Amarração da manta
Na caverna dos Três Irmãos, Ariége, França, há retratado na parede superior da concavidade subterrânea, uma imagem desenhada por artista de há dez mil anos. Trata-se de uma figura de um vestido com a pele de um veado, com uma cauda, e usando chifres de veado na cabeça. Chamam á imagem «O bruxo», e a pintura rupestre domina o tecto daquela cenário de pedra. Ali está o exemplo de há quanto tempo os bruxos e a própria figura chifruda do Diabo já existem na história da humanidade. Na verdade, a magia negra é tão antiga quanto a própria humanidade. E tal como desde o início dos tempos os bruxos se vestiam com os chifres e pele animalesca como forma de mostrar reverencia para com as forças das trevas, pois essa tradição milenar perdurou viva na bruxaria, onde nas missas negras e Sabbats há sempre um bruxo que se veste precisamente dessa forma, a fim de invocar ao demónio. A igreja reconhece o poder do ritual, e proíbe-o. São Cèsar de Arles ( 470 – 542), fala proibitivamente sobre aqueles que se vestem com peles de animais e usam chifres na cabeça como indumentária em actos de magia negra, advertindo: «se abominais os pecados da bruxaria, então não deixarias tais pessoas assim vestidas de veados, bezerros ou outros monstros, se aproximem de vós, nem se cheguem perto das vossas habitações». A advertência era feita, pois que tal como nas festas da Antiguidade em honra do Deus Pan, ou ao Deus Baco, nos Sabbat das bruxas perdurou a tradição de bruxos se vestirem nesses trajos, e desse modo celebrarem ritos em honra a demónios e Deuses Pagãos, depois realizando as mais temíveis bruxarias. A magia negra já ecoa por isso na humanidade, deste o início dos tempos.
Na Inglaterra do século XVIII, existiu a notória bruxa Peggy de Marske, ou a bruxa de Marske. Peggy tinha chegado á vila de Marske ainda jovem, envolveu-se eroticamente com vários homens, e teve três filhos. Acabou depois por casar com um homem de nome Henry Flounders. Passados tempos, Henry faleceu, e Peggy enviuvou, conforme sucede com frequência a grande parte das bruxas. Diz a Bíblia que Deus é um Deus ciumento, que exige apenas para sí toda a devoção, louvor e amor. Contudo, aquilo que a Bíblia falha em dizer, é que o Diabo é igual. O Diabo também exige ser o único esposo das bruxas, e solicita-lhes toda a atenção, amor de devoção. Por ser ciumento, se uma bruxa se dedica demasiadamente a um homem, é quase certo que esse homem acabará por ver os seus dias de vida encurtados. Assim sucedeu a Henry.
Peggy já era bruxa quando casou com Henry, pois que um dos cavalheiros com que na juventude se entregou á luxuria, era um demónio incorporado no corpo de um homem, que a seduziu, depois pedindo-lhe que renunciasse á fé da Igreja, e por fim encantou-a com os fascinantes poderes dos saberes ocultos, levando-a desse modo a celebrar pacto com o Diabo. Desde então que a bruxa era servidora de Satanás, e realizava as mais fortes bruxarias. Foi depois de 1736, que naquela localidade aconteceu uma jovem mulher tornar-se amante de um fazendeiro de nome Oughtred. O fazendeiro sendo casado, chegou a um momento em que decidiu que a relação estava terminada, e encerrou o assunto sem mais debates, pelo que a jovem amante procurou aos préstimos ocultos da bruxa Peggy. A bruxa lançou-se á feitura de uma amarração de magia negra, desdobrando uma manta no chão, lançando sobre a manta pós mágicos de magia negra, dirigindo-lhe a sua vara de bruxa, e entoando um encantamento. Depois, a bruxa deu um forte nó á manta, e foi esconde-la num local onde nunca apanhava a luz do dia, como um velho farrapo jogado fora, que foi a forma como o Sr. Oughtred tinha tratado a jovem amante.
A verdade é que a casa do fazendeiro começou a sofrer sinistras assombrações. Durante a noite, a melhor porcelana da Sra. Oughtred foi atirada para o chão por mãos invisíveis, quebrando-se em pedacinhos por toda a sala. A criada da casa viu uma aparição de um demónio que descreveu como se fosse um porco gigantesco, mas em chamas, e que a perseguiu. À noite, a casa ficava assombrada por ruídos, sons e batidas inexplicáveis. Os cavalos da fazenda ficaram coxos, as vacas adoeceram e não davam leite. Quanto mais o Sr. Oughtred teimava em resistir á amante rejeitada, mais os padecimentos lhe aumentavam. Quando o homem quebrado e vergado, finalmente cedeu aos tormentos e foi visitar a jovem amante, a bruxa Peggy trouxe a manta do seu bruxedo para a luz do dia, desatou o nó que lhe dera, sacudiu o pó de magia negra, colocou a manta no chão, e pisou sobre ela, assim desfazendo o bruxedo. A relação adultera foi retomada, e o fazendeiro não voltou a sofrer mais quaisquer tormentos. Porem: caso houvesse teimado ainda mais em resistir á bruxaria, o desfecho teria sido bem diferente, e a sua desgraça seria inevitável. Assim se vê como operam as amarrações: se a vítima cede ao bruxedo, tudo acaba bem. E porem, teimando em resistir, então os tormentos persistem em acossar e insistir nela, até ao ponto da sua desgraça. Seja como for, a criatura embruxada numa mais se livra do bruxedo, nem de quem a mandou embruxar. Nunca mais. Não há escapatória. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.
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