Amarrações imparáveis
Todos os mistérios da prática da magia negra deve ser conservados em segredo, e por isso as bruxas sempre o mantiveram escondidos do publico. Há ensinamentos que afirmam que até o simples facto de revelar um pequeno ensinamento a um aprendiz não-iniciado, pode automaticamente anular o bruxedo. Sobre isso, disse notório ocultista Cornelius Agrippa ( 1486 – 1535):
«Toda a arte mágica abomina o publico e a publicidade. Ele procura sempre ser oculto, é fortalecido pelo silencio, mas destruído pela declaração, e o seu efeito não ocorre por ter sido exposto ou a tagarelas, ou descrentes, ou a ambos».
Por isso, uma característica comum a muitos grimórios de magia negra dos bruxos, é terem sido escritos num Latim desarticulado, sem lisura nem correcção gramatical, uma autêntica amalgama de mistura de palavras de Latim, com Grego e Hebraico, numa miscelânea fortemente truncada e distorcida. Muitas vezes a incompreensível distorção acontecia, porque aquilo que importava era a melodia dos encantamentos. Por vezes estes encantamentos estavam até dispostos em letras misturadas formando um símbolo que apenas o bruxo conseguia compreender e pronunciar. Há que relembrar que invocar demónios e espíritos de trevas é perigoso, e uma pessoa incauta, leiga ou ignorante que usar erradamente de uma invocação, pode sofrer uma fatalidade. Por isso, as bruxas encriptavam esses encantamentos de forma incompreensível aos olhos dos desconhecedores, para impedir a divulgação de segredos aos leigos. Por outro lado, durante a Idade Media, para prevenir as perseguições da Inquisição, houveram também formulas que foram escritas como se fossem dirigidas a Jesus e aos santos, quando na verdade se dirigiam a demónios e a Deuses Pagãos. Os antigos encantamentos dos tempos pagãos não desapareceram, eles simplesmente evoluíram. Por vezes, estavam diante dos olhos de toda a gente, e porem apenas aqueles que tinham a chave para os compreender, é que sabiam os segredos por detrás de certa oração, reza ou mezinha aparentemente cristianizada. A estrutura dos velhos bruxedos e encantamentos pagãos não tinha mudado, simplesmente a terminologia é que se tinha adaptado para sobreviver. Depois, para esconder os segredos mágicos dos encantamentos inscritos nos grimórios, usaram-se também várias técnicas como a aliteração, a homofonia, os palíndromos, os acrónimos etc.
Todos estes, e muitos outros segredos, podem ser encontrados nos mais ancestrais grimórios de magia negra. Foi com ensinamentos como aqueles constantes destes ancestrais grimórios, que as bruxas , desde os tempos mais imemoriais, executaram os mais poderosos trabalhos de magia negra. E existem relatos históricos, de como alguns desses saberes constantes nesses grimórios, foram transmitidos por demónios ás suas bruxas.
A magia negra enquanto arte de invocação de demónios para com eles negociar as demandas que se deseja, é uma ciência perigosa. Esta arte oculta foi classificada pelos autores na Idade Media, e até em épocas subsequentes, de «magia perigosa» ou «magia demónica», uma vez que recorre de demónios e espíritos de trevas para alcançar os seus fins. O Poeta boémio Joahannes von Tepl ( 1350-1415) descreveu-a – na obra Der Ackermann un der Tod, de 1401 – nestes termos:
«com os sacrifícios e sigilos, os formidáveis espíritos são conjurados. Não surpreende por isso que estas tenham sido catalogadas como as artes proibidas»
Por volta dos anos de 1650, existiu em Inglaterra uma notória bruxa de nome Jannet Benton. A bruxa Jannet Benton tinha uma notória reputação de bruxa na vila de Newton, e a sua reputação alcançava todas as localidades vizinhas, de onde vinham inúmeras pessoas procurando requisitar os seus préstimos ocultos. O poder dos seus bruxedos e encantamentos vinha do Diabo, com quem a bruxa tinha celebrado Pacto, em troca do qual recebeu um espírito demoníaco familiar que incorporava num gato preto, que a assistia e auxiliava nos seus trabalhos de magia negra. A bruxa Jannet era viúva, e vivia com o seu filho George, pois o seu esposo tinha falecido, havendo-lhe nessa altura aparecido o Diabo que a seduziu e recrutou para os caminhos da magia negra. O Diabo é ciumento, e exige fidelidade, e requer ser o único amado esposo de uma bruxa. Por isso, é frequente constatar-se que as bruxas são viúvas, ou divorciadas, ou separadas. O Diabo arranja sempre forma de tomar a bruxa para sí, e só para sí mesmo. Por isso, ele arranja sempre forma de a separar de qualquer conjugue humano, e não conseguindo… ele acaba por falecer. Raramente o Diabo partilha uma bruxa, senão quando ela casa com um bruxo, ou com um espírito demoníaco familiar incorporado num homem. Tal como Deus quer a suas freiras para Ele mesmo, também o Diabo quer as suas bruxas para Ele mesmo. A diferença, é que á freira é exigida reclusão, clausura e castidade, ao passo que á bruxa é requerida bruxaria, pecado e heresia. Mas conforme nenhum homem pode ser «dono e senhor» de uma freira, também nenhum homem pode aspirar a ser «dono e senhor» de uma bruxa. Nenhum homem pode submeter uma bruxa, nem domá-la, nem constrange-la. E uma bruxa nunca se pode submeter a nenhum homem, apenas ao Diabo. Por isso, está na própria natureza da bruxa ser livre, e o casamento com um humano asfixia a bruxa, porque lhe asfixia a liberdade. Há quem afirme que a alma da bruxa deve sempre ser livre. Perdendo a liberdade, perde a magia, porque a magia é liberdade; ela vem da liberdade. Havia quem afirmasse que o pai do seu filho George era o falecido marido, assim como quem alvitrasse que era um demónio com que a bruxa tinha tido relações carnais a fim de celebrar o seu Pacto com o Diabo.
A bruxa Jennet tornou-se primeiramente famosa na sua vila, quando havendo sido humilhada por uma família rica da área, ( a família Jackson), ela dirigindo-se ao chefe dessa abastada e afortunada família murmurou-lhe «Virão os dias de teres grandes trabalhos, antes que o ano acabe». E a verdade é que após as palavras da bruxa, a esposa do fidalgo perdeu a audição, o filho era assombrado por terrores nocturnos, haviam barulhos estranhos por toda a casa da família, e muitos infortúnios sucederam-lhe antes que o ano acabasse. Havia noites em que o homem era assombrado por sinos de igreja dobrando toques fúnebres e por gemidos pesados de almas penadas, quando mais ninguém ouvia nada. Os cães uivavam sem explicação, os moveis da casa mexiam-se sozinhos e sem ninguém lhes mexer, os animais adoeciam inexplicavelmente. Na verdade, em pouco tempo dezoito cavalos morreram na propriedade da família, coisa que toda as pessoas nas redondezas ficaram espantadas, pois não era normal suceder. A fama da bruxa Jannet rapidamente espalhou-se pelas localidades vizinhas. Porque a bruxa tinha tamanha capacidade de conjurar demónios e gerar tormentos através do chamamento de almas de mortos e assombrações, os seus préstimos ocultos começaram a ser abundantemente solicitados. E muitos dos seus mais reputados bruxedos, foram amarrações que eram consideradas amarrações imparáveis.
Através das amarrações da notória bruxa Jannet, muitas foram as esposas que se livraram de amantes, e muitas foram as amantes que se desenvencilharam de esposas, assim como muitos foram os maridos caídos nos braços de amantes, e igualmente muitos esposos retornaram aos seus lares e mulheres. Tudo isso, porque onde o bruxedo da bruxa Jannet entrasse, enquanto não se fizesse a vontade da bruxaria, então ninguém tinha repouso. Ou se cumpria com a finalidade do bruxedo, ou quem lhe teimasse em resistir tanto sofria, que acabava em desgraça. E por isso, a vítima de uma dessas amarrações de magia negra nunca mais livrava do bruxedo, nem de quem a mandou embruxar. Nunca mais. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder. Essas são as lendárias amarrações imparáveis.
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