Magia negra e as garrafas das bruxas
Lewis Spence (1874 – 1955), notório ocultista escocês e autor da «Enciclopaedia of Occultism» ( 1920), faz nota nos seus escritos sobre a existência de um demónio chamado Agathion, que é na verdade um espírito demoníaco familiar que certas bruxas podem invocar e fazer-se manifestar ao meio-dia, e que se deixa enclausurar numa garrafa. È usando deste tipo de espíritos de trevas e outros segredos ocultos, que as bruxas conjuravam demónios para garrafas mágicas, e depois usavam delas para as mais variadas finalidades que desejassem.
As garrafas mágicas acabaram por ajudar a espalhar a noção popularmente conhecida sobre as famosas lâmpadas magicas onde se encontra um Génio aprisionado. Na verdade, certos tipos de demónios podem ser invocados a um recipiente magico através de formulas de magia negra, seja ele um frasco ou uma garrafa. E alguns dos demónios de respondem a esse tipo de chamamento, são os Jiin, ou os Génios. Os Génios são espíritos que já eram venerados pelos povos persas da Antiguidade. Nas línguas Árabes, consta que os Génios são conhecidos por Jinn, que parece derivar de uma palavra cuja a raiz significa «oculto», ou «ocultar», traduzindo-se em algo como «aquilo que não é velado, e não pode ser visto ou vislumbrado». São por isso seres espirituais escondidos dos nossos sentidos, são seres espirituais ocultos e escondidos em todos os sentidos, isto é, são o oposto de um ser material, logo são seres imateriais. Lewis Spence (1874 – 1955), notório ocultista escocês e autor da «Enciclopaedia of Occultism» ( 1920), faz notar que as crenças populares normalmente são unânimes em afirmar que os Génios foram criados a partir do fogo, ao passo que o ser humano foi criado a partir da terra, e que os génios habitaram a terra por milhares de anos antes do aparecimento do homem. Dizem essas tradições que os génios eram seres perversos, e que por isso acabaram por ser expulsos para recônditas ilhas no mar. Afirmam outras tradições que um desses Génios tinha o nome de Azazeel, e foi levado para o Céu pelo anjos, feito prisioneiro; Azazeel cresceu entre os anjos, tornando-se como um deles, passando-se a chamar Azazel, e chegando mesmo a ser um dos seus líderes. Porem, tal como Lúcifer, também Azazel recusou-se a ajoelhar diante do homem, por o considerar um ser inferior. A sua desobediência foi paga com a expulsão do céu, e Azazel tornou-se assim num demónio. Na demonologia Persa, os Génios foram altamente valorizados.
O famoso Nuctemeron , é a obra esotérica de Apolónio de Tiana, ( século I a.C), um homem a quem se atribuem vários milagres, inclusive a ressurreição de mortos, e a transfiguração. Nuctemeron significa «o dia e a noite», simbolizando o dia que nasce da noite. A obra de Apolónio esta dividida em doze horas como num relógio, e cada hora corresponde a um ensinamento espiritual. Alguns dos demónios revelados no Nuctemeron, eram frequentemente invocados pelas bruxas nos seus trabalhos de magia negra. Nesse mesmo Nuctemeron, é mencionado o génio Tacritan, que é o maior Génio em assuntos de Magia Negra, enquanto que Zarené é o Génio vingador. Mizkun é o Génio dos amuletos protectores. Azazel, é também um dos demónios muitas vezes invocados por bruxas, e eu se diz ter na verdade nascido um Génio. Na obra do célebre autor John Milton ( 1608 – 1674), o demonio Azazel é referido como o portador do estandarte dos anjos rebeldes, embora os demonolgistas Àrabes o considerem um Jinn, aquele que juntamente com Lúcifer se recusou a curvar a Adão por o considerarem um filho do pó, ( terra), ao passo que eles eram filhos do glorioso fogo.
Nalguns antigos grimórios, Azazel é considerado como guardião da cabra, assumindo assim uma distinta ligação ao demonio Baphomet, e toda a sua marcada influência na bruxaria e nas bruxas. Quando conviveu com directa e visivelmente com humanos, logo após a sua expulsão do Céu, o demónio Azazel tomou para sí mulheres humanas que muito lhe agradaram, e em troca ensinou aos homens as artes de fabricar espadas e escudos. Mas para alem disso, ele ensinou ás bruxas e bruxos os segredos do uso de espelhos mágicos. E é com esses espelhos mágicos que as mais fortes e misteriosas amarrações tem sido feitas desde há milénios. Os escritos de são Cipriano, o bruxo, contem ensinamentos deixados por Azazel para produzir os ditos espelhos mágicos. Joahannes Trithemius (1462 – 1516), foi autor de mais de oitenta títulos versando sobre preciosos saberes ocultos, e leu todos os grandes grimórios. Entre esses famosos grimórios, estava o «The Book of the Four Kings», ao qual Trithemius chamou de uma obra «pestilenta», e que atribui a origem destes «trabalhos amaldiçoados» a são Cipriano. Um desses trabalhos era a fabricação deste tipo de espelhos mágicos, que invocavam com grande eficácia fosse a almas de defuntos, fosse a demónios, e usava desses atributos para gerar fortes trabalhos de amarração.
São este tipo de poderosos demónios que podem ser chamados á presença da bruxa, através das garrafas magicas.
O notório autor Francês Alain-René Lesage ( 1668-1747), na sua obra Le Diable Boiteux de 1707, menciona uma garrafa mágica, ou uma garrafa das bruxas, para onde o demónio Asmodeus tinha sido invocado, e uma vez libertado ajudou Don Cleofas a ganhar o amor da sua amada Serafina. Já nestes textos clássicos dos inícios do século XVIII sobressai o uso místico que era dado ás garrafas das bruxas em assuntos amorosos, e como os seus efeitos eram poderosos.
Uma garrafa das bruxas, tradicionalmente é uma garrafa contendo urina de bruxa e pregos de ferradura de cavalo aquecidos no fogo até incandescerem, a que se acrescentavam ingredientes conforme a finalidade da garrafa, que podia ser usada tanto para lançar maldiçoes que causavam graves enfermidades, ou lançar bruxedos como amarrações. O segredo destas garrafas é mencionado nalguns rolos manuscritos avulsos de s. Cipriano, o bruxo. Estas garrafas de bruxas foram muito famosas entre as bruxas holandesas, que as faziam com grande mestria, e acabaram mais tarde por transmitir-se a certas tradições esotéricas do Vodu.
Quando a garrafa está a ser feita, as bruxas recitavam a Oração do Senhor de trás para a frente, enquanto aqueciam a garrafa até o seu conteúdo borbulhar em fervura. Apenas urina de bruxa poderia ser usada, pois caso contrário o bruxedo era estéril de efeitos. No caso das amarrações, deveria lançar-se para a garrafa pedaços de unhas ou cabelos da criatura que se desejava amarrar, ou na sua ausência, uma imagem da pessoa. A garrafa era fervida á meia-noite, e no caso das amarrações, era nessa hora que após a Oração do Senhor ser lida ao contrário, se devia entoar um encantamento em Latim que unia a pessoa embruxada a quem a tinha mandado embruxar. Desse modo, a pessoa amarrada vinha sempre entregar-se arrebatadamente apaixonada e irresistivelmente enamorada por quem tinha encomendado a amarração.
Por volta dos anos de 1870, o uso destes frascos de bruxas foi bastante famoso nas áreas de Norfolk, Suffolk e Cambridgeshire no Leste da Inglaterra.
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