Amarrações dos pós de bruxa

Amarrações dos pós de bruxa

Nicolas Remy( 1530 – 1612), foi um demonologista Francês que presenciou pessoalmente vários casos verídicos de bruxas, bruxaria e trabalhos de magia negra.  Com as conclusões que retirou das suas experiências e observações, Nicolas Remy escreveu a obra «Demonolatreiae», publicado em 1595. Na sua obra Demonolatreiae, Remy faz nota de duas famosas bruxas que operaram as suas artes de magia negra em França, no século XVI. Tratavam-se das bruxas Dominique Zabella de Rogeville, e Salomé de Vergaville, duas célebres bruxas por volta dos anos de 1583-1586. A Dominique Zabella de Rogeville e a Salomé de Vergaville, reuniam-se junto de um rio, longe dos olhares do publico, levando consigo velas pretas que o Diabo lhes deu. Ali, acendiam as velas pretas, e com a vara mágica que o Diabo lhes tinha oferecido no momento do seu Pacto satânico, mexiam e remexiam a água do rio enquanto proferiam encantamentos de magia negra em latim. Depois seguravam as velas pretas ao contrário, ardendo-as até que gotas de cera negra caíssem na água. Seguidamente, lançavam á água um magico, e usavam novamente as varas mágicas que o Diabo lhes deu, batendo levemente na água com elas, entoando novamente o encantamento de magia negra. Este trabalho de magia negra é muito antigo, pois Pausanias ( f. 180 d.C), um geografo e viajante da Antiga Grécia,  escreveu que há eras atrás foi usado por ancestrais bruxas no Monte Licó, na Arcádia, onde se encontra o altar do Deus pagão Zeus,  e onde – diz o autor – se produziam fantásticos eventos através deste bruxedo. Os ensinamentos destes trabalhos de magia negra foram também usados para celebrar as mais fortes amarrações, e os seus efeitos eram imparáveis.

Na sua obra Demonolatreiae , o demonologista Remy faz nota do uso de pós mágicos pelas bruxas, sendo ali descrito que alguns destes pós são extremamente eficazes, bastando apenas um pequeno contacto na pele da vitima para a infectar de bruxaria. Porem, não havendo oportunidade de tocar a vítima directamente, o pó de bruxaria é igualmente eficaz sendo aplicado um boneco ou imagem representativa da vítima, e que antes haja sido baptizada com o nome da criatura que se deseja embruxar. Assim cria-se um elo espiritual entre a figura e a pessoa, e tudo aquilo que suceder num, sucederá no outro. Assim, a aplicação do pó na figura contagiará a pessoa, infectando-a de bruxedo como se ela tivesse sido tocada em carne-e-osso pelo pó de magia negra. Diz o grimório Demonolatreiae que o Diabo uma vez recrutando uma bruxa, «não demora tempo a fornecer-lhe instrumentos e instrução na pratica da magia negra». E para que o negócio das bruxas não se atrase com os seus clientes, o demónio fornece um pó fino, que infalivelmente atrai enfermidades e moléstias a todo aquele que for vitima de um bruxedo» Afirma o grimório Demonolatreiae que há três pós mágicos que o Diabo oferece á bruxa: o pó que causa a morte é preto, e o pó que causa doenças e enfermidades é cinzento. Porem, a bruxa também recebe um pó branco, que permite curar todos os males causados pela magia negra. Os vários pós mágicos tem diferentes propriedades e finalidades, que são distinguíveis pela sua cor. Explica o grimório duas noções importantes sobre o pó de magia negra: primeiro, que o efeitos causados pelo pó não se devem ás propriedades químicas nem físicas das substancias que compõem o pó, mas sim ao Diabo. A potencia do pó não deve os seus efeitos ás propriedades do pó, mas sim ao Diabo, ou seja, e citando o notório demonologista Remy «os pós devem a sua potencia ao demónio, e não a propriedades próprias», significando isto que, o segredo do pó não reside na formula do pó, mas sim em que o pó seja feito de forma a atrair o demonio para causar um certo efeito numa certa criatura. Dai, que o grimório explique depois o segundo aspecto dos pós de magia negra, ou seja, as suas diferentes cores. As cores dos pós de magia negra não estão relacionadas com as suas propriedades físicas, mas antes servem para sinalizar ao demonio a finalidade a que estes se destinam, para que o demonio inflija na vítima aquilo que a bruxa sinalizar. È no fundo um sinal visível do pacto entre a bruxa e o Diabo, e que os demónios saberão identificar para depois agirem conforme um bruxedo deseja. Mais que isso, é também um sinal de fé da bruxa, que sabendo que aquele pó é inócuo sem a acção do Diabo, porem entrega o assunto ao pó magico conforme o demónio lhe ensinou, plenamente crente que através dele o Diabo vá operar os seus desígnios. E com esta prova de fé, o demonio agrada-se, e age. O célebre demonologista Nicolas Remy tomou conhecimento de várias bruxas famosas pelo uso de pós poderosos de bruxaria: o bruxo Claude Fellet de Maziéres que trabalhou nas artes ocultas por volta dos anos de  1584, assim como  a bruxa Jeanne le Ban de Masmunster que exerceu o seu oficio por volta dos anos de 1585, foram alguns dos célebres bruxos que usaram de pós de magia negra com grande eficácia, motivo pelo qual os seus trabalhos de magia negra se tornaram lendários.

Em Seaulx, no ano de 1587, havia uma bruxa famosa por usar destes fortes pós mágicos em amarrações de magia negra. A bruxa chamava-se Jacobeta Weher, e um dos seus trabalhos de magia negra ficou particularmente famoso. Havia uma mulher que estava enamorada pelo amante da própria filha, e apesar do facto ser delicado, a dama não quis saber das consequências, e requisitou uma amarração de magia negra para ter o futuro genro. A bruxa Jacobeta usou de pó magico de amarração sobre uma efigie representando o homem, ao mesmo tempo que recitou um encantamento de magia negra m latim. Uma vez feito o trabalho de magia negra, o homem começou a ser invadido por impulsos de se ir entregar á luxuria com a sua futura sogra, e porem muito resistiu ás tentações, para não magoar os sentimentos da sua noiva. E tanto resistiu ao bruxedo, até ao ponto em que certa manhã, estando a sua noiva a orar na Igreja, foi subitamente atingida por uma má-disposição, adoeceu, e ficou acamada, definhando com uma inexplicável enfermidade. Dessa forma, se a mãe não podia ter o homem desejado, também a filha não o teria. Porem, quando o amante da filha se foi entregar á mãe, imediatamente todos os tormentos e sofrimentos desapareceram e esfumaram-se tão misteriosamente quanto tinham aparecido. A mãe satisfez o seu desejo, e a amarração venceu, como vence sempre. Pois assim operam as amarrações de magia negra: se a vítima ceder aos desejos do bruxedo, então não haverá mais tormentos a castiga-la, e a bruxaria cessa de perseguir a vitima. Porem: teimando em resistir ao bruxedo, então tormentos e castigos cercarão a vítima, sempre persistindo a castigar e fustigar a criatura. A pessoa não tem alternativa senão ceder. Seja como for, a vítima nunca mais se livra do bruxedo, nem da sombra de quem a mandou embruxar. Nunca mais. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

Em 1428, a Itália da Idade Media teve uma das suas mais famosas bruxas da época, a bruxa Matteuccia. A bruxa residia nos arredores de Perugia, perto de Umbria, no centro de Italia. A bruxa era conhecida por usar uma unção esfregada pelo seu corpo nu, que invocava irresistivelmente o Diabo. A fórmula da unção havia sido escrita há muito por uma velha bruxa, e foi-lhe dada pelo próprio Demonio. Usando-se da unção no corpo de uma bruxa, a sua fragância atraia o Demónio de forma quase imediata, vindo ele sempre com desejo ardente de possuir a bruxa, para depois lhe conceder todos os favores que lhe fossem pedidos. Os trabalhos de amarração da bruxa Matteuccia tornaram-se famosos, e havia pessoas dos quatro cantos do reino a requisitar os seus préstimos ocultos, pois se a bruxa era capaz de atrair até o desejo do Diabo, então muito mais ela fazia a quem embruxava com as suas amarrações. A formula do seu unguento mágico era feita a partir de alguns ingredientes conhecidos, e outros desconhecidos. Entre aqueles que se conheciam, estava a gordura de defuntos que não houvessem sido baptizados, cascos de mula-fêmea, penas de certas aves, ossos de defuntos pagãos da antiguidade, e outros mais ingredientes, tudo ardido e reduzido a um pó, que depois era usado para fabricar o unguento. A fórmula é secreta, e curiosamente composta de elementos perigosamente venenosos e tóxicos, como cicuta, acônito e belladona. A bruxa Matteuccia celebrava os seus sabbat satânicos junto da árvore de nogueira de Belavento, onde ali se reuniam bruxas e demónios para prestarem culto a Satanás. Nesses sabats, juravam fidelidade a Satanás, entregavam-se a obscenos festins de devassa luxuria com demónios, prometiam espalhar a obra da magia negra pelo mundo, e produziam unguentos mágicos para serem usados em trabalhos de magia negra, alguns feitos de ingredientes como gordura de abutres, pó de morcego, e sangue proveniente do sacrifício de crias de tenra idade. A bruxa Matteuccia visitava a árvore de nogueira ás segundas, sábados e domingos, que foi quando o Demonio lhe ordenou que ali fosse. Porem, noutros casos é sabido que o Diabo indicava que os Sabbat deviam ser celebrados ás quintas, sábados e domingos. Nicolas Remy, (1530-1616), na sua obra Demonolatreiae ( 1595), descreve que nos Sabbats, Satanás determinou que as bruxas deveriam «conspurcar-se aos santos domingos entregando-se a demónios Incubbus e Sucubbus, contaminar-se com o pecado da sodomia ás quintas-feiras, e ao sábado cometerem a herética prostituição com a abominação da bestialidade». Cumprindo com estes preceitos, e por isso recebendo do demónio profundos saberes ocultos, a bruxa realizava os mais fortes trabalhos de magia negra.

Nas amarrações, quando se tratam de pós mágicos para fins eróticos ou de luxuria, pois vezes são certos ingredientes como pelos púbicos da vitima do trabalho de magia negra. Um tal caso tornou-se celebre quando por volta de 1590, um certo professor Dr John Fian, havendo-se enamorado de uma das suas alunas, obteve alguns pelos púbicos da jovem com a ajuda do seu irmão. O bruxedo resultou, mas o caso ficou conhecido e causou alguma agitação nos meios sociais. Outro notório ingrediente é raiz de mandrágora, que desde sempre tem sido indicada para uso ou aplicação neste tipo de bruxaria de amarração. Outro ingrediente reconhecidamente eficaz, é o cravo de defunto, ou a calêndula. Pó feito de sapo, pó de aranha, sémen, e coração de animal preto, são outros ingredientes comuns numa fórmula de amarração.  Na Idade Media havia também um trabalho de magia negra famoso mas pouco divulgado, chamado os «Aneis do Olvido» ou «Aneis do Oblivio», que as damas antigas usavam quando queriam esquecer um amor antigo,e  partir para um novo amor. Era feito através do uso de um pó de lagarto no bruxedo, e sua formula é secreta, pois usada em doses inapropriadas pode levar a uma total amnésia.

Estas formulas são ancestrais, com séculos e séculos de existência, e constam dos mais antigos grimórios de magia negra.

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