reino celestial de Deus, ( o chamado «céu»), habitando tanto neste mundo mundo terreno, assim como no «mundo dos mortos» (o «Sheol» Hebraico, ou o «Hades» Helénico, a que a teologia Crista encara erroneamente como o «Inferno»), ou seja: o local para onde as almas dos humanos vão depois da morte,  para encontrarem o seu repouso eterno.

A confusão entre o «Sheol» e o «inferno» é um erro típico da teologia crista: o cristianismo vê o inferno como um lugar de eterna condenação dos maus, ao passo que na verdade o «sheol» (a noção hebraica de onde nasceu a lenda mitológica do “Inferno” segundo o catolicismo), é o «reino dos mortos», o local para onde vão as almas daqueles que faleceram, para ali repousarem na sua vida pós-morte.

Trata-se por isso do mundo onde habitam as almas de todos os mortos, e não de um local de condenação, ou pelo menos não inteiramente: nesse local quem é condenável será purificado, e quem não o é viverá pacificamente e em liberdade. Por isso, esta noção corresponde  antes a um arquétipo  do «mundo dos espíritos», onde todas as almas são purificadas. Segundo o evangelho sobre José (um texto apócrifo doSec V d.C.), o «inferno» é tido com um lugar por onde as almas tem de passar (através dos 7 véus das trevas – cap. XXII, XXIII – ), para se purificarem.

Trata-se antes e por isso, de um processo espiritual que sucede após a morte, trata-se da transposição de uma passagem (cap. XXII), comum a todo o ser humano após a sua morte: todos passam por essa transição, independentemente de serem pecadores ou não.

A mesma noção também encontramos noutro texto apócrifo, os Actos de Pilatos, onde verificamos que no “inferno” se encontram em repouso eterno as almas de figuras como Abraão, Isaías, João Baptista, etc,(II, cap 18,1), todas ela ali habitando em espírito e aguardando a sua libertação por via da completa purificação pelo espírito de Deus, que neste caso, ( neste texto), lhes aparece através de Jesus.

Ou seja: o inferno é visto tanto em certas tradições gnósticas, como nas mais ancestrais teologia hebraicas, como o «mundo espiritual», e não como o «inferno» que os padres Católico -Romanos “venderam” ao povo durante a Idade Media, apenas para o amedrontar e assim manter sob sua alçada, guiado pelo grilhões do medo.

Esta noção que a igreja católico – romana criou de um Inferno punitivo, assim como a criação imaginaria de um «purgatório» (cuja a existência, no Sec XX , já foi desmentida pela própria Igreja através do papa João Paulo II), serviram apenas para vender «bulas papais» e «perdoes celestiais» ás classes mais altas da sociedade, enriquecendo assim os cofres do Vaticano de tal forma, que assim se edificou uma das mais invejáveis fortunas do mundo que ainda hoje existe.

A troco da salvação de uma alma, (para que ela não acabasse no inferno, ou para que ela saísse rapidamente do purgatório e fosse para o céu), a igreja católica vendia perdões papais que «limpavam» todos os pecados de uma alma. Claro, fazia-o em troca de elevadas quantias de dinheiro, ou grandes doações de património. Assim se construiu a fortuna do Vaticano, sob a ideia da existência de um «inferno» punitivo que tanto assustou as pessoas e tanto dinheiro gerou aos cofres da igreja.

Esta noção de «inferno», foi a maior fonte de receitas financeiras da igreja, motivo pelo qual o Vaticano acumulou fortunas ao longo de séculos e séculos, tornando-se assim no mais rico estado do mundo. No entanto, por muito lucrativa que essa noção de «inferno» seja para o catolicismo, a verdade é que não existe, é apenas uma invenção criada a partir do conceito hebraico de «shoel», que significa: túmulo, cova, sepultura, ou seja: trata-se daquilo que comummente chamamos do mundo do Além-túmulo, ou apenas «mundo dos espíritos».

Segundo as noções místicas hebraicas mais ancestrais, o «sheol», é o lugar para onde as almas humanas, após a morte do corpo, ingressam; ou seja, não existe uma noção de «inferno» punitivo neste conceito, mas antes a mera noção do «mundos dos mortos», ou o «mundo dos espíritos», onde ai vivem em espírito todos aqueles que faleceram. A esse reino dos espíritos, os hebraicos chamavam de «Sheol», e na verdade não se trata de nenhum «inferno». È apenas o mundo do espírito, para onde transitam as almas de quem morre fisicamente neste mundo.

Na demonológica escandinava, aquilo que hoje em dia se conhece por inferno era um local chamado de Nifl heim, no Alemão moderno «Nebelheim» ou seja, o «lar da névoa», o local das névoas eternas para onde as almas iam habitar quando desencarnavam deste mundo, e que por vezes visita e se cruza com este mundo na forma de neblina mística. Era um local frio e de noite sem fim, governado pela rainha demoniza dos mortos, chamada Hela, cujo o nome veio a dar origem á palavra Inglesa «Hell», ou seja, «inferno». E já nesses tempos, as bruxas celebravam obscuros ritos, invocando a essas névoas do mundo do Além-túmulo, de onde vinham espíritos de mortos e demónios que as auxiliavam na realização dos seus trabalhos de magia negra.

Lúcifer e Satã – duas entidades diferentes

Lúcifer, quem é Lúcifer

Há uma confusão que reina entre quem são Lúcifer e Satanás. Na verdade, teologicamente tratam-se de duas entidades diferentes, e que a dado momento começaram a confundir-se. E a origem do erro, parece ter estado num clássico da literatura mundial, o célebre poema O Inferno de Dante.

Quando o grande poeta Italiano Dante Alighieri ( 1265 – 1321), escreveu o seu poema épico Divina Commedia ( 1304 – 1208),  ele era para representar uma jornada no caminho para Deus, e porem tornou-se um dos textos mais preciosos na descrição de demónios e das hierarquias infernais. O texto possuía tantas referencias invulgarmente acertadas e extraídas de antigos conhecimentos clássicos da Antiguidade, que passou a ser observado por muitos como uma fonte de informação nas ciências ocultas da demonologia.  A obra tornou-se de tal forma proeminente, que alguns dos demónios ali mencionados passaram a constar de grimórios de magia negra escritos posteriormente.

Os demónios que Dante cataloga no seu Inferno, são demónios menores que aparecem nos cantos XXI a XXIII, tratando-se de doze demónios. Constam no Inferno de Dante os demónios Alichino, Barbariccia, Cagnazzo, Calcabrina, Ciriatto, Draghignazzo, Farfarello, Grafficane, Malacoda, Malebranche, Rubicante e Scarmiglione.

Dante e a confusão entre Lúcifer e Satanás

Apesar de revelar profundos conhecimentos sobre alguma demonologia clássica, porem Dante parece não ter consciência que Satanás e Lúcifer são duas entidades distintas, e ao uni-las numa só entidade, acabaria por cometer um erro com proporções históricas, pois que daí em diante essa confusão passou a reinar no pensamento comum dos leigos. Outros nomes são usados para designar o Diabo, tais como Senhor do Erro ou do Engano, conforme lhe chama Malaspina em Purgatório, VIII, 131; Pluto chama o Diabo de Satan em Inferno, VII, 1; Dante chama o Diabo de Lúcifer em Inferno XXXI, 143, e de Beelzebub em Inferno, XXXIV, 127; Virgílio chama o Diabo de Dis, em Inferno VIII, 68.

Porem, a verdade é que Lúcifer e Satanás são duas entidades distintas.

Sobre Lúcifer, quem é Lúcifer.

Na verdade, Lúcifer era um querubim gerado pela própria mão de Deus no primeiro dia da criação, e era por isso cheio da Luz de Deus (seu Pai). Daí advêm o seu nome: Lúcifer, que significa «portador da Luz»[ ou da «luz» de Deus, o seu pai]

Conforme descrito no Livro de Ezequiel, Lúcifer desejou ser igual ao seu próprio pai, e por isso acabou banido da presença de Deus e exilado do Reino de Deus. Por essa insurreição, o filho celestial e  primogénito de Deus (Lúcifer), pagou com a sua queda para este mundo, e exílio do mundo celestial. Um daqueles que acompanhou Lúcifer nesta rebelião, foi Asmodeus, espírito instigador das rebeliões, sublevações e revoltas. Dizem certos Grimórios de magia negra, que tal como Asmodeus, também a divindade Astarte acompanhou esta revolta celestial, motivo pelo qual, para seu castigo foi transformada no demonio Astaroth.

Sobre esse momento, assim está escrito no Livro do Apocalipse:

E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra;Apocalipse 12:3

Lúcifer e o seu exercito (cerca de 1/3 dos anjos do céu), perderam a guerra contra as forças de Deus, sendo que Lucifer , ( e os seus anjos caídos), passou desde então a habitar no nosso mundo físico, do qual é «príncipe».

O Diabo, (Lúcifer), na mitologia Grega era visto como o rei de Hades , o deus do mundo dos mortos. Para entrar na morada de Hades, era preciso passar por um mítico cão demoníaco de três cabeças, chamado Cérbero.

De acordo com a tradição islâmica, Lúcifer revoltou-se contra Deus, não por desejar propriamente ascender ao lugar do Criador, mas antes por orgulho, ou seja, por se ter recusado a ajoelhar diante de Adão.

Assim está escrito:

«E quando dissemos aos anjos: “Prostrai-vos diante de Adão”, eles prostraram-se, excepto Lúcifer, [ Iblis] ,que se recusou e, cheio de orgulho, se juntou aos ímpios»Alcorão  II.34 «Deus perguntou:”que te impede que te prostres quando te mando?”Respondeu:«Eu sou melhor do que ele. Criaste-me do fogo e a ele criaste do barro».Deus disse:« Desce do paraíso, pois não é próprio que te enchas de orgulho nele.Sai! Tu estas entre os desprezados»Alcorão VII 11.18

De acordo com esta versão, Lúcifer (um ser perfeito, cheio da Luz de Deus e portador da sabedoria, ao qual nenhum outro ser se podia comparar ou igualar), recusa-se a ajoelhar perante uma criação que considera inferior a si mesmo. È por esse motivo, que acaba sendo expulso do céu e exilado no mundo dos mortos.

Lúcifer está também associado a certas teses nas ciências ocultas da demonologia, que o apontam como uma das três ímpias entidades que constituem a  impura trindade, por oposição á santa trindade.

A santa trindade é constituída pelo Pai, o Filho e o Espírito santo, sendo que o Filho é o princípio masculino de Deus manifestado em Jesus Cristo, o Espírito Santo é o principio feminino de Deus, e ambos – quando fundindo-se e combinando-se essas duas essências numa só  – , então constitui-se a entidade que conhecemos por DEUS, que no fundo é ao mesmo tempo o Pai Criador de todas as coisas, e porem contem em sí o Filho que é o principio masculino d’Ele mesmo, e também o Espírito Santo que é o princípio feminino d’Ele mesmo.

Pois por oposição á santa trindade, existe uma impura trindade, que é constituída por Lúcifer , Lilith e Baphomet.

Tal como na santa trindade, nesta impura trintade existe um filho que é Lucifer, e que é um principio angelical masculino; ao seu lado, existe Lilith, que é um principio angelical feminino; e quando Lilith e Lucifer se unem ou «fundem» numa só essência… então ocorre ou manifesta-se BAPHOMET, o equivalente a DEUS, porem seu oposto e opositor.

Dizem os defensores desta tese que Deus ao criar esta santa trindade que mais tarde se transformou numa ímpia trindade, estava no fundo a recriar-se a sí mesmo, que é aquilo que um pai faz quando se reproduz, que é recriar-se a si mesmo. Dessa forma, explicar-se-ia porque é que a Bíblia revela que Lúcifer foi o primeiro anjo criado por Deus, o seu primeiro filho, o mais perfeito dos anjos. Na verdade, quando se fala desse primeiro filho de Deus – e de tão perfeito que era -, nao se tratava apenas de Lúcifer, mas sim desta trindade celestial, pois que ela era uma cópia do próprio Deus, e da santa trindade.  Era na verdade, como um filho perfeito, pois feito á imagem do seu pai que é perfeito. E daí, que se digam nos antigos textos hebraicos que Lúcifer era primeiro, o mais belo, perfeito e amado filho angelical de Deus.

Também defende esta tese, que Lúcifer antes do seu exílio, na verdade chamava-se Samael, sendo que foi após a sua queda que assumiu o nome de Lúcifer. Crê-se que Lúcifer é uma essência angelical e espiritual masculina, ao passo que – por outro lado -, Lilith é uma essência feminina, a essência angelical e espiritual feminina que corresponde a Lúcifer. Lilith é a sua cara-metade, a sua contraparte. Lilith e Lúcifer são como se fossem almas-gémeas, duas faces da mesma moeda, e na verdade quando se unem e se fundem num só ser, nasce BAPHOMET, que é o dito Diabo a que todos se referem, o Satanás que é comummente falado. Assim, conforme DEUS é Jesus e Espírito santo quando unidos num só, pois tambem BAPHOMET é Lucifer e Lilith quando unidos num só.

O nome de Lúcifer aparece em certos grimórios da Idade Média associado a um outro demónio de nome Mephistopheles.

Mephistopheles, é um dos chefes dos demónios do inferno. Há quem afirme que em grego, o seu nome significa «aquele que não ama a luz», quando na verdade o significado do seu nome é muito mais oculto, sinistro e misterioso que isso, pois na verdade significa «aquele que ama a não luz». Amar a «não luz», não significa amar as «trevas», porque se fosse para se dizer aquele que este demónio ama as «trevas», então não se teria escrito «aquele que ama a não luz». Nas obras do espírito, as palavras são da maior importância, pois tem significados ocultos com consequências e implicações muito importantes. Logo: a «não luz» não significa «trevas», mas sim uma luz que é diferente da luz tal como a concebemos, ou seja: é como se fosse uma «luz negra», algo que ilumina com negrume, ou seja, algo impossível para a mente humana sequer compreender. Dai o mistério que ronda este demónio, que ilumina com trevas, ao passo que Lucifer significa precisamente «o portador da luz». Este demónio foi uma divindade venerada na religião da Mesopotâmia, na forma de uma entidade que era metade humano, metade animal. Na Alemanha e territórios germânicos da antiguidade, era conhecido pelo cavaleiro com cascos de cavalo. Mephistopheles tornou-se famoso devido á lenda de Fausto conforme narrada na obra de Goethe ( 1749 – 1832)  onde oferece á personagem principal uma vida de prazeres e sabedoria em troca da sua alma. O demónio Mephistopheles está também intimamente associado ao demónio Lucifuge, cujo o nome significa «aquele que foge da luz», ao mesmo tempo que Lucifuge é o nome Lucifer escrito ao contrário. São os mistérios do oculto…

Na religião Zoroastriana, Lucifer é HARIMAN, o rei das trevas e da morte. HARIMAN era chamado o «Senhor das mentiras». O seu irmão gémeo é o Deus Ohrmazd, o Deus bom e da Luz, o equivalente ao Deus dos Cristãos. Ambos existem deste sempre, e ambos estão desde sempre empenhados numa guerra um contra o outro. Algumas vezes ganha um, outras vezes ganha o outro. E no final, tudo recomeça novamente, num eterno ciclo que jamais pára de existir, e que ao existir é o motor e a causa que acaba por gerar o universo, e tudo aquilo que existe. Este é o princípio religioso do Zoroatrismo, que professa que o universo é o produto desta oposição entre dois Deuses opostos e igualmente poderosos, ao contrario do Judaísmo e do Cristianismo que professam a existência de um único Deus todo-poderoso. O Deus  Ohrmazd é o Deus da luz, do sol, e que governa nos céus. O Deus HARIMAN,é o Deus da terra, assim como do mundo subterrâneo ou o mundo-dos-mortos, e é ele que tem poder sobre a terra. Esta religião foi dominante desde os seculos VII aC, havendo depois sido perseguida até a extinção pelos hebreus e cristãos. O Satanismo que começou a emergir logo nos primeiros séculos de vida do Cristianismo, é baseado nesta religião.

 

Satanás, quem é Satanás

Ao contrário, Satã não foi expulso, ( como Lúcifer), mas antes desertou dos céus.

Satã era um anjo das mais altas esferas celestiais (um dos anjos «vigilantes», a quem estava incumbida a missão de observar e guiar a raça humana neste mundo, tal qual anjos guardiães), que juntamente com outros anjos (nomeadamente Azazel, um dos príncipes do Céu e também ele um «vigilante»), optou de livre vontade por abandonar o céu e instalar-se na terra, motivados que foram pela sua paixão pelas mulheres, ou como dizem as escrituras no Livro de Génesis:

«as filhas dos homens».

Sobre este episódio, no qual um grupo de anjos abandona o céu para se instalar na terra em busca da ardência do sexo com as mulheres, assim esta escrito no I Livro de Enoch:

Naquele tempo, enquanto os filhos dos homens se multiplicavam, nasciam-lhes belas filhas.Os vigilantes – anjos filhos dos céus – ficaram atraídos por ela e desejaram-nas.Disseram uns aos outros: «Vamos procurar as filhas dos homens, e gerar filhos para nos próprios».

I Livro Enoch

Assim, o I Livro de Enoch descreve como 200 anjos caíram, ou seja, abandonaram a esfera celeste e habitaram neste mundo. E assim continua o apócrifo  Enochiano:

Eles, tal como os seus chefes, tomaram as mulheres para si. Escolhiam quem queriam.Penetram-nas e desonrararm-nas. Ensinaram-lhes bruxaria, formulas magicas e como cortar raízes e ervas para usarem nos seus conjuros (….)começaram [ os anjos caídos] a revelar segredos mágicos ás suas mulheres

I Livro Enoch

Não só a bruxaria é oferecida ás mulheres em troca do acto sexual com os anjos, (e assim se inicia a arte da bruxaria tal como ela é conhecida),  como estes anjos se tornam anjos caídos ou: demónios.

Sabemos por isso, tanto através das escrituras como dos textos apócrifos, que  entre a batalha liderada por Lúcifer na sua rebelião contra Deus, assim como o posterior  abandono voluntário de Satã e os seus seguidores para se casarem com as mulheres, ao todo foram alguns milhares de anjos que abandonaram o céu, dando origem aos demónios que hoje em dia conhecemos, e que são tão somente: anjos caídos. ( Para saber mais sobre Satanás, leia: MAGIA NEGRA E SATANÁS ; Veja também: MAGIA NEGRA E SATANISMO)

Aos anjos caídos ou demónios, estão normalmente associados os fenómenos de possessão voluntária e involuntária.

A possessão involuntária sucede quando alguém é , contra a sua vontade, invadido pelo espírito de um demónio.

Esses casos podem assumir graus mais ou menos agudos de possessão, ou seja: tanto uma pessoa pode encontrar-se sob uma influência demoníaca quase imperceptível, ( o demónio apenas influi etéreamente e subtilmente em certos pensamentos ou sentimentos da pessoa influenciada), como uma pessoa pode chegar a ponto do espírito demoníaco querer ocupar, dominar e controlar completamente o corpo do possuído. Nesses casos mais agudos , ( e graves), de possessão, a pessoa perde totalmente o controlo sob si mesma: a sua alma fica aprisionada num pequeno canto da sua própria consciência apenas submergindo pontualmente e a muito custo; a pessoa não consegue ter controlo sob o seu próprio corpo e mente, invadidos que estão de forma total pelo espírito;  o próprio espírito demoníaco manifesta-se de uma forma totalmente incorporada no corpo possuído, como se aquele corpo pertencesse apenas ao demónio.

No outro extremo dos casos de possessão, temos as possessões voluntárias.

Dizia Jesus que o corpo é o templo do espírito, e que Nele mesmo, ( no corpo de Jesus), habitava o espírito do filho de Deus, ( o Cristo).

Ora, ao assim revelarem os evangelhos, está-se atestando que o corpo humano pode ser habitação não só do próprio espírito humano a que se destina, como também residência de um espírito celeste.

Os casos de possessão voluntária ocorrem neste tipo de caso, ou seja:

quando a pessoa se entrega voluntariamente a um espírito, e se oferece para ser uma casa em que esse mesmo espírito pode passar a residir, permanente ou pontualmente. Jesus ensinou que o «corpo é o templo do espírito», e isso é a pura da verdade. O corpo é uma habitação onde um espírito pode residir, e ali habitar permanentemente ou periodicamente. Nos casos demonológicos, o espírito do anjo caído passa a habitar uma certa pessoa por 2 motivos:

1-

por o próprio anjo caído ter escolhido essa pessoa para tal finalidade;

2-

por se ter realizado um pacto voluntário entre a pessoa que se vai deixar invadir pelo anjo caído e o próprio anjo caído, havendo o anjo caído aceite um tal acordo.

As pessoas destinadas e serem habitação, moradia ou residência de um espírito desse tipo, apenas vêem a sua vida a salvo uma vez aceitando a vontade do espírito; caso contrário, o espírito atormentará essa pessoa ate que ela aceite a aliança. A aliança, ( ou pacto), no caso das bruxas, é estabelecida através da carnalidade, tal como sucedeu na primeira vez da historia da humanidade, conforme descrito no I Livro de Enoch.  Em troca, o espírito demoníaco concede o seu favor á pessoa em quem passou a residir. Esta tradição de possessões voluntárias é especialmente praticada nas religiões Africanas de  Vodu,Kimbanda , assim como nas tradições Europeias da Bruxaria.

Aparições famosas do Diabo

O Diabo já fez a sua aparição a várias personalidades famosas. Um delas, é lendária. Um dos mais sinistros e lendários casos de aparições do Diabo, ocorreu com Mozart ( 1756 – 1791), o celebre compositor Austríaco. A certo momento da sua vida, Amadeus Wolfgang Mozart andava caído numa estranha melancolia. Certo dia ouviu uma charrete parar á porta da sua casa, e o seu empregado anunciou um desconhecido que vinha visita-lo,  e desejava falar-lhe. O homem desconhecido apresentava-se vestido aristocraticamente, os seus modos eram impecáveis, e a sua educação era irrepressível. Claramente um cavalheiro de posses, e elevada posição social. Sem nunca anunciar a sua identidade, assim disse o desconhecido a Mozart «Trago ordens de um ilustre senhor para o encontrar…» – disse o desconhecido… «ele perdeu alguém que lhe é muito querido, e desejava por isso celebrar o seu falecimento com um serviço fúnebre solene, e solicita-lhe que componha um Requiem para ser escutado nesse funeral» Espantado com a inesperada encomenda de uma peça musical para um funeral, mesmo assim Mozart aceitou compor o Requiem. Lançou mãos á obra, e trabalhou arduamente noite e dia. Porem, o seu corpo já não era capaz de acompanhar o ritmo da sua inspiração, e começou a fraquejar. Certo dia, sabe-se que ele confessou á sua esposa «Tenho a certeza que estou a escrever este Requiem para o meu próprio funeral». A dado momento, Mozart estava convencido que o desconhecido que lhe aparecera á porta trazendo aquela encomenda, não era um homem, mas sim alguém do mundo do além-túmulo, anunciando a sua morte para breve. Mozart trabalhou arduamente no Requiem, que considerou ser a sua grande obra final. Quando finalmente a obra estava terminada, o homem desconhecido regressou. Mozart tinha falecido. E o desconhecido também se esfumou. Nunca ninguém soube quem era o misterioso mensageiro, pois o desconhecido e a sua carruagem desapareçam para nunca mais serem vistos. Nos círculos do oculto, sabe-se que era um servo do Diabo, ou provavelmente… ele mesmo em pessoa, para vir buscar a alma do lendário musico para o mundo-dos-mortos, ou o mundo do além-túmulo.

Diabo: casos verídicos e comprovados

Nos dias de hoje, os demónios, o diabo e as possessões demoníacas tendem a ser por muitos catalogadas enquanto apenas meros episódios provenientes de doenças mentais, e logo atirados para o fundo da gaveta das doenças psiquiátricas, relegados como superstições e crendices, resquícios de crenças ignorantes de tempos idos e esquecidos. Porem, aqueles que lidaram directamente com tais fenómenos de possessões demónicas, de assombrações e demónios… esses já tem uma opinião bem diferente.

Os psiquiatras dr. M. Scott Peck e dr Richard E. Gallagher, ambos chegaram á conclusão que o fenómeno é real, seguindo-se a inevitável conclusão de quem devem mesmo haver demónios e o Diabo. Escreveu o dr Peck, depois de ter entrado em contacto com um caso real de possessão demoníaca: «Eu nunca mais duvidei da existência do Diabo». Já o dr  Gallagher afirmou «Ate aqueles que duvidam que  o fenómeno exista, poderão convir que este exemplo é bastante persuasivo», e ao afirma-lo, mostrou documentação e provas que atestavam de casos em que sucederam os mais inexplicáveis e sobrenaturais eventos, tais como levitação de pessoas e objectos, psicocinese e clarividência. Tais casos foram apresentados na New Oxford Review, em Março 2008, num artigo com o titulo «A Case od Demonic Possession» – «Um caso de possessão demoníaca»

Depois de anos a trabalhar em casos de pessoas com graves perturbações, também o professor Rex Beaber – professor de medicina na Universidade da Califórnia – , começou a chegar á conclusão que – de facto – existem forças ocultas e de trevas que agem no ser humano.

Logo: são cada vez mais aqueles que tendo entrado em contacto directo com os fenómenos da possessão demoníaca e da magia negra, chegam á inevitável conclusão que se trata de uma realidade.

Disse o padre Walter Halloran á imprensa, em 1995, quando perguntado sobre um exorcismo que tinha sido celebrado em 1949, em Mayland, St Louis, – Estados Unidos da América – : «Acredito piamente que foi um caso genuíno de possessão demoníaca». O padre estava – nem mais, nem menos – a referir-se ao caso que inspirou William Peter Blatty a escrever o guião do filme «O Exorcista». Afinal, ao contrário daquilo que os mais descrentes pensavam, não se tratou apenas de um filme, nem de uma fantasia inventada, mas sim de um caso verídico, e de factos reais.

Por isso, ao longo da historia tem sendo incontáveis as observações e casos reais que comprovam a existência dos demónios, da magia negra, dos trabalhos de magia negra e de Satanás . Por isso: Quem quer é livre de não acreditar nem em Deus, nem no Diabo, e de procurar todo o tipo de justificações lógicas para os mais ilógicos e sobrenaturais eventos. Quando se quer, a lógica consegue até explicar porque é que uma cadeira é um cavalo. Porem: que os espíritos existem, eles existem. E a prova-lo, está o facto que a ciência já conseguiu provar muita coisa… mas nunca conseguiu provar que não existem espíritos,  e que não existem aparições, e que não existe Deus, e que não existe o Diabo.

Magia negra e Satanismo

Associado a Satanás, vem o fenómeno do Satanismo. Na Idade Media, ordens religiosas como Cátaros, Valdesianos e Templários praticaram a doutrina satanista, e prestaram culto a Satanás , assim como veneram a demónios, e adoraram ás antigas Deusas da antiguidade, considerando que o Deus que a Igreja anunciava era um Deus cruel, vingativo e sanguinário. Por isso, veneraram a Satanás, assim como adoptaram o ancestral culto das Deusas, entidades vistas como demónios pela cristandade, e que concediam favorecimentos, prosperidade, fertilidade, prazeres e deleites, ao invés dos massacres, castigos, vinganças e punições do Deus da Igreja de Roma. O conceito de Lúcifer enquanto um «portador de luz», era o oposto de um Deus que negava o acesso á sabedoria e ao conhecimento, conforme sucedeu com Eva e Adão, por esse motivo castigados, amaldiçoados e expulsos do Paraíso. Acreditava-se que o conhecimento, a auto-estima, o prazer, a abundância da riqueza, a paixão, o bem-estar, o saciar dos apetites, a sabedoria, são encaradas com virtudes, e não pecados. A auto-castração, viver em pobreza, viver em sofrimento, viver em auto-culpabilidade permanente, e viver constantemente em temor como um animal prostrado com receio do severo castigo vindo do chicote do seu dono celestial… não eram já coisas encaradas com virtudes, como o são pelo Deus da Igreja. Dai o afastamento da Igreja, e a incursão pelos caminhos do seu oposto, o satanismo.

Os Satanistas desde a Idade Média apontam uma frase bíblica, na qual Jesus nomeia o Diabo ao invés de Deus, enquanto Pai, (João 8:44). Outra passagem é mencionada, onde é confirmado que o Diabo é o príncipe e senhor deste mundo (João 12:31), e outra onde se atesta que o Diabo é o Deus deste mundo ( 2 Coríntios 4:4) : Essas teses, também apontam que Jesus esteve diante de um Pacto demoníaco ,( Lucas 4:5-8 , Mateus 4:8-9), e que observou os poderes que o Diabo concede a quem com ele faz Pacto, conforme o Diabo lhos descreveu a Jesus, nas suas tentações do deserto. Curiosamente, estas mesmas passagens são usadas por vários demonologistas da Idade Media para confirmar Biblicamente a existência de Pactos com o Diabo, e dos poderes que daí advém para as bruxas e bruxos. Foi com fundamento nestas passagens que muitas praticas ritualísticas satânicas foram adoptadas em ritos de bruxas e bruxos, assim como por padres satânicos e freiras satânicas. Na Idade Média, um dos mais célebres casos de culto satânico foi o da ordem religiosa dos Templários (1118 – 1312) onde se venerou a demonios, se praticou magia negra, e onde existiram sacerdotes satanicos no seio da própria Igreja. Sobre os Templários e a sua crença satanista, fez menção ao célebre ocultista Francês Eliphas Levi ( 1810-75), na sua gravura de um bode sabático, ou o bode de Mendes, ou Baphomet. O demonio com cabeça de bode, era o demonio das bruxas que presidia á celebração dos seus Sabbat, e era o Deus venerado pelos templários. Na visão de Eliphas Levi, o bode representava o poder supremo do Universo, visão que os Templários também partilharam.

O historiador Parisiense Jules Michelet ( 1798 – 1874) debruçou-se sobre o satanismo e a bruxaria na sua notória obra Satanism and Witchcraft, publicado em Londres no ano de 1863,  assim como Joris-Karl Huysmans ( 1848 – 1907), no seu livro Lá-Bas , onde o autor acaba por concluir que o Satanismo, longe de ser algo do passado, está vivo e bem vivo, no virar do século XIX para o século XX.  O próprio celebre poeta Francês Charles Boudelaire (1821 – 1867), abordou o Satanismo no seu notório poema Les Litanies de Satan, ou As Litanias de Satan.

Há perspectivas históricas que defendem que o satanismo, com os seus ritos de magia negra, com as suas invocações aos mortos, com as suas conjurações a demonios, e com as perversões litúrgicas dos ritos oficiais da Igreja, tem raízes milenares no culto maniqueísta da antiga Pérsia. Acredita-se que os célebres Templários foram beber aos conhecimentos desta ancestral religião maniqueísta, e foi a partir daí – tal como sucedeu com os monges Cátaros e padres Valdesianos – , que nasceu o Satanismo. Com os templários e o renascimento do interesse por um Arqui-Demonio todo-poderoso que se opõem em pé de igualdade com Deus, deu-se inicio a uma violenta perseguição e condenação de bruxas e bruxos ao longo de toda a Idade Media, a até depois dela.  O termo «satanismo» ficaria soterrado nas areias do tempo, para apenas ressurgir em 1896, aquando da celebração de Missas Negras.

o Diabo: a doutrina do Satanismo conforme um caso verídico

Houve um caso sucedido em França por volta do ano de 1330/35, que foi historicamente documentado, e que retrata a própria teologia satânica, ou teologia das bruxas. Isso foi observado no célebre caso da bruxa Catherine Derlot. A bruxa Catherine Derlot participou em memoráveis Sabbats Satanicos, onde os mais fortes de trabalhos d magia negra eram celebrados. Catherine Derlot tornou-se bruxa quando estando nos seus afazeres domésticos numa localidade de nome Pech-David em Toulouse, ela foi abordada por um homem de elevada estatura. O homem encantou-a com o seu olhar, e seduzindo-a, convidou-a a participar num Sabbat Satanico. Na próximo noite de sábado, Catherine Derlot compareceu á reunião de bruxas, onde viu o Diabo incorporar num enorme bode negro. Depois de o saudar, Catherine Derlot submeteu-se-lhe, dando-lhe os prazeres que o Diabo queria. Em troca, o Diabo ensinava-lhe todo o tipo de bruxedos para todo o tipo de assuntos, cada um deles sempre eficaz e de efeitos visíveis. O Diabo pedia-lhe também que frequentasse missas negras onde se profanavam as missas da Igreja, e se honrava a Satanás. Na sua iniciação, a bruxa Catherine Derlot recebeu um caldeirão como presente do Diabo, assim como ensinamentos sobre a forma como acender um fogo amaldiçoado que fosse chamamento ao próprio fogo dos infernos, assim realizando as mais fortes magias negras nesse caldeirão. Aprendeu também os ingredientes para os mais poderoso bruxedos feitos no caldeirão oferecido pelo Diabo, tais como ervas venenosas, órgãos de animais, e certas partes de defuntos que não houvessem sido baptizados, ou até obtidos por meio de sacrilégio ao solo consagrado dos cemitérios. Desses defuntos, usavam-se pedaços de unhas, pedaços de cabelo, pedaços de roupa, dedos, orelhas, línguas, cada coisa apropriada ao tido de bruxaria que ia celebrar. A bruxa Catherine Derlot muitas vezes afirmava para grande escândalo dos padres, que:

«Deus e o Diabo eram deuses iguais, um reinando sobre o reino do Céu, e outro reinando sobre o reino da Terra. Todas as almas que o Diabo conseguia seduzir, eram almas perdidas para o Altíssimo Deus do céu, e viveriam  perpétuamente na terra e no ar deste mundo, indo todas as noites visitar as casas onde habitaram em vida, e inspirar os vivos a servir ao Diabo ao invés de servir a Deus. Essas almas de antigas bruxas vagueando a terra, seriam por isso angariadoras de novas bruxas, num círculo que se perpetuava sem cessar. Afirmava a bruxa que recebeu estes ensinamentos do próprio Diabo, e que a luta entre Deus e o Diabo tem existido desde o início da eternidade, continuará a existir até ao fim da eternidade, e nunca deixou nem deixará de existir, porque é eterna, sem início, nem fim. Umas vezes um sai vitorioso, outras vezes o outro sai vitorioso, num ciclo sem fim, que sempre existiu, e sempre existirá. E é deste ciclo eterno e desta disputa sem fim que nasceu a própria Criação, e é esta contenda entre opostos que alimenta e sustenta a existência da própria criação. Sem esta luta entre um e outro, nada existiria.»

Era esta a doutrina que o próprio Diabo ensinara á bruxa Catherine Derlot, que é a doutrina do Satanismo que perdura viva até aos nossos dias.

Para saber mais, leia também:

Magia negra e Satanás

Magia negra e Satanismo

Demonios e demonologia

Magia negra e Demonologia

 

Principais obras sobre demónios e demonologia

 

Algumas das mais importantes obras sobre demónios, as suas hierarquias, etiologia e ontologia, (a  denominada «demonologia»), são:

I

Malleus Maleficarum

II

Demonolatria

III

Compendium Maleficarum

IV

Ars Goetia

V

o Pseudomonarchia Daemonum

Os Grimórios que se debruçam sobre a esfera demoníaca, são instrumentos preciosos na realização de Magia Negra.

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