Amarrações das missas das bruxas

Amarrações das missas das bruxas

Durante o reinado de Luís XIV( 1638 – 1715), existiu em França um célebre abade, o abade Cotton. O Abade Cotton era na verdade um padre satânico que havia profanado os santos votos do seu sacramento sacerdotal, e feito Pacto com o Diabo, tornando-se assim um bruxo e um adorador de Satanás.  Nas missas negras que celebrava, o padre satânico oferecia o sacrifício de crias de tenra idade a Satanás, que antes eram baptizadas com óleos de extrema unção, numa herética abominação pecaminosa. A especialidade do Abade Cotton era a celebração de «missas de bruxas», que eram missas oradas sobre um pedaço de pele de cabra polvinhada com água amaldiçoada, que é o oposto da água benta e santa. Esse rito de magia negra destinava-se a gerar amor ou ódio entre as vítimas do bruxedo, e produzia efeitos soberbos. Estes eventos eram verídicos, e foram testemunhados e mencionados na obra do teólogo Jean-Baptiste Thiers ( 1636 – 1703), onde dá nota sobre a profana celebração dessas chamadas «missas de bruxa».

Montagne Summers (1880- 1948),  ao debruçar-se sobre o assunto dos padres satânicos e das «missas de bruxa»,  faz nota da existência do reconhecido abade Davot, padre assistente da Notre Dame Bonne-Nouvelle. O abade Davot celebrava essas mesmas «missas de bruxa», e era seu costume colocar sobre o altar um pergaminho no qual escrevia a sangue o nome da pessoa que se desejava embruxar, fosse com uma amarração, fosse para um afastamento ou separação, ou fosse até para lhe extinguir a vida. Já o abade Rebours havia sido desviado do seu sacerdócio ao ser seduzido por uma bruxa. Enamorando-se da bruxa, o abade acabou por ceder á tentação, e caiu pelos caminhos da magia negra. O padre Rebours celebrou Pacto com o Diabo num Sabbat satânico no qual também casou com a sua bela bruxa, e onde a sua recém esposa foi após a cerimónia possuída lascivamente pelo Diabo num altar de uma Igreja e diante dos seus olhos, como prova da sua submissão a Satanás. Concordando com aquela abominável subversão dos votos matrimoniais, e sendo testemunha daquele sacrilégio perpetrado numa igreja dos santos e de Deus, o Abade confirmou assim a sua conversão em sacerdote-satânico e bruxo. A dai em diante, o padre satânico celebrava as suas «missas de bruxa» sob o corpo desnudado da sua esposa bruxa deitada sobre um altar, onde no seu ventre escrevia a sangue os nomes das criaturas a quem se desejava lançar um bruxedo de amarração, ou até uma maldição de morte.

Houve também o celebre padre satânico Jean-Baptiste Sébault da diocese de Bourges, que enquanto morava em Paris na casa de um medico de nome Charmillon, seduziu a sua jovem filha, convertendo-a em bruxa, desfrutando dela nos seus ritos satânicos, e havendo com ela oficiado várias «missas da bruxa» numa adega subterrânea de um castelo. A jovem era apresentada aos fiéis satânicos em estado desnudado, e em celebrações onde invocando-se a demónios, seguia-se um festim de profana luxuria no qual a bruxa se contaminava com todo o tipo de sacrilégios, enquanto proferia encantamentos de magia negra dirigidos á criatura que se desejava embruxar com amarrações de luxuria. Os demónios ali invocados eram chamados a ir contagiar as vítimas dos bruxedos, e assim acontecia para grande desespero dessas vitimas, que não se conseguiam livrar da infecção de forças demoníacas senão entregando-se a quem a bruxaria mandava que se entregassem. E por isso, a pessoa não tinha alternativa senão ceder.

O duque de Richelieu ( 1696 – 1788), foi um grande estudioso das artes da magia negra. O duque recebeu a sua formação nos segredos da magia negra através de um nobre austríaco de grandes posses, que se dizia ter feito fortuna por meios demoníacos. O bruxo Richelieu celebrou diversas «missas de bruxa» na antiga capela deserta de uma casa de campo senhorial facultada pelo nobre austríaco. A celebração de tais ritos num local santo, era um acto de tamanha heresia e conspurcação daquele solo sagrado, que atraia o deleite dos demónios, que lhe correspondiam com grandes feitos nas suas bruxarias. Por isso mesmo, o bruxo era procurado por inúmeras personalidades da alta sociedade e nobreza francesa, em busca dos seus prodígios em amarrações amorosas.

Sabe-se também que Filipe I, Duque de Orleães ( 1640 – 1701), que era conhecido na corte do rei pelo «Monsieur», era um notório adepto da magia negra e da bruxaria, da qual desfrutava grandes resultados. O Duque participou em diversas Eucaristias satânicas, e testemunhou pessoalmente o seu poder, pois os seus pedidos amorosos acabavam sempre atendidos, ou caso a vítima se recusasse a ceder aos seus desejos, acabaria sob um suplicio de tormentos até que cedesse. Cedendo, paravam os tormentos. E porem teimando em resistir, então o bruxedo persista a castigar a fustigar a vítima até ao ponto da sua desgraça. E por isso, a pessoa não tinha alternativa senão ceder. E cedia sempre. Nunca uma vítima escapava ao bruxedo, nem á sombra do Duque que as mandava embruxar.

Por volta dos anos de 1792, a Madame Belloc ofereceu emprego a uma jovem de nome Virginie. A Madame Belloc uma dama da alta sociedade, e acima de tudo uma fervorosa crente cristã. Grande foi o seu espanto quando passados tempos descobriu que a jovem Virginie era uma bruxa e fiel satanista, membro de uma seita satânica que tinha a sua sede sobre a sombra de santo Caprásio de Agen ( 303 dC), um santo do quarto século muito venerado em França na época. Assim se testemunhava com os santos são frequentemente usados pelas bruxas para encobrir e dissimular as suas artes de magia negra, o seu culto ao Diabo, e os seus trabalhos de magia negra, pois que na mesma capela onde se prestava culto ao santo durante o dia, era o mesmo local que durante noite era contaminado com as maiores heresias satânicas, ao ali celebrarem-se as «missas da bruxa», nas quais a jovem Virginie entregava-se lasciva e profanamente na qualidade de representante da rainha do Sabbat, e amante do Diabo. Quando tinha doze anos, a jovem Virginie foi levada a casa de um padre idoso, que celebrava uma missa de blasfémias. Foi nessa missa que o velho padre corrompeu Virginie, levando-a a aceitar o Diabo com o qual ela celebrou Pacto, e contaminando-a com um demónio familiar que a acompanhou desde então, ajudando-a em todas as suas artes de magia negra.

A bruxa Virginie celebrou diversas «missas da bruxa» numa capela particular em Tillu-sur-Seulles, onde praticava as mais hereges obscenidades diante dos santos e do altar da Igreja no decorrer das profanas Eucaristias. Anos depois, a seita satânica da bruxa haveria de chegar a Inglaterra, onde se espalhou com grande sucesso, sendo os seus trabalhos de magia negra e amarrações tão procurados e requisitados com em França.  Nos anos de 1830 a 1850, os trabalhos de magia negra celebrados pela bruxa Virginie através de «missas das bruxas» chegaram a ser celebradas em Igrejas oficiais como Saint-André e Saint-Eulalie, e geraram amarrações que se tornaram lendárias. A Madamme Belloc rapidamente descobriu o poder das bruxarias ali celebradas naquelas «missas de bruxa», pois o seu marido foi de tal forma amarrado pela bruxa Virginie, que parecia ter perdido o juízo. Andava manso e ás ordens da jovem bruxa, como se de um cachorrinho se tratasse.

Estas práticas de magia negra tornaram-se extremamente procuradas pelos quatro cantos do reino de França no século XVII, pois gerava resultados espantosos, e alguns destes eventos estão historicamente comprovados com preciosos documentos extraídos do arquivo da Bastilha, obtidos após a queda da monarquia em França.

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