Amarrações da vara do Diabo
No capitulo IV do Livro II do célebre grimório Demonology (1597) do Rei James I de Inglaterra ( 1566 –1625), afirma-se que «o Diabo está sempre pronto a imitar a Deus». E por isso, o demónio tende a replicar os métodos de Deus. Assim o fazem os espíritos de trevas invocados numa amarração, uma vez que eles imitam aos poderes de Deus quando castigaram o faraó do Egipto até que ele cedesse a Moisés, e libertasse o povo hebraico. A pedido de Moisés, ( que também era conhecedor dos segredos dos bruxos do Egipto), eis que o Deus dos Céus fustigou o Faraó do Egipto até ele ceder; Da mesma forma, através da bruxa o Demónio fustiga a criatura que se amarrou através de uma amarração, até ela ceder a quem a mandou amarrar, conforme o Faraó de Egipto cedeu a Moisés que o amarrou com poder do seu bastão, e das maldiçoes de Deus. E conforme Deus deu um bastão a Moisés para que empunhando-o, ele dirigisse os poderes das maldiçoes divinas, pois também o Diabo dá uma vara a cada bruxa para que também elas dirijam os poderes das maldiçoes da magia negra. E conforme ao bastão que Moisés empunhava chamavam-lhe o «Bastão do Poder» ou o «Bastão de Deus», já á vara mágica das bruxas chamavam a Vara do Diabo.
Pode-se observar no influente grimório Demonology do Rei James I de Inglaterra , como no século XVI existiu um certo bruxo de nome Richard Graham. O bruxo Richard Graham era já um reputado bruxo por volta dos anos de 1590, e era conhecido pelas suas bruxarias relacionadas com necromancia, ou seja, a invocação de mortos, ou almas do mundo dos mortos. Sabia-se que o bruxo era possuidor de uma vara na qual estavam selados os cabelos de uma bruxa já morta, e que era uma autentica relíquia de magia negra. Os encantamentos proferidos no decorrer de um bruxedo, e dirigidos por aquela vara, causavam sempre os mais espantosos efeitos.
Algumas amarrações realizadas com recurso a uma vara de bruxa, tornaram-se famosas pela forma inesperada como expressaram o imparável poder da magia negra. Foi o caso das amarrações da bruxa Katherine, de West Ringind, Inglaterra. Por volta de 1654, Katherine estava numa cervejaria em Rothewll, quando se agradou com um jovem que ali entrou. Meteu conversa com o jovem em tom alegre, talvez um pouco inebriada pela cerveja, perguntando-lhe se ele não queria dar-lhe um beijinho. Aparentemente o jovem desprezou Katherine de um jeito indelicado. Katherine afastou-se respeitosamente, sentou-se no seu canto, e retirou uma pequena vara de madeira da sua sacola, apontando-a ao jovem. Apontou-a como quem aponta o dedo a alguém, murmurou uma palavras ininteligíveis, e logo depois arrumou a vara, e esqueceu o assunto. Poucos dias depois o jovem chegou a comentar na cervejaria que sentia vontade de ir falar á bruxa. Talvez fosse para pedir-lhe desculpas pela sua rudeza, ou até para cortejar Katherine, uma vez que era uma bela mulher. Porem, o homem resistiu ao impulso, e manteve-se calado e duro como uma pedra. E a verdade é que depois do episódio, o jovem começou a padecer de uma fraqueza inexplicável, e ficou gravemente doente. Porem, tendo ido ao encontro da bruxa, e tendo-lhe dado o tal beijo que ela lhe pediu, imediatamente todos os seus padecimentos desapareceram e esfumaram-se tão misteriosamente quanto tinham aparecido. Talvez não fosse intenção da bruxa Katherine lançar um bruxedo tão forte, mas a verdade é que é assim agem os bruxedos das amarrações: levam a pessoa embruxada a querer ir entregar-se a quem a mandou embruxar. Indo entregar-se, tudo acaba bem. E porem: teimando em resistir ao bruxedo, então a pessoa amarrada sofrerá sem parar até se entregar, ou até ao ponto da desgraça. Seja como for, uma coisa é certa: a pessoa amarrada nunca mais se livra do bruxedo, nem de quem a mandou embruxar. Nunca mais. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.
No caso das bruxas de North Berwick, ocorreu um episódio no qual uma certa vara magica ficou célebre. Por volta de 1590, o caso das bruxas de North Berwick foi de tal forma notório, que chegou á atenção do rei James I, que observou e testemunhou pessoalmente os acontecimentos deste caso. O caso tornou-se conhecido quando o vice-oficial de justiça de nome David Seaton, começou a estranhar as frequentes andanças nocturnas de uma das suas jovens empregadas, de nome Gilly Ducan. Foi então que Seaton ficou a saber que Gilly Ducan era uma bruxa, que tinha pacto estabelecido com Satanás. Mais soube Seaton, que a jovem bruxa pertencia a uma colmeia de bruxas estabelecida nos arredores de Edimburgo. Sabia-se que a bruxa Agnes Sampson tinha a marca da bruxa na sua área genital, e que se tinha entregue á luxuria com o demónio, com ele celebrando Pacto. A bruxa tinha também recebido um espírito demoníaco familiar de nome Elva, e que incorporava num cão. A bruxa tinha participado em vários Sabbat satânicos, sendo que num deles que foi realizado num certo Halloween, o Diabo fez manifestar pessoalmente, incorporando num homem. Essa célebre Sabbat foi realizado numa Igreja de North Berwick, e iluminado apenas por velas negras. O diabo fez manifestar por possessão demoníaca num homem vestido com uma toga negra, e as bruxas presentes juraram-lhe fidelidade, e prestaram-lhe devoção de formas impuras e ímpias.
Quando o Diabo se materializou diante da bruxa, ele trazia uma vara branca na sua mão. No final do Sabbat, quando o Diabo quebrou a vara, desapareceu e esfumou-se diante dos olhos de todos os presentes. Essa vara ficou célebre, e assim se ficou a ver como a vara de uma bruxa é importante para invocar aos demónios, e é por isso um instrumento mágico precioso.
No grimório «Errores Gazariorum», ( 1430 -1440), é dito que uma vara magica nas mãos de uma bruxa ou bruxo, assume certas propriedades magnéticas, pelo que servirá para descobrir água debaixo do solo – magnetismo mineral – , assim como tesouros escondidos – magnetismo de origem metálica –, ou até mesmo para influenciar o comportamento de animais – magnetismo animal – , e ate mesmo para ajudar em certas doenças – magnetismo biológico – . A verdade é que até ao século XVII, os médicos levavam sempre consigo uma vara, que era o próprio símbolo da profissão médica. Alguns bruxos preferem varas de metal ou ferro, enquanto que os mais tradicionais optam pelas de madeira. As varas feitas de madeira de cipreste são as adequadas para invocar espíritos de mortos, e o próprio Satanás. Já a madeira de avelã é ideal para desenhar círculos de protecção. O uso do própria sangue de bruxa derramado na sua vara, é um aspecto muitas vezes mencionado, mas sempre conservado em segredo pelos velhos saberes ocultos.
A bruxa Agnes Sampson era uma das bruxas de Noth Berwick, e foi famosa no século XVI pelos seus trabalhos de magia negra, especialmente aqueles celebrados através de bonecos e imagens das vítimas da bruxaria, ás quais a bruxa dirigia a sua vara magica. A bruxa conseguia assim tanto lançar as mais fortes amarrações que traziam os maridos de volta ás esposas desprezadas, (quer eles quisesse, ou não), assim como também separavam casais sem apelo nem agravo. O caso desta bruxa tornou-se tão famoso, que a reputação da bruxa chegou aos quatro cantos do reino. A bruxaria e os trabalhos de magia negra são por isso – e desde há séculos que se o sabe – , fenómenos muito verídicos e reais, como efeitos muito verídicos e reais. Foi inspirado nos temíveis e poderosos resultados destes trabalhos de magia negra, que James I escreveu e em 1597 publicou o notório compêndio de bruxaria e demonologia chamado «Demonology».
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