Demónios, demonologia, o Diabo

Demónios, demonologia, e o Diabo

«viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram belas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.»

Génesis VI.2

«Para acreditar em Deus, você precisa ter fé. Para acreditar no Diabo, você só precisa abrir os olhos»

Vladimir Volkoff ( 1932 – 2005)

O que são os demónios e a magia negra ?

Aos livros ocultos que descrevem e identificam os demonios, assim como revelam as ocultas e secretas formulas para os invocar e com eles lidar, chamam-se Grimorios. O medico Bávaro Joahannes Hartlieb ( 1400-1468), foi um daqueles que se dedicou a pesquisar sobre as artes proibidas da magia negra, a catalogou uma serie de Grimorios. Porem, sendo o seu próprio livro – o catalogo sobre Grimorios –, uma porta aberta ao conhecimento desses grimórios – normalmente mantidos ocultos e em segredo – , o dr Hartlieb debateu-se com o perigo que a sua própria obra representava, caso caísse nas mãos erradas. O dr. Hartlieb deu assim valiosas referencias sobre alguns dos mais míticos e famosos grimórios de magia negra, sendo eles: Sigillum Salomonis, Clavicula Salomonis, Hierarchia, Shemhamphoras. Algumas destas obras eram atribuídas ao lendário rei Salomão, que teve enorme conhecimento e domínio sobre demónios. Grimorios como esses, foram e ainda são usados na feitura dos mais fortes trabalhos de magia negra.

Afirmam os mais reputados autores,  que os demónios são «divinos», e quando se afirma isto, está-se a dize-lo literalmente. Ou seja,  a palavra «demónio» vem da palavra grega daimon, e do latim daemon, que significa literalmente divindade. Assim, «demónio» era básicamente um dos termos que nas antigas religiões pagãs poderia referir-se a uma deusa ou um deus especifico, assim como para designar uma divindade em geral.

Muitos teólogos da Idade Media encontravam a definição da magia negra e da bruxaria na passagem bíblica do primeiro livro de Samuel, onde no capitulo quinze, verso vinte-e-três, se pode ler «A rebelião é como a bruxaria, e o porfiar [ teimar, rivalizar] é como a idolatria». Assim diziam os teólogos medievais que a magia negra e a bruxaria consistiam em práticas de rebelião para com a Igreja, essencialmente através da veneração de falsos deuses e demónios, o que constitui a idolatria, que por sua vez constitui uma forma de teimar e rivalizar com o poder de Deus. Por isso mesmo, Nicholas Jacquier ( n. 1402), padre dominicano e influente demonologista, escreveu diversas obras sobre bruxas e bruxaria, incluído o influente «Flagellum Haereticorum Fascinariorum» de 1452, no qual Jacquier afirma que a magia negra é a mais forte e condenável das heresias contra a Igreja. È a máxima heresia, pois que se apoia no culto a falsos Deuses e Demónios.

A religião hebraica – e por consequência o Cristianismo – afirmou desde sempre que demónios são todos os deuses e deusas das religiões pagãs, estrangeiras e politeístas, afirmando que eles não se tratam de Deuses, mas sim de espíritos demoníacos que desde os tempos primordiais procuram angariar a veneração dos humanos, fazendo-se passar por Deus ou Deuses. Ora, á veneração desses Deuses e Deusas, chama a religião hebraica – e mais tarde a Cristã – de «idolatria», que consiste em adorar imagens desses Deuses e Deusas, assim como consiste também em venerar aquilo que são esses «falsos Deuses», pois não são Deuses, mas sim demónios ( vide 1 Coríntios 10: 19-21) procurando a veneração humana, (Vide Deuteronómio 32;17).

Esses Deuses e Deusas estrangeiros das religiões pagãs, eram – em hebraico – chamados em hebraico de SHEDIM , que se consideram «diabos» ou «demónios».(Vide Deuteronómio 32;17 e Salmo 106: 37), Também se lhes chama em hebraico de SE IRIM quando se falam de divindades estrangeiras, o que corresponde também a «demónios», que são criaturas de trevas ou fantasmas que assombram ruínas e lugares desolados, como Lilith. (Vide Isaías 13:21 e 34: 11;14), e que podem influenciar a vida das pessoas, como Asmodeu (Vd. Tobias 3:8, 17)

Da mesma forma, a religião hebraica – e mais tarde a Cristã – declara que a «magia» é o apelo aos demónios, isto é, declara que a «feitiçaria» ou a «bruxaria» são as práticas religiosas e espirituais pagãs que são dedicadas a esses Deusas e Deusas das religiões estrangeiras e politeístas, ou seja, aos demónios, e por isso são «magia negra», já que a magia negra consiste precisamente no culto a demónios. Assim, o culto a esses Deuses e Deusas das antigas religiões pagãs – aquilo que se chama vulgarmente de «magia» , ou «bruxaria», ou «feitiçaria» – , foi proibido e banido pela Lei da Palavra de Deus,(vide Êxodo 22,17 e Deuteronómio 18:10-12), pois que na crença hebraica, se trata de culto a demónios, e por isso de magia negra. Ora: temendo o poder dos demónios e das bruxarias de Magia Negra, a Bíblia faz vários avisos sobre tais práticas. A mesma Palavra de Deus revela sobre a bruxaria feita pelas bruxas , dizendo que a bruxaria serve para através dos demónios prender e amarrar as almas dos homens e mulheres com laços e armadilhas feitos pelos demónios, e que amarram e prendem as almas àquilo que os demónios querem, que é o mesmo que dizer, através de amarrações ( Vide Salmo 91,3 ;  Jeremias 5,26 ; Ezequiel 13,17-21)

Na Bíblia, os demónios são tidos como espíritos, assombrações e aparições que habitam em desertos, ruínas e locais desolados ( Vd. Levítico 16:10), e que podem manipular e influenciar a vida das pessoas (Vd. Tobias 3:8, 17)

Os demónios tem o poder demoníaco de incorporar em homens ou animais, (Vide Marcos 5: 5-13),  por vezes podendo-se mais que um demónio incorporar num corpo, (Vide Lucas 8:2), de infligir padecimentos ao homem (Vide Salmo 91:5-6), de afectar, alterar e influenciar a vida dos homens, (Vide Tobias 3:7-17 e Livro de Job), de incitar os homens a praticarem certos actos, (Vide 1 Cronicas 21,1), de lançar a tentação ao homem,(Vide Mateus 4: 1-11), e de iludir os homens (Vide I Reis 22:22) Os demónios conforme a Bíblia, são por isso espíritos de trevas que influenciam invisivelmente este mundo, (Vide Èfesios 6:12), são espíritos que lançam armadilhas ao homem, ( 2 Samuel 22:5), armadilhas como a tentação e o pecado (Vide Genesis 3), e a desinquietação, lançadas a fim de levar o homem para aquilo eles pretenderem (2 Coríntios 4:4 ; 6: 14-16).

Seja como for, a Bíblia é o maior testemunho e reconhecimento do poder dos demónios, pois uma das suas principais funções e objectivo, é anunciar sobre a existência de espíritos e demónios, e revelar como espíritos e os demónios agem neste mundo, e revelar quais os temíveis poderes dos demónios e das bruxarias, e ao faze-lo, assim reconhecendo que a força e presença dos demónios e da magia negra na humanidade é intemporal, assombrosa, inegável e indiscutível.

   Lúcifer, Satanás, os demónios e a magia negra

As bruxarias de magia negra como as amarrações, são feitas com recurso a contacto com espíritos de trevas, a invocações de demónios. Ora, ficam aqui alguns conhecimentos sobre demónios e demonologia, tal conforme usados em bruxarias de magia negra.

Fique a saber quem é o Diabo, quem é Lucifer, quem é Satanás – que na verdade são demonios diferentes mas que vulgarmente se confundem como sendo o mesmo – , e quais são os principais demónios a que recorrem as bruxas e bruxos em bruxarias de magia negra, incluindo nas amarrações amorosas, ou nas bruxarias para separar casais, etc.

Existem várias descrições demonológicas sobre a esfera, a natureza e a hierarquia do reino infernal. Aquela que na magia negra se sabe ser a mais verosímil, é a seguinte:

A santa Trindade do Inferno

Há uma tese nas ciências ocultas da demonologia, que advoga a existência da impura trindade, por oposição á santa trindade.

Se a santa trindade é o Pai, o Filho e o Espírito santo, já a impura trindade seriam Samael, Lilith e Baphomet.

Defende esta tese, que Samael é o anjo que depois de ter caído e sido exilado do Céu se passou a chamar Lucifer, e que Lucifer é uma essência angelical e espiritual masculina. Por outro lado, Lilith é uma essência feminina, a essência angelica e espiritual feminina que corresponde a Lucifer, a sua cara-metade, a sua contraparte. São como se fossem almas-gemeas, e na verdade quando se unem e se fundem num só ser, nasce Baphomet, que é o dito Diabo a que todos se referem, o Satanás que é comummente falado. È uma tese que tem imensa força em certos círculos ocultos, e aceite especialmente em países anglo-saxónicos como Estados Unidos e Inglaterra.

Para saber mais sobre esta SANTA TRINDADE INFERNAL e BAPHOMET, leia:

O Demonio Baphomet e a Santa Trindade Infernal 

O certo, é que na magia negra sabe-se da existência de uma santa-trindade no inferno – que governa o reino subterrâneo do submundo ou o Hades – tal conforme no céu existe uma santa-trindade que governa o reino celestial.

Uma das outras teses sobre essa santa-trindade, advoga que ela é composta por:

Belzebu, Lucifer e Astaroth

BelzebuBelzebu é mencionado por Jesus nos evangelhos, em Mateus 10:25, 12:24, 27 , Marcos 3:22, e Lucas 11:15-19

Na verdade, o nome Belzebub provem de Baal– Zebub, o nome de um antigo Deus canaanita, e que significa BAAL È PRINCIPE, ou SENHOR DO SANTUÁRIO. BAAL é o demónio retratado no filme «O Rito», que é baseado numa historia totalmente verídica.

Ou seja: quando se fala de Belzebu, está-se a falar do antigo Deus de nome BAAL. Na antiguidade Belzebu foi conhecido pelos homens como um Deus de nome Baal, que era tido como um Deus igual ao Deus Javé dos hebraicos, de tal forma que o povo hebraico durante muito tempo cultuou ambos como se fossem o mesmo. Baal significa SENHOR, ou LORDE, sendo que Balaat significa SENHORA, ou RAINHA.

Baal era um dos deuses da fertilidade semitas, e é um dos demónios mencionados na obra de John Milton ( 1608 – 1674), onde se fica a saber a Beelzebub desagrada-lhe a perda dos nomes originais e angélicos dos demónios, dando o exemplo de Baal, que na verdade significa apenas «Senhor», mas cujo o nome que lhe corresponde se perdeu na eternidade dos tempos. Baal foi venerado até no Egipto pelo grande Ramsés II ( 1304 – 1213 aC), e porem convertido em demónio pela teologia cristã, uma vez que segundo a doutrina da Igreja, todos os Deuses pagãos da Antiguidade eram na verdade demónios. Baal faz parte dos Espíritos Enochianos ou Demónios Enochianos. O nome Hannibal na verdade significa «com a Graça de Baal».

Sucede porem que a linha religiosa mais ortodoxa dos hebreus via com maus olhos o culto a Baal, e desagradava-lhes que esse culto tivesse tanto poder como o do seu Deus Javé. Jezebel, era uma seguidora de Baal e Astarte, o que muito melindrava essa casta de sacerdotes ortodoxos. Por isso – e por influencia dessa casta de sacerdotes – , os hebreus acabaram por considerar o culto a Baal como idolatria a um falso deus. Isso foi conseguido num momento histórico,( retratado na Bíblia em I Reis 18), em que os sacerdotes do Deus Javé enganaram o povo com um truque de ilusionismo, usando nafta para fazer arder um fogo numa oferenda a Deus, assim dando a ilusão que o fogo estava a arder a partir de simples água através da intervenção divina do Deus Javé, quando na verdade se tratava de uma encenação, pois o liquido nao era água mas sim nafta, e que ardeu simplesmente devido ao calor. A nafta – muito parecida com água – é já mencionada em 2 Macabeus 1, 21-22;31-45, onde Neemias a usou para exactamente a mesma finalidade de fazer arder oferendas a Deus. Com esse truque, os sacerdotes incitaram uma multidão  – apavorada pelo falso prodígio que testemunharam – , a cometer um linchamento, assassinando os sacerdotes do culto a Baal, e assim dizimando aquela religião ao olhos do povo. Porem, Elias – o profeta que ajudou nestes eventos –  bem testemunhou nos céus uma fúria tempestuosa que se abateu sobre sí, após o assassinato dos profetas de Baal.

Desde então, Baal passou á condição de demónio no judaísmo e no cristianismo. È o «SENHOR DAS MOSCAS», senhor dos seres alados do inferno, criaturas de imundice. Agrada a Baal-zebub – ou belzebu – atrair os homens á sua queda devido ao orgulho.

 

Astaroth que é fisicamente um demónio masculino, é na verdade uma deusa, ou seja, é um demónio que tem dentro de si uma deusa. Trata-se da deusa que na antiguidade era venerada com o nome de Astarte, também chamada BAALAT, a SENHORA, a RAINHA.

Astarte era a deusa da fertilidade, do amor e da guerra. Foi venerada por muitos outros povos da antiguidade, na forma de Vénus e Afrodite – no mundo greco-romano – , assim como Isis e a Esfinge – entre os egípcios – etc.

Entre o povo hebraico, Astarte foi a Deusa venerada pelo rei Salomão, ( 1 Reis 11:5, 33;2), e há vários registos bíblicos que comprovam que a Deusa Astarte foi venerada pelos antigos hebreus ( Juízes 2:13, 10:6  1 Samuel 7:3-4, 12:10). O culto a Astarte parece ter sido importado para Jerusalém por volta de 1.000 a.C. O culto da Deusa ganhou fortes raízes no povo hebraico, de tal forma que o profeta Jeremias acusa o povo de idolatria, por estes «queimarem incenso em lugares altos» em honra da Deusa, assim como oferecerem-lhe bebidas, e levarem-lhe pães sagrados. Por seu lado, o povo respondia ao profeta dizendo que as desgraças só lhes tinham começado a acontecer, depois de se terem afastado da Deusa, uma vez que nos tempos em que adoravam a Deusa, nunca tinham tido fome, nem pobreza, nem tinham conhecido a derrota nas guerras.

Apesar dos violentos ataques desferidos pelo profetas hebreus, a Deusa permaneceu sempre no culto popular, e nas tradições do judaísmo. A deusa existiu na fé popular pelo menos até 621 a.C., e era vista como a esposa do Deus dos hebraicos. Depois disso, e sob grande pressão do clero radical que apoiava o monoteísmo puro, então ela começou a ser retratada como uma esposa adultera, uma meretriz infiel ao seu esposo, o Deus Jeová. Na altura em que Josias ascendeu ao trono hebraico, ela foi então relegada para a condição de «abominação» ( 2 Reis 23:13).

O símbolo de Astarte era uma estrela de cinco pontas dentro de um circulo – no fundo, um pentagrama –  significando isso o planeta Vénus. Outro dos símbolos mais frequentes de Astarte era uma pomba branca.  Nos mitos da antiguidade, conta-se que certa vez, Astarte fez uma aparição usando uma cabeça de boi com os seus cornos – um símbolo tipicamente masculino – para dar sinal ao povo da sua soberania e poder, passando por isso os cornos de boi a ser outro seu símbolo. Outro símbolo de Astarte é disco lunar, representativo da lua negra. Astarte podia assumir a forma de um leão, sendo que por isso a esfinge também a simbolizava. Astarte podia também assumir a forma de um cavalo, ou de um boi, ou de uma pomba branca, ou ser retratada a ser transportada numa carruagem/carroça real.

O culto de Astarte envolvia a oferenda e queima de incensos, oferendas de perfumes e jóias, oferendas de bebidas derramadas ou libações, oferenda de pães ou bolos sagrados, assim como a prostituição sagrada realizada por sacerdotisas de Astarte nos templos de Astarte, uma vez que a sexualidade era considerada sagrada, e uma forma de entrar em contacto com a Deusa. Tal como sucedia no culto a outras deusas – como a Deusa Vesta, onde existiam existiam sacerdotisas que eram «virgens sagradas» nos seus templos – , pois no culto a Astarte existiam sacerdotisas que eram «prostitutas sagradas» nos seus templos. Fora dos seus templos, Astarte era venerada em lugares altos, ou junto de árvores frondosas, ou perto de rios, ou perto de grutas, ou  onde se lhe erigissem estelas, que eram postes ou colunas monolíticas sagradas.

Tal como Baal que passou de um Deus á condição de um demónio no judaísmo e no cristianismo, também o mesmo sucedeu á sua consorte Astarte, que passou de uma Deusa, a ser descrita com um demónio.

Nos Grimórios de magia negra, ela aparece enquanto a uma deusa sexual, chamada na «Chave de Salomão» da «Vénus impura dos Sírios». Os Grimórios de magia negra classificam Astarte como uma companheira, ajudante e acólita do Diabo.

Na verdade, a Deusa Astarte era deusa do amor, da fecundidade, da fertilidade, da prosperidade, e era venerada através de ritos orgiásticos, e da prostituição sagrada. A Deusa foi venerada até pelo lendário rei Salomão dos hebreus.  Dizem as tradições dos Grimorios de magia negra, que a Deusa Astarte foi depois transformada no demónio Astaroth, como castigo por se se ter oposto a Deus. Dessa forma, passou a ser vista e descrita nos Grimorios de magia negra como um ser masculino, um demónio-rei portador de uma coroa na cabeça e asas brancas, vindo montado num dragão, e cujo o sexo não é visível nem distinguível, e com mamilos salientes, uma reminiscência dos tempos em que a humanidade o conheceu enquanto uma deusa feminina.

Para a Igreja, a oferta de comida, bebida, incenso ou unguentos á Deusa, é considerada como culto ao demónio, e por isso um acto de magia negra.

Astaroth ou Astarte, é também o tesoureiro do Inferno. Tem por isso enorme poder naquele reino, e é um dos demónios que podem conceder vastas riquezas. Astaroth foi também um dos sete príncipes do Inferno que visitou o celebre Fausto, ou Johann Faust ( 1488 – 1538), um bruxo e conjurador de demónios cujo o nome foi adoptado pelo notório poeta e dramaturgo Inglês Christopher Marlowe ( 1564 – 1593), na sua obra Tragical History of Doctor Faustus (1589). Já o célebre Faust do famoso Johann Wolfgang Goethe ( 1749 – 1832), foi escrito de 1770 a 1832, assim como a abertura de Richard Wagner ( 1813 – 1883), em 1839.  s. Cipriano o bruxo (f.258 d.C), e o seu pacto com o Diabo serviu de base a importantes obras escritas sobre a tradição mística de pactos demoníacos, como Cyprian von Antiochen und die Deutsche Faustsage , de publicado em Erlangen, 1882, e que relaciona Cipriano ao célebre pacto de Fausto.de quem Mephistopheles era seu espírito demoníaco familiar.  As aparições e os pactos com estes famosos demónios, como é Astaroth, foram desde sempre observados, documentados e registados na historia da humanidade.

Lúcifer, ao contrário daquilo que se pensa, não é Satanás. Tratam-se de duas entidades distintas, de dois demonios diferentes.

Lúcifer, quem é Lúcifer

Há uma confusão que reina entre quem são Lúcifer e Satanás. Na verdade, teologicamente tratam-se de duas entidades diferentes, e que a dado momento começaram a confundir-se. E a origem do erro, parece ter estado num clássico da literatura mundial, o célebre poema O Inferno de Dante.

Quando o grande poeta Italiano Dante Alighieri ( 1265 – 1321), escreveu o seu poema épico Divina Commedia ( 1304 – 1208),  ele era para representar uma jornada no caminho para Deus, e porem tornou-se um dos textos mais preciosos na descrição de demónios e das hierarquias infernais. O texto possuía tantas referencias invulgarmente acertadas e extraídas de antigos conhecimentos clássicos da Antiguidade, que passou a ser observado por muitos como uma fonte de informação nas ciências ocultas da demonologia.  A obra tornou-se de tal forma proeminente, que alguns dos demónios ali mencionados passaram a constar de grimórios de magia negra escritos posteriormente.

Os demónios que Dante cataloga no seu Inferno, são demónios menores que aparecem nos cantos XXI a XXIII, tratando-se de doze demónios. Constam no Inferno de Dante os demónios Alichino, Barbariccia, Cagnazzo, Calcabrina, Ciriatto, Draghignazzo, Farfarello, Grafficane, Malacoda, Malebranche, Rubicante e Scarmiglione.

Dante e a confusão entre Lúcifer e Satanás

Apesar de revelar profundos conhecimentos sobre alguma demonologia clássica, porem Dante parece não ter consciência que Satanás e Lúcifer são duas entidades distintas, e ao uni-las numa só entidade, acabaria por cometer um erro com proporções históricas, pois que daí em diante essa confusão passou a reinar no pensamento comum dos leigos. Outros nomes são usados para designar o Diabo, tais como Senhor do Erro ou do Engano, conforme lhe chama Malaspina em Purgatório, VIII, 131; Pluto chama o Diabo de Satan em Inferno, VII, 1; Dante chama o Diabo de Lúcifer em Inferno XXXI, 143, e de Beelzebub em Inferno, XXXIV, 127; Virgílio chama o Diabo de Dis, em Inferno VIII, 68.

Porem, a verdade é que Lúcifer e Satanás são duas entidades distintas.

Satanás – junto com Azazel e Asmodeus e toda uma legião de anjos sob seu comando –  era um dos generais dos exércitos de Deus, que foi destacado para observar a humanidade, sem porem interferir. Porem, Satanás e os seus anjos apaixonaram-se pela beleza das mulheres humanas, e seduziram-nas. Tomaram-nas, dormiram com elas, e em troca deram-lhes os conhecimentos sobre a magia. Destas relações nasceram os nephilins filhos de anjos e humanas. Por este motivo Deus irou-se, e mandou um diluvio sobre a terra, para eliminar a raça humana. Ao mesmo tempo, Deus expulsou Satanás e os seus anjos do Ceu, exilando-os para sempre, e confinando-os á terra e ao que estava por debaixo dela, ou seja, o submundo. Aí Satanás tornou-se o primeiro monarca dos infernos.

 

 

 

Coisa diferente sucedeu com o demonio Lúcifer.

Lúcifer era o anjo primogénito de Deus, o primeiro anjo da Criação, o mais belo de todos os anjos, o mais sábio de todo o reino celeste, um portador de uma imensa e radiosa luz celestial. Diz-se que Lúcifer desagradou-se com aquilo que sucedeu a Satanás e os seus anjos, e rebelou-se contra o seu Pai. Lúcifer terá então tentado tomar o trono dos Céus, tendo reunido um terço das legiões angelicais para combater do seu lado. O Arcanjo Miguel liderou as legiões do Deus Javé, vencendo a Lúcifer. Assim tendo sucedido, Lúcifer e as suas legiões foram também expulsas do céu, e exiladas na terra e naquilo que está por baixo dela, o submundo, ou o Hades, ou o mundo dos mortos. Foi então que Lúcifer – uma vez chegado ao Hades – tomou como seu o trono do Inferno, algo que era seu por direito natural e próprio, uma vez que Lúcifer era hierarquicamente superior a Satanás, pois era filho de Deus, ao passo que Satanás era apenas um dos generais de Deus.

O verdadeiro nome de Lúcifer é Samael, pois que Lúcifer significa o «portador de luz», «o luminoso» ou «o iluminado» ou «o iluminador», e isso é um titulo que lhe foi atribuído pela sua beleza, sabedoria e resplandecência – cujo o brilho apenas era superado pelo de Deus – , e não um nome próprio. Samael é o anjo acusador, o anjo sedutor, o grande tentador e senhor da tentação,  é o pai da mentira, mas é igualmente o anjo destruidor, é o anjo que traz a morte, e tem o cognome de «o veneno de Deus». Diz-se que foi Samael que conteve a mão de Abraão no momento em que o patriarca ia matar o seu próprio filho Isaac por ordem de Deus, assim desobedecendo a Deus. Diz também que foi Samael que lutou contra Jacob, e que teve de se retirar e desaparecer quando o Sol estava para nascer, recusando-se a revelar o seu nome a Jacob. Diz-se igualmente que quando Lilith – a primeira mulher criada por Deus – começou a protestar e a querer fugir do éden foi Samael que foi enviado para lhe entregar a morte, e porem ele apaixonou-se por Lilith, e acabou por dar a Lilith os meios para escapar ao éden e á submissão para com Adão.

Diz-se que Lúcifer apresenta asas brancas e invulgarmente grandes. Lúcifer tende também a materializar-se na forma de uma criança, ou de um bode negro. Afirmam certos grimórios,  que Lúcifer também se pode fazer aparecer na forma de um lindo anjo, ou até de Jesus, ou da Virgem Maria. Diz-se comummente que o pecado de Lúcifer foi o orgulho, sendo que na verdade foi a desobediência e a rebeldia, tanto por recusar-se a obedecer ás ordens do seu Pai Javé, como por ter liderado uma rebelião para tomar o poder e o trono do seu Pai.

O nome de Lúcifer aparece em certos grimórios da Idade Média associado a um outro demónio de nome Mephistopheles.

Mephistopheles, é um dos chefes dos demónios do inferno. Há quem afirme que em grego, o seu nome significa «aquele que não ama a luz», quando na verdade o significado do seu nome é muito mais oculto, sinistro e misterioso que isso, pois na verdade significa «aquele que ama a não luz». Amar a «não luz», não significa amar as «trevas», porque se fosse para se dizer aquele que este demónio ama as «trevas», então não se teria escrito «aquele que ama a não luz». Nas obras do espírito, as palavras são da maior importância, pois tem significados ocultos com consequências e implicações muito importantes. Logo: a «não luz» não significa «trevas», mas sim uma luz que é diferente da luz tal como a concebemos, ou seja: é como se fosse uma «luz negra», algo que ilumina com negrume, ou seja, algo impossível para a mente humana sequer compreender. Dai o mistério que ronda este demónio, que ilumina com trevas, ao passo que Lucifer significa precisamente «o portador da luz». Este demónio foi uma divindade venerada na religião da Mesopotâmia, na forma de uma entidade que era metade humano, metade animal. Na Alemanha e territórios germânicos da antiguidade, era conhecido pelo cavaleiro com cascos de cavalo. Mephistopheles tornou-se famoso devido á lenda de Fausto conforme narrada na obra de Goethe ( 1749 – 1832)  onde oferece á personagem principal uma vida de prazeres e sabedoria em troca da sua alma. O demónio Mephistopheles está também intimamente associado ao demónio Lucifuge, cujo o nome significa «aquele que foge da luz», ao mesmo tempo que Lucifuge é o nome Lucifer escrito ao contrário. São os mistérios do oculto…

Na religião Zoroastriana, Lúcifer é HARIMAN, o rei das trevas e da morte. HARIMAN era chamado o «Senhor das mentiras». O seu irmão gémeo é o Deus Ohrmazd, o Deus bom e da Luz, o equivalente ao Deus dos Cristãos. Ambos existem deste sempre, e ambos estão desde sempre empenhados numa guerra um contra o outro. Algumas vezes ganha um, outras vezes ganha o outro. E no final, tudo recomeça novamente, num eterno ciclo que jamais pára de existir, e que ao existir é o motor e a causa que acaba por gerar o universo, e tudo aquilo que existe. Este é o princípio religioso do Zoroatrismo, que professa que o universo é o produto desta oposição entre dois Deuses opostos e igualmente poderosos, ao contrario do Judaísmo e do Cristianismo que professam a existência de um único Deus todo-poderoso. O Deus  Ohrmazd é o Deus da luz, do sol, e que governa nos céus. O Deus HARIMAN,é o Deus da terra, assim como do mundo subterrâneo ou o mundo-dos-mortos, e é ele que tem poder sobre a terra. Esta religião foi dominante desde os séculos VII aC, havendo depois sido perseguida até a extinção pelos hebreus e cristãos. O Satanismo que começou a emergir logo nos primeiros séculos de vida do Cristianismo, é baseado nesta religião.

Aparições famosas do Diabo

O Diabo já fez a sua aparição a várias personalidades famosas. Um delas, é lendária. Um dos mais sinistros e lendários casos de aparições do Diabo, ocorreu com Mozart ( 1756 – 1791), o celebre compositor Austríaco. A certo momento da sua vida, Amadeus Wolfgang Mozart andava caído numa estranha melancolia. Certo dia ouviu uma charrete parar á porta da sua casa, e o seu empregado anunciou um desconhecido que vinha visita-lo,  e desejava falar-lhe. O homem desconhecido apresentava-se vestido aristocraticamente, os seus modos eram impecáveis, e a sua educação era irrepressível. Claramente um cavalheiro de posses, e elevada posição social. Sem nunca anunciar a sua identidade, assim disse o desconhecido a Mozart «Trago ordens de um ilustre senhor para o encontrar…» – disse o desconhecido… «ele perdeu alguém que lhe é muito querido, e desejava por isso celebrar o seu falecimento com um serviço fúnebre solene, e solicita-lhe que componha um Requiem para ser escutado nesse funeral» Espantado com a inesperada encomenda de uma peça musical para um funeral, mesmo assim Mozart aceitou compor o Requiem. Lançou mãos á obra, e trabalhou arduamente noite e dia. Porem, o seu corpo já não era capaz de acompanhar o ritmo da sua inspiração, e começou a fraquejar. Certo dia, sabe-se que ele confessou á sua esposa «Tenho a certeza que estou a escrever este Requiem para o meu próprio funeral». A dado momento, Mozart estava convencido que o desconhecido que lhe aparecera á porta trazendo aquela encomenda, não era um homem, mas sim alguém do mundo do além-túmulo, anunciando a sua morte para breve. Mozart trabalhou arduamente no Requiem, que considerou ser a sua grande obra final. Quando finalmente a obra estava terminada, o homem desconhecido regressou. Mozart tinha falecido. E o desconhecido também se esfumou. Nunca ninguém soube quem era o misterioso mensageiro, pois o desconhecido e a sua carruagem desapareçam para nunca mais serem vistos. Nos círculos do oculto, sabe-se que era um servo do Diabo, ou provavelmente… ele mesmo em pessoa, para vir buscar a alma do lendário musico para o mundo-dos-mortos, ou o mundo do além-túmulo.

Diabo: casos verídicos e comprovados

Nos dias de hoje, os demónios, o diabo e as possessões demoníacas tendem a ser por muitos catalogadas enquanto apenas meros episódios provenientes de doenças mentais, e logo atirados para o fundo da gaveta das doenças psiquiátricas, relegados como superstições e crendices, resquícios de crenças ignorantes de tempos idos e esquecidos. Porem, aqueles que lidaram directamente com tais fenómenos de possessões demónicas, de assombrações e demónios… esses já tem uma opinião bem diferente.

Os psiquiatras dr. M. Scott Peck e dr Richard E. Gallagher, ambos chegaram á conclusão que o fenómeno é real, seguindo-se a inevitável conclusão de quem devem mesmo haver demónios e o Diabo. Escreveu o dr Peck, depois de ter entrado em contacto com um caso real de possessão demoníaca: «Eu nunca mais duvidei da existência do Diabo». Já o dr  Gallagher afirmou «Ate aqueles que duvidam que  o fenómeno exista, poderão convir que este exemplo é bastante persuasivo», e ao afirma-lo, mostrou documentação e provas que atestavam de casos em que sucederam os mais inexplicáveis e sobrenaturais eventos, tais como levitação de pessoas e objectos, psicocinese e clarividência. Tais casos foram apresentados na New Oxford Review, em Março 2008, num artigo com o titulo «A Case od Demonic Possession» – «Um caso de possessão demoníaca»

Depois de anos a trabalhar em casos de pessoas com graves perturbações, também o professor Rex Beaber – professor de medicina na Universidade da Califórnia – , começou a chegar á conclusão que – de facto – existem forças ocultas e de trevas que agem no ser humano.

Logo: são cada vez mais aqueles que tendo entrado em contacto directo com os fenómenos da possessão demoníaca e da magia negra, chegam á inevitável conclusão que se trata de uma realidade.

Disse o padre Walter Halloran á imprensa, em 1995, quando perguntado sobre um exorcismo que tinha sido celebrado em 1949, em Mayland, St Louis, – Estados Unidos da América – : «Acredito piamente que foi um caso genuíno de possessão demoníaca». O padre estava – nem mais, nem menos – a referir-se ao caso que inspirou William Peter Blatty a escrever o guião do filme «O Exorcista». Afinal, ao contrário daquilo que os mais descrentes pensavam, não se tratou apenas de um filme, nem de uma fantasia inventada, mas sim de um caso verídico, e de factos reais.

Por isso, ao longo da historia tem sendo incontáveis as observações e casos reais que comprovam a existência dos demónios, da magia negra, dos trabalhos de magia negra e de Satanás . Por isso: Quem quer é livre de não acreditar nem em Deus, nem no Diabo, e de procurar todo o tipo de justificações lógicas para os mais ilógicos e sobrenaturais eventos. Quando se quer, a lógica consegue até explicar porque é que uma cadeira é um cavalo. Porem: que os espíritos existem, eles existem. E a prova-lo, está o facto que a ciência já conseguiu provar muita coisa… mas nunca conseguiu provar que não existem espíritos,  e que não existem aparições, e que não existe Deus, e que não existe o Diabo.

Satanás e Lilith

Satanás – demónio que foi o primeiro e original Diabo, conforme acima se descreveu. Após a queda de Lúcifer, ele acabou por ser destronado pela santa-trindade de Belzebu, Lucifer e Astaroth. Mantem porem um lugar de poder, com as honrarias do rei dos infernos.

na magia negra, Satanás é o demonio e senhor encarregue de bruxos e bruxas, isto é, é ele o demónio que tem a missão de angariar jovens para a prática das artes do oculto, tal como o fez quando ainda era anjo nos tempos pré-diluvianos, e seduziu as mulheres humanas em troca dos conhecimentos da magia. Também seduz as mulheres mais velhas a frequentar os seus sabbats.

Antes de ter sido expulso e exilado do Reino dos Céus por ter seduzido e tomado para sí mulheres humanas a troco de lhes conceder a sabedoria oculta sobre a magia e a bruxaria, Satanás era um dos mais temíveis anjos ao serviço de Deus. Foi ele que fez recair as desgraças sobre Job para lhe estar a fé, foi ele que matou 70 mil pessoas nos tempos do rei David – devido a David ter desagradado a Deus – , foi ele juntamente com Samael que invadiram o Egipto e mataram todos os primogénitos do reino numa só noite, assim como assolando todo o Egipto das mais terríveis pragas, e  tudo isso tendo Satanás feito a mando de Deus. Por isso Satanás ganhou o cognome de «A ira de Deus» Caso não tenham reparado, de cada vez que um anjo se apresenta a um humano na Biblia, a primeira coisa que o anjo diz sempre, é: «Não tenhas medo. Eu sou um anjo do Senhor» Já se perguntou porque é que o anjo tem sempre necessidade de dizer isso, quando se apresenta a um humano ? A resposta é: porque os anjos longe de serem cúpidos fofinhos e adoráveis, eles são temíveis!, e eles executam até as mais cruéis ordens de Deus. São soldados do Senhor criados e treinados para obedecer cegamente. Pois por isso, quando se fala da temível influencia dos demónios, olhe-se primeiro para os anjos, e veja-se o que eles são, e veja-se as inenarráveis atrocidades que eles já cometeram sob a ordem de Deus.

Magia negra e Satanismo

Associado a Satanás, vem o fenómeno do Satanismo. Na Idade Media, ordens religiosas como Cátaros, Valdesianos e Templários praticaram a doutrina satanista, e prestaram culto a Satanás , assim como veneram a demónios, e adoraram ás antigas Deusas da antiguidade, considerando que o Deus que a Igreja anunciava era um Deus cruel, vingativo e sanguinário. Por isso, veneraram a Satanás, assim como adoptaram o ancestral culto das Deusas, entidades vistas como demónios pela cristandade, e que concediam favorecimentos, prosperidade, fertilidade, prazeres e deleites, ao invés dos massacres, castigos, vinganças e punições do Deus da Igreja de Roma. O conceito de Lúcifer enquanto um «portador de luz», era o oposto de um Deus que negava o acesso á sabedoria e ao conhecimento, conforme sucedeu com Eva e Adão, por esse motivo castigados, amaldiçoados e expulsos do Paraíso. Acreditava-se que o conhecimento, a auto-estima, o prazer, a abundância da riqueza, a paixão, o bem-estar, o saciar dos apetites, a sabedoria, são encaradas com virtudes, e não pecados. A auto-castração, viver em pobreza, viver em sofrimento, viver em auto-culpabilidade permanente, e viver constantemente em temor como um animal prostrado com receio do severo castigo vindo do chicote do seu dono celestial… não eram já coisas encaradas com virtudes, como o são pelo Deus da Igreja. Dai o afastamento da Igreja, e a incursão pelos caminhos do seu oposto, o satanismo.

Os Satanistas desde a Idade Média apontam uma frase bíblica, na qual Jesus nomeia o Diabo ao invés de Deus, enquanto Pai, (João 8:44). Outra passagem é mencionada, onde é confirmado que o Diabo é o príncipe e senhor deste mundo (João 12:31), e outra onde se atesta que o Diabo é o Deus deste mundo ( 2 Coríntios 4:4) : Essas teses, também apontam que Jesus esteve diante de um Pacto demoníaco ,( Lucas 4:5-8 , Mateus 4:8-9), e que observou os poderes que o Diabo concede a quem com ele faz Pacto, conforme o Diabo lhos descreveu a Jesus, nas suas tentações do deserto. Curiosamente, estas mesmas passagens são usadas por vários demonologistas da Idade Media para confirmar Biblicamente a existência de Pactos com o Diabo, e dos poderes que daí advém para as bruxas e bruxos. Foi com fundamento nestas passagens que muitas praticas ritualísticas satânicas foram adoptadas em ritos de bruxas e bruxos, assim como por padres satânicos e freiras satânicas. Na Idade Média, um dos mais célebres casos de culto satânico foi o da ordem religiosa dos Templários (1118 – 1312) onde se venerou a demonios, se praticou magia negra, e onde existiram sacerdotes satanicos no seio da própria Igreja. Sobre os Templários e a sua crença satanista, fez menção ao célebre ocultista Francês Eliphas Levi ( 1810-75), na sua gravura de um bode sabático, ou o bode de Mendes, ou Baphomet. O demonio com cabeça de bode, era o demonio das bruxas que presidia á celebração dos seus Sabbat, e era o Deus venerado pelos templários. Na visão de Eliphas Levi, o bode representava o poder supremo do Universo, visão que os Templários também partilharam.

O historiador Parisiense Jules Michelet ( 1798 – 1874) debruçou-se sobre o satanismo e a bruxaria na sua notória obra Satanism and Witchcraft, publicado em Londres no ano de 1863,  assim como Joris-Karl Huysmans ( 1848 – 1907), no seu livro Lá-Bas , onde o autor acaba por concluir que o Satanismo, longe de ser algo do passado, está vivo e bem vivo, no virar do século XIX para o século XX.  O próprio celebre poeta Francês Charles Boudelaire (1821 – 1867), abordou o Satanismo no seu notório poema Les Litanies de Satan, ou As Litanias de Satan.

Há perspectivas históricas que defendem que o satanismo, com os seus ritos de magia negra, com as suas invocações aos mortos, com as suas conjurações a demonios, e com as perversões litúrgicas dos ritos oficiais da Igreja, tem raízes milenares no culto maniqueísta da antiga Pérsia. Acredita-se que os célebres Templários foram beber aos conhecimentos desta ancestral religião maniqueísta, e foi a partir daí – tal como sucedeu com os monges Cátaros e padres Valdesianos – , que nasceu o Satanismo. Com os templários e o renascimento do interesse por um Arqui-Demonio todo-poderoso que se opõem em pé de igualdade com Deus, deu-se inicio a uma violenta perseguição e condenação de bruxas e bruxos ao longo de toda a Idade Media, a até depois dela.  O termo «satanismo» ficaria soterrado nas areias do tempo, para apenas ressurgir em 1896, aquando da celebração de Missas Negras.

o Diabo: a doutrina do Satanismo conforme um caso verídico 

Houve um caso sucedido em França por volta do ano de 1330/35, que foi historicamente documentado, e que retrata a própria teologia satânica, ou teologia das bruxas. Isso foi observado no célebre caso da bruxa Catherine Derlot. A bruxa Catherine Derlot participou em memoráveis Sabbats Satanicos, onde os mais fortes de trabalhos d magia negra eram celebrados. Catherine Derlot tornou-se bruxa quando estando nos seus afazeres domésticos numa localidade de nome Pech-David em Toulouse, ela foi abordada por um homem de elevada estatura. O homem encantou-a com o seu olhar, e seduzindo-a, convidou-a a participar num Sabbat Satanico. Na próximo noite de sábado, Catherine Derlot compareceu á reunião de bruxas, onde viu o Diabo incorporar num enorme bode negro. Depois de o saudar, Catherine Derlot submeteu-se-lhe, dando-lhe os prazeres que o Diabo queria. Em troca, o Diabo ensinava-lhe todo o tipo de bruxedos para todo o tipo de assuntos, cada um deles sempre eficaz e de efeitos visíveis. O Diabo pedia-lhe também que frequentasse missas negras onde se profanavam as missas da Igreja, e se honrava a Satanás. Na sua iniciação, a bruxa Catherine Derlot recebeu um caldeirão como presente do Diabo, assim como ensinamentos sobre a forma como acender um fogo amaldiçoado que fosse chamamento ao próprio fogo dos infernos, assim realizando as mais fortes magias negras nesse caldeirão. Aprendeu também os ingredientes para os mais poderoso bruxedos feitos no caldeirão oferecido pelo Diabo, tais como ervas venenosas, órgãos de animais, e certas partes de defuntos que não houvessem sido baptizados, ou até obtidos por meio de sacrilégio ao solo consagrado dos cemitérios. Desses defuntos, usavam-se pedaços de unhas, pedaços de cabelo, pedaços de roupa, dedos, orelhas, línguas, cada coisa apropriada ao tido de bruxaria que ia celebrar. A bruxa Catherine Derlot muitas vezes afirmava para grande escândalo dos padres, que:

«Deus e o Diabo eram deuses iguais, um reinando sobre o reino do Céu, e outro reinando sobre o reino da Terra. Todas as almas que o Diabo conseguia seduzir, eram almas perdidas para o Altíssimo Deus do céu, e viveriam  perpétuamente na terra e no ar deste mundo, indo todas as noites visitar as casas onde habitaram em vida, e inspirar os vivos a servir ao Diabo ao invés de servir a Deus. Essas almas de antigas bruxas vagueando a terra, seriam por isso angariadoras de novas bruxas, num círculo que se perpetuava sem cessar. Afirmava a bruxa que recebeu estes ensinamentos do próprio Diabo, e que a luta entre Deus e o Diabo tem existido desde o início da eternidade, continuará a existir até ao fim da eternidade, e nunca deixou nem deixará de existir, porque é eterna, sem início, nem fim. Umas vezes um sai vitorioso, outras vezes o outro sai vitorioso, num ciclo sem fim, que sempre existiu, e sempre existirá. E é deste ciclo eterno e desta disputa sem fim que nasceu a própria Criação, e é esta contenda entre opostos que alimenta e sustenta a existência da própria criação. Sem esta luta entre um e outro, nada existiria.»

Era esta a doutrina que o próprio Diabo ensinara á bruxa Catherine Derlot, que é a doutrina do Satanismo que perdura viva até aos nossos dias.

Para saber mais, leia tambem:

Magia negra e Satanás

Magia negra e Satanismo

Lúcifer e Satanás

Lilith

Lilithé esposa de Lúcifer, é RAINHA do Inferno, uma das quatro rainhas de Hades ou Reino dos Infernos. Também teve por amante o demónio Asmodeus, e deitou-se com inúmeros outros demónios. Lilith tem asas demoníacas, como um ser da noite, um predador das trevas. Um dos seus símbolos é uma coruja , pois que o seu nome na tradição hebraica significa isso mesmo: «coruja».Pode também assumir a forma de uma serpente, de um mocho, de um abutre, de um gato selvagem, de uma hiena, e de todas as criaturas do inóspito e desolador deserto. Pode também assumir a forma do próprio vento do deserto, sendo muitas vezes chamada de «fantasma do deserto», «espírito do deserto», ou «espírito de vento» que ninguém sabe de onde vem, nem para onde vai. Na Bíblia, Lilith é falada no livro de Isaías 34,14, onde se diz que ela é um fantasma, um espirito. Mais que isso, para os povos da antiguidade pré-hebraica, Lilith era uma deusa lunar, deusa dos ventos, senhora dos desertos e das criaturas da noite, rainha dos infernos ou do mundo dos mortos. Na religião greco-romana, terá sido vista como uma Lâmia, um espirito feminino com a aparência de mulher da cintura para cima, e serpente da cintura para baixo. Nas religiões da Mesopotâmia, foi cultuada como Lamashtu, uma deusa malévola que se manifestava criando problemas durante o parto, ou que roubava recém-nascidos para se alimentar do seu sangue, e que por vezes era retratada ajoelhada a amamentar um cão, ou em pé segurando serpentes.  Na verdade Lamashtu não matava as crianças como se pensa: aquilo que Lamashtu fazia era retirar do corpo da recém-nascido a alma humana com que uma criança nasce, substituindo-a pela alma de um filho ou filha seu, ou seja, por um espirito de trevas ou por um espirito de bruxaria. Dessa forma, Lamashtu reproduzia-se e reproduzia a sua prole de descendentes encarnados neste mundo. Ao fazer isto, obviamente que surgiam algumas complicações do parto, pois o recém nascido era morto e reanimado durante o parto. Mais tarde, era frequente visitar esses bebés durante a noite, ou enquanto eles estavam a ser amamentados, o que causava grande assombro ás mães humanas.

Lilith é na verdade a primeira humana bruxa da humanidade, mãe de todas as bruxas, a mais velha e ancestral antepassada de todas as bruxas, e que viria a transformar-se num anjo-negro, numa deusa.

Dizem as velhas tradições hebraico-rabínicas, que Lilith foi a primeira mulher criada por Deus para ser a esposa de Adão. Porem, Lilith desagradou-se com o papel subserviente que deus lhe tinha destinado junto de Adão, e quis separar-se de adão, assim como abandonar o éden. Só depois dela já ter conseguido os seus intentos e ter abandonado o éden, é que Deus – apos os queixumes e lamurias de Adão – então criou Eva, uma versão mais submissa ao homem, e por isso agradável a Adão.

Pois assim sendo:

Diz a história rabínica diz que Lilith não aceitava ficar sempre por baixo de Adão durante o acto sexual, e muito menos resignar-se ao seu papel de um ser subserviente ao homem. Foi nesse momento que Lúcifer mostrou-se a Lilith, e Lilith enamorou-se dele, e ele seduziu Lilith. Lilith torna-se amante de Lúcifer ainda enquanto ela estava casada com Adão, e em troca Lúcifer ensinou-lhe artes magicas. Ora: quando isso aconteceu, aconteceu então o primeiro acto de bruxaria da história da humanidade, ou seja o acto que é a própria definição de bruxaria, ou seja: o acto através do qual a mulher entregando-se á luxuria com um anjo ou um demónio, dele recebe saberes mágicos que lhe permitem praticar a bruxaria. Dessa forma, Lilith tornou-se a primeira bruxa da humanidade. Mais tarde, outras mulheres viriam a fazer o mesmo mas com Satanás, o que originou o diluvio, conforme acima se explicou.

Ora:

um dos ensinamentos ocultos que Lilith recebeu era poderosíssimo, pois foi-lhe revelado o inefável nome de Deus, ou seja, o nome secreto de Deus, o indizível nome que ninguém conhece nem sabe pronunciar, senão os que eram mais próximos de Deus, ( o arcanjo Lúcifer, seu primeiro filho angelical, o mais belo, luminoso e radiante de todos os seres celestiais ), pois o conhecimento desse Inefável Nome secreto permite invocar a Deus tal conforme se invoca a qualquer outro espírito, e Ele é compelido a comparecer. Por esse motivo é que o Nome de Deus é chamado o «Inefável Nome», e Deus sempre o escondeu e esconde.

Quando tendo recebido de Lúcifer esse Inefável Nome secreto de Deus, Lilith fez uma formidável magia, ou seja conseguiu invocar a Deus e assim – lidando com Ele directamente – alcançar a sua liberdade, escapando assim do éden e á subjugação ao seu marido Adão. Ao alcançar um tal feito, Lilith deixou de ser apenas humana, pois recebeu de Deus as suas asas de anjo que lhe permitiram abandonar o Éden, embora sendo essas as asas de um anjo-negro, ou um anjo-caído. Lilith viu-se então livre, e foi habitar perto do mar vermelho.

No fundo, contam certas histórias que Deus vendo-se apanhado na conjuração da magia de Lilith, Ele que é todo-sapiente deu-lhe um presente envenenado, ou seja:

Tendo ela sido tao hábil nas artes da magia que foi a única pessoa a conseguir conjura-LO num feitiço, então Ele não lhe deu o destino que daria a um comum mortal por uma tal afronta. Ao contrário, reconhecendo a habilidade de Lilith nas artes ocultas, ele – com uma solução irónica – aceitou deixá-la sair do Éden, mas numa condição: ela sairia do Éden não com humana, mas sim como um espírito, como um anjo. Deu-lhe por isso a condição de espírito celestial equivalente um anjo – que na antiguidade pagã equivalia ao estatuto de um deus ou uma deusa – , deu-lhe as asas de anjo, transformou-a num espirito idêntico a um anjo ou a uma deidade, e deixou-a voar para a liberdade.

Ora:

Na verdade, o recebimento das suas asas e da sua imortalidade angelical foi uma bênção e uma maldição ao mesmo tempo, pois se por um lado foi a primeira vez – e talvez a única – que um humano deixou de ser apenas humano para passar a ser como um anjo – imortal e com asas angelicais – , porem ela ficou para sempre impedida de ascender aos céus – tal como Lúcifer – ,e por isso, depois de voar para fora do Éden, ficou condenada ao exilio na terra, tendo por lar aquilo que na antiguidade clássica se chama o mundo subterrâneo ou o reino dos mortos, ou aquilo a que se chamam actualmente o inferno.

Estando livre de Adão e do éden, e habitando já na terra, Lilith casou-se com Lúcifer, que foi quem a seduziu e por quem Lilith se enamorou quando ainda habitava no éden como esposa de Adão, e enquanto primeira mulher criada por Deus. Ela foi seduzida por Lucifer, e em troca recebeu o conhecimento da magia, através do qual conseguiu invocar a Deus, o que fez dela a primeira mulher a praticar a magia, e logo a primeira bruxa. Por isso, depois de fugir do éden, casou então com Lúcifer, tornando-se rainha dos infernos. Foi porem um casamento profano, porque fora da lei de Deus, através da qual o Senhor a tinha casado para a eternidade com Adão.

Mesmo depois de ter fugido ao éden e a Adão, e de já estar a habitar junto ao mar vermelho e casada com Lúcifer, Deus – antes de criar Eva, e respondendo aos queixumes de Adão – ainda mandou Lilith ser perseguida por 3 anjos que tinham por missão rapta-la, e traze-la de volta para o éden. Escusado será dizer que não conseguiram, e Lilith permaneceu com Lúcifer.

Senhora de uma luxuria insaciável e perigosa, Lilith dormiu com vários demónios, e deles obteve ainda mais segredos das artes da bruxaria e da magia-negra, e aí sim, confirmou-se como a primeira bruxa de todas as bruxas na história da humanidade, agora já na condição de deusa, uma deusa lunar, uma deusa da magia e da feitiçaria. Lilith foi também amante do demonio Asmodeus, ao mesmo tempo que de Lúcifer.

Dizem certas tradições hebraicas, que dai em diante, todas as bruxas são suas filhas, todos os bruxos são seus filhos, pois em todos os bruxos e bruxas habita um espírito de trevas ou um espirito bruxaria que tem origem em Lilith, ou seja, cuja a mãe é Lilith, pois foi ela que colocou esse espirito demoníaco dentro do corpo humano no momento do seu parto.

Lilith é senhora de uma ávida, perigosa e insaciável voracidade sexual e luxuriosa, pois é da através da luxuria e do acto sexual que ela extrai a essência vital de um corpo para se alimentar, ou seja, é um demónio Succubus.

Houve alguns casos famosos de Sucubus conhecidos no decorrer da historia, sendo um dos mais notórios o caso de Papa Silvestre II , que no final da sua vida confessou ter feito um pacto com uma Succubus de nome Meridiana.

Outros demónios importantes:

As quatro rainhas do inferno:

Lilith – é um demónio succubus, o primeiro de todos os demonios Succubus. Lilith é esposa de Samael. Ler acima tudo sobre Lilith.

Namaah – foi o demónio feminino que depois de Caim ter morto Abel e Adao se ter momentaneamente separado de Eva , foi ter com Adão – junto com Lilith – e com ele dormiu, tendo tido dele uma descendência de filhos demoníacos, a que se chama «as pragas da humanidade»

Agrat bat Mahlat – demonio feminino que é a amante das feiticeiras, a quem ensina os maiores segredos sobre magias. È seguidora de Lilith, sua mae. Diz a lenda que nas noites de quarta-feira e sábados, ela dança pelos tectos, telhados e céus assombrando e desinquietando este mundo, ao passo que a sua mae – Lilith – incorporada numa coruja, lança os seus uivos nocturnos. Dizem as lendas que depois te ter sido aprisionada numa caverna no mar morto, foi liberta pela rei David, e dormiu com ele, revelando-lhe vastas sabedorias ocultas.

Eisheth –  demónio feminino que devora as almas humanas dos condenados no inferno. Pode porem tambem vir a este mundo devorar as almas humanas assombrando-as com tormentos espirituais, muitas das vezes – e em casos extremos – acabando por gerar estados de insanidade.

Mais demónios importantes:

Asmodai – Asmodai na magia negra é o filho de Samael e Lilith. O seu nome significa a «espada de Samael», pois ele é o demonio da vingança. Algumas tradições Talmudicas dizem que foi ele que ajudou Salomão a erigir o seu fabuloso templo.Foi adorado pelos Persas na forma de um Deus. Também é conhecido por induzir á tentação do jogo ou ao vicio de jogar, umas vezes favorecendo, outras vezes desgraçando os humanos caídos na tentação. Há Grinórios que afirmam que Asmodai e Asmodeus são a mesma entidade, observada de formas diferentes em contextos diferentes.

AsmodeusAsmodeus na magia negra é o demónio da luxuria: Por isso mesmo foi amante de Lilith, por ela escolhido. Agrada-lhe atrair os humanos para a devassidão. Este demónio se bem invocado, garante sucesso nas bruxarias de magia negra em casos de amarrações destinadas á luxuria. Asmodeus foi o demónio que matou os sete maridos de Sara, pois desejava-a apenas para si mesmo, quer ela quisesse, ou quer ela não-quisesse.( vide Tobias 3; 8,17) O  Malleus maleficarum (1486), faz menção a Asmodeus descrevendo-o como o demónio da fornicação, e chefe das abominações. Diz o Malleus Maleficarum,  que a este demónio chama-se «criatura do julgamento», pois foi por causa dos pecados que ele inspira, que «um terrível julgamento se abateu sobre Sodoma e as outras quatro cidades

Na sua obra Demonolatry ( 1595), o célebre e influente demonologista Nicolas Remmy( 1530 – 1612), faz nota que Asmodeus é o demónio também conhecido como Samael, e é a contraparte de Lilith.

Já o notório demonologista Johanes Weyer ( 1515 – 1588), discípulo do célebre ocultista Cornelius Agripa ( 1486 – 1535), e autor do influente Pseudo Monarchia Daemonum , dá na sua obra bastantes detalhes sobre este demónio, associando-o ao Deus Pagão Persa Aêshma Daêva, embora haja autores que apontam o nome de Asmodeus como sendo de origem semita, e vindo na palavra hebraica «hasmed» que significa destruição. Ashema ou Aêshma é um demónio cuja a existência já remonta há mais de três mil anos, e era o demónio do desejo carnal, ou da luxuria. As tradições talmúdicas, implicam o demónio Asmodeus na origem do estado de embriaguez de Noé.

Na obra Le Diable Boiteaux ( 1707), de Alain-René Lesage ( 1668 – 1747), Asmodeus era o demónio que revelava toda a verdade sobre a vida intima das pessoas, pois era conhecedor de todos os seus mais íntimos e ocultos desejos. De acordo com a Michaelis Hierarchy (1613) do padre Dominicano Sebastien Michaelis, Asmodeus era um dos príncipes Serafins do Céu, antes da sua queda. Os gnósticos dos primeiros tempos da cristandade, inspirando-se pela ordem de classificação de espíritos de Platão ( n. 429 aC), definiram a hierarquia dos anjos. A primeira e mais alta ordem angelical eram os serafins, a segunda os querubins, a terceira os tronos, a quarta os domínios, a quinta as virtudes, a sexta os poderes, a sétima os principados, a oitava os arcanjos, sendo a última de todas a nona ordem, que é a dos anjos. Antes da sua queda, Lucifer pertencia á primeira ordem dos Serafins, assim como Asmodeus. Diz que Asmodeus é o demonio adversário de são João Baptista. O Testamento de Salomão, é um relato do século X sobre a construção do templo e Salomão com a ajuda de demónios; o Liber Pentaculorum, que provavelmente é o mesmo que o tratado De Necromantia ad Filium Roboam que o padre Gretser, um Jesuíta Alemão encontrou na biblioteca do Duque da Baviera ; No Testamento de Salomão, Asmodeus aparece com o demónio que interfere nos assuntos do coração, especialmente nos recém-casados, ou naqueles que estão para se casar, ou até em quem deseja outrem que é casado. Asmodeus foi um dos demónios que possuiu a freira Madeleine Bavent no célebre caso das possessões demoníacas ocorridas no convento de Louviers em 1642-43.

No Grimório medieval «A chave de Salomão», ele lidera o génios/Jinns/Genii da ira e sedição, da insurreição, da rebelião, das revoluções e das revoltas, nesses casos assumindo o nome de Samuel, o Negro. Diz-se que aquando da rebelião de Lúcifer contra o seu Pai, Asmodeus foi um daqueles que tomou o lado do anjo rebelde, e apoiou fortemente a insurreição celestial, a revolta que resultou na queda de um terço dos anjos do céu. Porem, a verdade é que Asmodeus seria para sempre conhecido como o demónio da Luxuria, a quem trabalhos de magia negra devem ser endereçados em casos amorosos ou eróticos, seja para unir homem e mulher através do irresistível desejo carnal, ( como Asmodeus seduziu Eva depois dela ter sido expulsa do paraíso, levando-a ao adultério para com Adão), seja para os separar através da discórdia conjugal ( conforme Asmodeus conseguiu separar e afastar os 7 maridos de Sara, tal como revelado no Livro de Tobias). O ocultista francês do século XIX Jacques Auguste Simon Collin de Plancy, indica-o como tendo sido o demónio que seduziu Eva já depois dela ter sido expulsa do paraíso, e com ela ter tido relações carnais, e assim ser o verdadeiro pai de Caim, sendo esse o verdadeiro e desconhecido motivo pelo qual Deus tanto se desagradou com Caim, e preferiu Abel. Asmodeus terá agido com aliança com Lilith, pois quando Adão e Eva se separaram durante algum tempo, foi Lilith que por seu lado seduziu Adão, com ele mantendo relação de fornicação e luxuria, e dele engravidando, dando origem uma descendência que era uma linhagem de demónios. Asmodeus foi tido por isso como amante de Eva, bem como amante de Lilith, juntamente com Lúcifer.

Asmodeus era por isso a divindade Persa conhecida por Aeshma, que os hebraicos viam como o demónio causador dos problemas conjugais entre homem e mulher, seja fazendo por impedir e atrapalhar as relações carnais entre ambos, seja promovendo o adultério. Era também o demónio da luxuria. A este demónio agrada-lhe incorporar num carneiro, num touro ou num homem másculo, soberbo e viril.

Antigos grimórios de magia negra, apontam este demónio como sendo o adequado para se dirigirem trabalhos de magia negra de assuntos amorosos, assuntos de luxuria, assuntos para amarração de casais ou separação de casais, e até assuntos de retribuição ou vingança.

Abraxas, Abrasax, Abracax – O demónio Abraxas está intimamente ligado ao famoso encantamento «Abracadabra», que embora seja vulgarmente conhecida por ser uma expressão usada nos palcos dos ilusionistas, na verdade tem pouco de brincadeira, e muito de sério. Longe de ser uma expressão de meros truques, brincadeiras e encenações de palco, a expressão «Abracadabra» era um encantamento poderoso, tão antigo que a sua origem se perdeu nas névoas dos tempos. O encantamento servia para comandar espíritos malignos causadores de enfermidades, padecimentos, e até a morte. O encantamento «abracadabra»,  foi mencionado da obra de Quintus Serenus Sammonicus (f. 212 d.C),, um medico da Roma Antiga que acompanhou o Imperador Severus (145 -211 d.C), na sua ida a Inglaterra no ano de 208, e diz-se que foi usado com grande eficácia no imperador, permanecendo porem o caso envolto em mistério, pois não se sabe se foi para o salvar, ou se foi para o assassinar. O encantamento «abracadabra», diz-se derivar de uma alteração do nome Abraxas, o nome de uma misteriosa divindade pagã cuja a origem se perdeu no tempo. O nome era já mencionado por Basilides da Alexandria ( f. 140 d.C), um célebre professor de religião gnóstica da Alexandria. Foi na Alexandria que existiu a maior biblioteca de conhecimento universal da antiguidade. A sua perda foi irreparável, pois com essa biblioteca perderam-se inestimáveis livros e conhecimentos, alguns dos quais versando sobre magia, bruxaria e divindades como Abraxas. Ao estudar o encantamento «abracadabra», Basilides da Alexandria descobriu que continha sete letras do alfabeto grego que chegavam ao número 365, o número de dias do ano. Entendeu por isso o professor religioso como é que o encantamento podia ser usado para comandar os espíritos que comandam cada dia do ano. Segundo Jacques Collin de Plancy ( 1793 – 1881) célebre ocultista e demonologista Francês, autor do influente «Dictionnaire Infernal», um tratado de demonologia publicado em 1818, Abraxas foi uma divindade pagã venerada pelos Egípcios do século II, um Deus que governava sobre os 365 dias do ano. Um culto herético fundamentado nas doutrinas de Basilides, afirmava que Jesus Cristo tinha sido um espírito benevolente enviado por Abraxas a este mundo. Irenaeus, foi um teólogo e Bispo grego ( n. 130 dC), que na sua obra, ao descrever várias doutrinas heréticas, menciona a doutrina de Basilides onde se fala de Abraxas enquanto um Deus, e rebate essa ideia, demonstrando que era uma heresia, pois na verdade Abraxas era um demónio. Na demonologia, Abraxas é o demónio Abrasax, um demónio que aparece numa visão de um ser com cabeça de galo, uma barriga enorme e um rabo atado. E o encantamento «Abracadabra», faz um forte chamamento desse demónio e dos seus poderes, seja para auxiliar em questões de saúde, ou seja para causar enfermidades, e até a morte. Lewis Spence  (1874 – 1955), notório ocultista escocês, afirma na sua obra «Encuclopaedia of Occultism» ( 1920), que Abraxas ou Abracax era o Deus da seita de Gnósticos da Basileia, professando eles que o nome Abraxas continha grandes mistérios, pois era composto pelas sete letras gregas que compõem o numero 365, que também é o numero de dias do ano. Acreditavam assim que tinham comando sobre 365 divindades, a quem atribuíam 365 virtudes, uma para cada dia do ano. Há mitologistas antigos porem que colocam Abraxas entre as divindades pagãs dos mais antigos Deuses Egípcios, entretanto esquecidos e perdidos no tempo. Já certos demonologistas catalogam-no como um demónio com a cabeça de um rei, e serpentes como pés. Abraxas, Abracax ou Abrasax, era representado em antigos amuletos com um chicote na sua mão, atribuindo-se a isso o significado que do encantamento «Abracadabra», ou seja, representando o chicote deste demónio, e invocando a sua chicotada a ser infligida na vitima de um bruxedo. Quando usado correctamente, este célebre encantamento de magia negra dirigia as chicotadas deste demónio á criatura embruxada, e era por isso temível, pois podia levar a grandes padecimentos, ou até á morte.

Puck –– o demónio Puck, cujo o nome tem raízes no inglês arcaico, e é uma reminiscência de Pucca, é um demónio travesso, indecente, astuto e cheio de artimanhas. Na Idade Media tanto os  demonologistas como as tradições populares passaram-no a chamar de Robin, ou Robin Goodfellow, que se dizia ser um demónio na forma de um duende, que também podia incorporar em corpos humanos masculinos. Foi o espíritos demoníaco familiar da mais célebre bruxa Irlandesa do século XIV, a bruxa Alice Kyteker de Kilkenny.

Gaap – na magia negra é demónio que pode assumir forma humana, e que incita ao amor, sendo porem que esse amor  inspirado demoniacamente pode torna-se obsessivo e doentio. Este demónio possibilita á mulher alcançar os seus desejos amorosos, e porem ao faze-lo também lhe pode causar infertilidade, ou problemas de gravidez, ou deformações aos fetos no ventre durante a gravidez, ou faze-la dar á luz um nado-morto, ou fazer a mulher falecer no parto, ou fazer os seus filhos nascerem com terríveis maldições, ou infestar as mulheres da sua família, ( irmãs, mãe, filhas, etc), com padecimentos. Usar deste demonio para bruxarias amorosas representa um forte trabalho, e porem apenas deve ser executado por um verdadeiro bruxo conhecedor dos segredos que regem estes demonios, a fim de não causar efeitos indesejáveis.

Abbadon – na magia negra é o demónio que semeia a discórdia. A sua invocação sendo bem executada é imparável em bruxarias para separar um casal, ou em feitiços para causar desarmonias num lar ou numa família.

Baphomet – na magia negra, baphomet é o demónio que é conhecido pelo nome de o «bode negro», e o seu nome surgiu inúmeras vezes em julgamentos da Santa-Inquisição durante os tempos medievais da caça ás bruxas. Baphomet é um demónio que incorpora num bode negro, e tal demónio foi venerado no Egipto, na cidade de Mendes, onde foi erigido um templo no qual um bode negro era exposto á possessão pelo demónio, sendo que depois do demónio Baphomet entrar no bode, este copulava com as sacerdotisas do templo durante os ritos ali celebrados. Os cavaleiros templários foram acusados de adorar a Baphomet, assim como de praticarem actos profanos e heréticos tais como cuspir e urinar na cruz, e a prática da sodomia, considerada um acto do Diabo. Na idade media há relatos de jovens bruxas serem seduzidas por um bode negro, que também presidia á celebração dos Sabbats. Nessas ocasiões, o demónio Baphomet incorporava num bode negro, e exercia um fascínio espiritual sobre as jovens, levando-as a cometer actos impuros e a renunciar a Deus. Baphomet é representado na imagem de um demónio com corpo humano e cabeça de bode negro, sendo que possui seios femininos, mas um órgão sexual masculino. Baphomet é também chamado o «bode de Mendes», e é um demónio que preside a ritos e cerimoniais Satânicos, que inspira a actos perversos contra Deus, e que é por isso patrono de rituais como missas negras. O bode esteve desde sempre associado ao culto dos Deuses pagãos, até mesmo dos mais venerados na Antiguidade. O escritor grego Hesíquio de Alexandria, autor do século V, menciona na sua obra como na Grécia da Antiguidade havia no templo de Apolo um enorme bode de bronze, ao qual eram prestadas honras solenes e divinas. O grimório Demonolatreiae ( 1595) do notório demonologista Nicolas Remy ( 1530 – 1612), faz nota da historia clássica de Teseu, que estava prestas a sacrificar uma cabra á Deusa Vénus, quando ela imediatamente a transformou num bode, para fazer entender que o bode era sua criatura preferida, a criatura que assinala o poder dos Deuses pagãos. Faz por isso notar o demonologista Remy, que o bode é a criatura que mais agrada ao Diabo, quando se trata de receber os favores e devoção dos seus fieis. Tal caso é substanciado pelo relato escrito por Robert Gaguin ( 1443 – 1501), um teólogo e erudito abade em Evreux. Conta o abade que houve um certo homem de nome Guillaume Ediline, que se apaixonou loucamente por uma certa donzela nobre. Não tendo esperança em possuí-la, o homem achou por bem satisfazer a sua paixão com a ajuda do Diabo a qualquer preço, ao invés de sofrer para sempre com aquela sua paixão insatisfeita. Para obter o seu desejo, o Diabo pediu-lhe apenas uma coisa: que se ajoelhasse e curvasse suplicantemente diante do Demónio na forma de um bode, e o venerasse. Assim também se ficou a saber como o demónio Baphomet tem especial poder em assuntos eróticos, de luxuria e amorosos, dando um espantoso poder aos trabalhos de magia negra de amarrações que sejam celebrados com a invocação da sua infernal influência.

Na Idade Media, quando uma jovem bruxa passava de noviça a bruxa, ela era baptizada pelo Diabo num cerimonial satânico. O cerimonial é detalhadamente descrito na notória obra «compendium maleficarum», ou o «O COMPÊNDIO DAS BRUXAS» de 1608, do padre Italiano Francesco-Maria Guazo (n. 1570). Sempre que as bruxas terminavam o seu Baptismo, o Diabo desenhava um circulo no chão, em torno do qual se colocavam as noviças, as bruxos e os bruxos, que em voz altar confirmavam por juramento todas as supracitadas promessas. Todos fazem o juramento nesse círculo, porque o circulo é o símbolo da Divindade, assim como a Terra é um circulo, e a terra é um supedâneo de Deus, e assim Satanás pretende que o aceitem como Deus e Senhor da Terra. Este é o motivo pelo qual os ídolos representando Baphomet o retratam sentado em cima da terra, que é um círculo. Ao faze-lo, estão a retratar Satanás enquanto Senhor da Terra. Por volta do ano de 1335, a bruxa Anne Marie de Georgel confessou abertamente pertencer ás hordas de seguidores de Satanás. O caso sucedeu em Toulouse, na França. A bruxa afirmava que conforme se ensinava nos Sabbats e Missas Negras das bruxas, se é verdade que Deus é o Senhor dos Céus, porem Satanás é o Senhor da Terra. As missas negras das bruxas eram celebradas diante de um altar de Deus onde porem encontrava a imagem do Diabo, na forma de bode com seios humanos, cornos e um falo erecto. Tratava-se assim da imagem de Baphomet, sempre omnipresente seja em missas negras, seja nos Sabbats das bruxas.

Eliphas Levi, ( 1810 – 1875), foi um famoso ocultista francês, notório pelas suas investigações sobre o oculto e a magia. O notório ocultista e demonologista não apenas se debruçou sobre a história da bruxaria, como sistematizou e catalogou hierarquias de demónios, e também se debruçou muito atentamente ao estudo do demónio Baphomet, a quem ele chamou a Cabra Sabática ou o bode de Mendes. Na visão de Levi, este demónio representava o próprio Universo e todo o seu poder, e continha em si os princípios do bem e do mal. Era o Deus que os Templários veneravam. E convencido disso, o demonologista fascinado com este demónio lançou-se a experimentar muitos bruxedos de magia negra. Supostamente entrou em pânico quando viu o poder que eles libertavam, e os resultados que alcançou. Fechou as suas pesquisas em segredo, e nunca mais voltou a tocar no assunto. Assim ficou historicamente documentado um testemunho que confirma o enorme poder dos trabalhos de magia negra.

Em 1818, foi descoberto entre as antiguidades do Museu Imperial de Viena, uma cabeça de Baphomet, o ídolo venerado pelas bruxas nos seus Sabbat, e pelos Templários nos seus ritos satânicos. A ordem religiosa dos templários ficou famosa pelo seu culto ao Diabo e aos seus ritos satanistas. Os Templários chamavam ao demónio Baphomet a divindade Mêté , que significava «Sabedoria». Já nos Sabbat das bruxas, era Baphomet que trazia sabedoria ás bruxas, ensinando-lhes os segredos da magia negra, e instruindo-as sobre as mais ocultas e poderosas formulas de trabalhos de magia negra. Durante muito tempo estas cabeças douradas de Baphomet foram conservadas em Marselha, na França.

Para saber mais sobre Baphomet e os seus segredos, leia: Tudo sobre o demónio BAPHOMET e a IMPIA TRINDADE DO INFERNO

Furcas – demonio que é o cavaleiro do inferno, fazendo-se manifestar como um homem forte, já de alguma idade, de barbas brancas, cavalgando um cavalo e empunhando uma forquilha. È o demónio da crueldade.

Furfur – Furfur é um dos 72 Espíritos de Salomão, que por vezes lhe agrada manifestar-se na forma e um veado. È um demónio invocado pelas bruxas para provocar o amor conjugal, sendo frequente que quanto há trabalhos envolvendo a sua presença possam ocorrer raios, trovoes ou perturbações eléctricas. Na magia negra, Furfur é um demónio mentiroso, que apenas diz a verdade quando conjurado num triângulo magico, e aí compelido a isso. Furfur pode causar o amor entre homem e mulher, mas também pode levar o amor a ser uma tortura devido ás mentiras, infidelidades e enganos. Por isso, em assuntos amorosos e amarrações amorosas, apenas um bruxo conhecedor destes demónios poderá lidar com este espírito de trevas, sem se causarem desgostos. O seu nome deriva do latim «Furcifer» que quer dizer «canalha». A este demónio agrada-lhe manifesta-se em trovoes, trovoadas, tempestades e relâmpagos.

Eligor – ou Abigor é um dos 72 Espíritos de Salomão, um demónio que pode operar grandes prodígios em assuntos de amor, ou de guerras.

Azazel – um demónio já conhecido dos demonologistas medievais, e relacionado com o elemento do Ar. John Milton ( 1608 – 1674),na sua obra «Paradise Lost» de 1667, Livro I, descreve Azazel como um dos anjos rebeldes que se juntou a Lucifer na revolta contra Deus. Diz-se que quando foi ordenado ajoelhar-se diante de Adão, Azazel recusou-se afirmando que um filho do fogo que arde sem se consumir, ( ou seja, um anjo), não se deve curvar a um filho do pó. Como resultado da sua desobediência ele foi expulso do céu. A queda do demónio Azazel neste mundo sucedeu num deserto, e desde então que ele habita nos desertos. Quanto quer assumir forma física, Azazel incorpora numa cabra, e o seu nome aparece na Bíblia associado ao ritual de expiação do bode expiatório, praticado pelos hebraicos no décimo dia do sétimo mês. Azazel ensinou os homens a fabricarem armas, assim como espelhos. Segundo a obra The Secret Doctrine ( 1888), de Helena Blavatsky ( 1831 – 1891), os espelhos mágicos são sua invenção, e é este demónio que opera quando se lida com eles.

Balkin – Nome de um espírito de trevas incluído nas instruções de conjuração descritas pelo célebre demonologista Inglês Reginald Scot. ( 1538- 1599) Na verdade o demónio Balkin é o Deus Baco, e uma vez invocado pela bruxa, depois de lhe responder a todas as suas questões, oferece-lhe de presente um espirito demoníaco familiar que a acompanhará enquanto a sua vida durar. O demonio Balkin é mencionado no grimório The Discovery of Witchcraft, (1584).

Bathin – ás vezes escrito Bathym, ou até Mathim, este demónio é mencionado pelo célebre demonologista Inglês Reginald Scot. ( 1538- 1599), na sua obra Discovery of Witchcraft, 1584, Livro XV, Capitulo III, nas suas instruções sobre «Como conjurar os três Espiritos, Paymon, Bathin e Barma». Este demónio é um dos Espíritos Enochianos, que tende a manifestar-se na forma de um homem com uma cauda de serpente, e faculta á bruxa conhecimentos secretos sobre ervas de magia negra, o que torna a sua invocação muito importante quando se pretendem poderosas formulas para a realização de trabalhos de magia negra. Já o demonio Barma, antes da sua queda era um poderoso potentado da ordem dos Serafins. Já Paymon é um dos 72 Espíritos de Salomão, e diz-se ser extremamente obediente a Lucifer. Costuma manifestar-se num homem com uma voz aflitivamente alta, sempre rodeado de cortesãos, e com um semblante feminino. Este demonio pode ensinar ás bruxas grande segredos sobre as artes e ciências ocultas.

Alocer, Allocer – o demónio Alocer, é conhecido por ter a pele vermelha, manifestar-se com a cara de um leão, e possuir o dom de ensinar os segredos tanto de artes ocultas, como de ofícios liberais. Este demónio também pode incorporar na forma de um gato, e ficou conhecido o caso deste demónio se ter manifestado á célebre bruxa Marie Dalabert , uma bruxa famosa por volta dos anos de 1643 nos lado francês dos Pirenéus, e que por causa da sua associação a este demónio,  tinha a alcunha de «o gato». O demónio Alocer ,é mencionado na obra «Discoverie of Withcraft» em 1584, de Reginald Scot. ( 1538- 1599) , um célebre demonologista Inglês, onde o seu nome está escrito como Allocer. Alocer é também mencionado no influente Pseudomonarchia Daemonum , do demonologista Johanes Weyer ( 1515 – 1588), discípulo do célebre ocultista Cornelius Agripa ( 1486 – 1535).

Mammon – o demónio Mammon, é o demonio da avareza e das riquezas. Quem quer pactos para ter riquezas, é com Mammon deve compactuar. Porem: é preciso saber como faze-lo, ou acabar-se-á por encontrar o pior destino que é possível imaginar. Em aramaico Mammon significa «riqueza», e dai que se leia na Bíblia que «não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo, a Deus e a Mammon», significando isso que não se pode servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. O notório  Malleus maleficarum (1486), descreve o demonio Mammon como sendo o demonio da avareza e das riquezas mencionado no Evangelho de são Mateus.

John Milton ( 1608 – 74), foi o autor de «Paradise Lost», um dos mais célebres poemas demonológicos e esotéricos, terminado em 1663. Há quem afirme que o autor teve uma verdadeira devoção artística a Satanás, assim como há quem o classifique como um brilhante demonologista que expressou pela poesia alguns dos mais preciosos saberes ocultos. Entre os demónios que Milton descreve na sua obra, encontra-se Mammon, o demónio da avareza, aparece no Livro II de Paradise Lost, como um demónio obcecado pelas enormes riquezas que existem debaixo da terra, como filões de ouro, diamantes, prata, tesouros perdidos repletos de moedas de e joias, etc. O demónio Mammon muitas vezes argumenta que ao invés dos demónios andarem a esticar as mãos a Deus, ou a lançar tentações ao Homem, deveriam antes dedicar-se ao mundo subterrâneo,  e explorar as suas imensuráveis riquezas. Este demónio é responsável por conceder riquezas, e porem é difícil ser persuadido a fazê-lo, senão através dos meios certos que apenas certos bruxos conhecem. O Frei André Thévet ( 1502 – 1590), conta na sua obra como testemunhou que parte de um tesouro enterrado na ilha de Paros foi descoberto por intervenção de uma invocação a Satanás, e fazendo-se apelo ao demónio Mammon.

Azazel – demonio que era um anjo ao serviço de Satanás na legião de anjos que Deus enviou para a terra para observar os humanos, sem porem interferir. Foi junto com Satanás dos primeiros a enamorar-se da beleza das mulheres humanas, e a dormir com elas. Em troca, ensinou aos homens o fabrico de metais e armas de guerra. È o demónio da ira. O povo hebraico – conforme está escrito no livro de Levítico – foi ordenado por Deus a uma vez por ano libertar um bode no deserto e lá deixa-lo, indo esse bode carregado com os pecados do povo, para que Azazel o consumisse e se deliciasse com as transgressões e pecados que o bode carregava dentro de sí. Assim, o demónio ficaria saciado, e não teria o desejo de vir dos confins do deserto para junto do povo, e ali se saciar com os seus pecados.

Bifron –na magia negra é o demónio que se diz vaguear pelos cemitérios, por vezes mudando os defuntos da sua sepultura para outros sítios. A sua aparição é por vezes vista como luzes brilhantes ou fumos irradiantes que flutuam por cima ou em volta de uma sepultura.O demónio Bifron pode possuir corpos de cadáveres, e fazer as almas dos defuntos vaguearem neste mundo, encaminhando-as para outros locais distantes da sua sepultura, a fim que essas almas danadas assombrem pessoas, lares ou locais. Nos trabalhos de magia negra feitos em cemitério, deve-se antes demais saúda-lo – caso ele ali se encontre naquele momento –  e pedir a sua autorização para entrar e ali oficiar os ritos de bruxaria junto das sepulturas, para assim não ir o bruxo inadvertidamente intrometer-se nas actividades infernais deste demónio junto dos defuntos.

Leviatã – na magia negra é o demónio da inveja. É como uma serpente marinha gigantesca e voraz que destrói tudo o que se lhe aproximar, e porem permanece sempre oculta e indetectável, conforme um monstro marinho debaixo do mar, rondando em silencio, esperando o momento certo para engolir a sua presa, e depois digeri-la dolorosamente ao longo de toda a sua vida. Leviatã pode manifestar-se em monstros marinhos, serpentes aquáticas, baleias e crocodilos. Leviatã foi um príncipe da classe dos serafins, e agora feito demónio agrada-lhe atrair os humanos para o pecado da heresia. È também o demónio a quem agrada promover a obsessão pelos bens materiais. O  Malleus maleficarum (1486), faz menção ao demónio Leviatã como sendo o demónio cujo o nome significa «a adição», porque quando Lúcifer tentou Adão e Eva a saírem do paraíso, por orgulho o Demonio prometeu-lhes «a adição» da divindade, ou seja, adicionar-lhes um estatuto igual a uma divindade.

Lewis Spence  (1874 – 1955), notório ocultista escocês, afirma na sua obra «Enciclopaedia of Occultism» ( 1920), que o demonio Leviatã encontra manifestações idênticas noutras culturas, como a serpente Ahi na religião Hindu. Leviatã é mencionado num dos mais famosos casos de possessão demoníaca, que deu origem ao livro «Histoire admirable ie la possession et conversion d’une Penifente», publicado em Paris, em 1613. Nele pode-se observar como uma freira de nome Magdelaine de Palha se encontrava sobre o poder e Leviatã, e outros príncipes do Inferno. Igualmente outra freira do mesmo convento. Nas Litanias do Sabbat satânicos celebrado pelas bruxas ás quarta-feiras e sábados, recitava-se o verso «Lucifer, Beelzebub e Leviatã, tende piedade de nós», assim confirmando-se que Leviatã é um dos poderosos demónios invocados na magia negra, nos trabalhos de magia negra, e na bruxaria. De acordo com os demonologistas dos séculos XVI e XVII, Leviatã era um dos principais demónios do Inferno. Uma obra reveladora de muitos segredos sobre bruxas, foi escrita no seculo XVI, por Peter Binsfeld, um bispo e juiz alemão, que escreveu  De confessionibus maléficorum at sagarum – «confissões das bruxas» , 1598 – , onde estabeleceu uma relação directa entre os demónios do inferno, e o tipo de efeitos causados por uma bruxaria, através da sua conjuração. A maioria dos demonologistas da antiguidade defendiam que a feitiçaria popular e tradicional aliada ao satanismo, ( que consiste na adoração ao Diabo, e aos demónios, e a deuses pagãos), gerava a bruxaria, a magia negra. Na sua obra Binsfeld liga o demónio Leviatã ao pecado da preguiça. O demonio Leviatã foi muitas vezes representado na forma de um dragão, ou de uma serpente marinha. Na magia negra sabe-se que o demónio Leviatã escolhe muitas as vezes a forma de um dragão ou uma forma reptiliana para copular com as bruxas por sí escolhidas. Sabe que Olimpia do Epiro ( 375 – 316 aC), a mãe de Alexandre o Grande era uma célebre bruxa, e sabia-se que havia certas noites em que uma serpente copulava com a bruxa, sendo que Liviatã sempre se agradou em incorporar em serpentes que assim o fazer com as bruxas. A lendária bruxa Olimpia, participava em diversos Sabbat onde se celebravam ritos orgiásticos com serpentes. Há quem nos círculos do oculto afirme que foi num desses ritos orgiásticos envolvendo serpentes, que Alexandre o Grande ( 356 – 323 aC), foi concebido, sendo por isso fruto da bruxa e das influências do demónio Leviatã. Dizem igualmente que foi sob influencia e protecção deste demónio, que Alexandre terá edificado o seu lendário império. Leviatã é o demónio da inveja, e por Alexandre tanto invejar o trono do seu pai, então acabou por conquista-lo através das bruxarias da sua mãe Olímpia, assim como por invejar o reino do seu pai, Alexandre acabou por criar um império mil vezes maior, também com a mão protectora da bruxa Olímpia e do demónio Levitã, que pela magia negra concede favores a quem ele inspira com a inveja. Muitos demonologistas concordaram que alguns dos Príncipes dos infernos eram Astaroth, demónio conhecedor de todos os segredos; Asmodeus, demónio da raiva e da luxuria, Baphomet  geralmente identificado com o bode que assiste aos Sabbat das bruxas; Beelzebub, Príncipe dos demónios identificado com a gula; Belphegor que torna os homens preguiçosos; Lilith, uma demoniza que é uma das rainhas do inferno, rainha dos demónios Sucubbus e a primeira de todas as bruxas, que nocturnamente suga a energia vital do corpo dos homens; Lucifer, governante do Submundo e provocador de orgulho nos homens; Satanás, o primeiro rei do submundo e o tentador, também governador das bruxas;  Mammon, que leva os homens ao amor desmedido pelas riquezas; e Leviatã, o demónio da inveja, essa que devasta vidas, que é mãe e padroeira do mau olhado. Por esse motivo, trabalhos de magia negra envolvendo mau olhado, ou envolvendo a cobiça por aquilo que é alheio, chama sempre aos poderes do demónio Leviatã.

Moloch – demonio que na antiguidade era um deus Canaanita referenciado na Biblia, a quem se faziam sacríficios de crianças. Os sacrifícios eram feitos em estatuas gigantes de bronze com o corpo de um homem e a cabeça de um touro. A estatua era aquecida até se encontrar e ferver, a as vitimas dos sacrifícios eram atiradas para dentro da estátua.  Quando se tratavam de crianças, elas eram colocadas nos braços da estatua. Os sacrifícios – especialmente de primogénitos – eram feito para garantir a prosperidade financeira da família para os seguintes e futuros filhos. O demónio Moloc ou Melchom, é o tesoureiro do inferno, concedendo riquezas a quem compactua com demónios através de detestáveis sacrifícios.

Murmur – na magia negra é demónio que sendo devidamente conjurado, pode obrigar as almas dos defuntos a aparecer ao bruxo conjurador, forçando essa alma a responder a todas as questões que lhe forem colocadas.

Lucifuge Rofocale – demonio cujo o seu nome em latim significa «aquele que foge da luz», ou seja , é o oposto de Lucifer que é «o portador da luz» ou «a luz». È o demónio das trevas, que habita nas trevas, que traz as trevas ao homem ou leva o homem para as trevas.

Belial – na magia negra é o demónio da perversão e da destruição. Na Bíblia é mencionado no salmo 18, verso 5, onde é chamado dos «laços de morte» que envolvem a sua vitima, assim como «vagas destruidoras» que «enchem de medo» a vida de quem este espírito de trevas for infestar.

O Malleus Maleficarum ( 1486), dos demonologistas Jacob Sprenger ( 1438 – 1495), e Heinrich Kramer,  ( 1430 – 1505), afirma que «todo o espírito imundo é chamado de Diabolus, pois Dia significa Dois e Bolus significa Bocado, pois todo o espírito imundo mata os dois bocados do homem, ou seja, a sua alma e o seu corpo.» Revela o Malleus Maleficarum, que entre esses espíritos imundos há um que se chama «Belial, que significa sem jugo ou sem mestre, pois este demónio não se submete seja a quem for, nem a Deus, contra quem luta, ao invés de estar sujeito a Ele». Afirma o Malleus Malficarum que Belial é outro nome para do demónio Beelzebub, o senhor das moscas, que se chama assim – afirma o Malleus – , porque as moscas são uma alusão aos pecadores que caindo nas tentações de Beelzebub, se desviaram e perderam de Deus. Belial é o demónio da mentira, identificado na Bíblia como um grande mal. È um demónio enganador, é um conselheiro do Diabo, e conforme escrito na Bíblia, no livro de Provérbios, capítulo seis, verso doze, este demónio «instiga aos vícios e á perversidade que sai da boca». O demonologista Johanes Weyer ( 1515 – 1588), discípulo do célebre ocultista Cornelius Agripa ( 1486 – 1535),   atribui também o domínio de certos territórios e reinos terrenos, a certos demónios. Segundo Weyer, o demónio Belial é o espírito demoníaco que governa sobre a Turquia. Já Rimmon governa sobre a Russia, Thamuz sobre Espanha, Hutjin sobre Itália, Martinet sobre a Suiça, Belphegor sobre a França, Mammon sobre a Inglaterra, e Leviatã sobre Portugal.

Os gnósticos dos primeiros tempos da cristandade, inspirando-se pela ordem de classificação de espíritos de Platão ( n. 429 aC), definiram a hierarquia dos anjos. A primeira e mais alta ordem angelical eram os Serafins, a segunda os Querubins, a terceira os Tronos, a quarta os Domínios, a quinta as Virtudes, a sexta os Poderes, a sétima os Principados, a oitava os Arcanjos, sendo a última de todas a nona ordem, que é a dos Anjos. Antes da sua queda, Lúcifer pertencia á primeira ordem dos Serafins, enquanto que Belial era da quinta ordem das virtudes.

 

Pazuzu – na magia negra é o rei dos demónios do vento. Tanto é portador de tempestades como de secas, seja na natureza, seja na vida humana, isto é:

pode causar na vida de uma pessoa períodos de grandes «secas» , significando isso a ausência de felicidade, de prosperidade, de amor, de saúde, etc. São momentos de estagnação na vida, em que nada de bom acontece;

Da mesma forma, também pode causar tempestades na vida das pessoas, isto é, momentos em que alguem é atingido por todo o tipo de acidentes, imprevistos, calamidades e desgraças que chovem na vida de uma pessoa como uma tempestade destruidora;

Pan – demonio rei dos Incubbus, ao passo que Lilith é a rainha dos Sucubbus. Pan é um demónio que ficou conhecido na religião da antiguidade Grega como o Deus da natureza, dos pastores e dos rebanhos, da musica, do vinho, e da companhia das mulheres, ou seja, dos prazeres carnais.È também o demónio que inspira tanto a teatralidade como a critica satírica. Na religião romana foi chamado de Fauno, e a sua esposa era a Deusa Fauna. Pã era um Deus pastoral e da pastorícia, um espírito campestre e rústico que assumia a forma de um bode ou um humano com características de bode nas suas feições, com cornos e cascos ao invés de pés. De Pã contava-se a historia de como ele seduziu a Deusa Selene – a Deusa da Lua, uma das formas que o demónio Lilith assume – , pois ele tendo a aparência de um bode, cobriu-se com uma pele de ovelha para enganar a Deusa, leva-la para o campo, e ali toma-la por amante. Pã é um demónio de luxuria, sendo que foi ele que ensinou aos homens a pratica da masturbação. Durante a idade média pã foi venerado pelas bruxas europeias como um Deus cornífero, um Deus de virilidade, de masculinidade, de fertilidade e representativo da potencia sexual masculina, o Deus macho que é o consorte da Deus fêmea. As bruxas celtas veneraram-no como Cernunnos, o Deus cornífero, o Deus da fertilidade, da vida, dos animais, da riqueza, e do submundo ou o mundo subterrâneo dos mortos e dos espíritos.O nome «cernunnos» provem da palavra «cornífero», que para a cultura celta era símbolo de poder, de riquezas, de masculinidade e de virilidade. Nalguns rituais de bruxaria, o demónio ou Cernunnus podia incorporar e encarnar num bode negro que assistia ás celebrações pagãs das bruxas,( como o Sabbat), por vezes copulando com as bruxas, outras partilhando ensinamentos ocultos, e sempre fazendo-as renunciar ao Deus Hebraico-Cristão. Contam também antigos relatos de bruxas, que o demónio cornífero as pode visitar nocturnamente no sono, seduzindo-as, satisfazendo-as com luxurioso prazer, e possuindo-as. O Malleus maleficarum (1486), indica os faunos e sátiros como sendo demónios Incubus. Na França da Antiguidade, tais demónios eram chamados de Dusii. Entre os antigos povos gauleses, o Dusii ou Dusios era a divindade que os Gregos conheceram como Pan, ou os Faunos da religião Romana.

Nicolas Remy( 1530 – 1612), foi um demonologista Francês que presenciou pessoalmente vários casos verídicos de bruxas, bruxaria e trabalhos de magia negra.  Com as conclusões que retirou das suas experiências e observações, Nicolas Remy escreveu a obra «Demonolatreiae», publicado em 1595. Na sua obra Demonolatreiae, Remy faz nota que «os antigos pensavam que o Deus Pã era o causador de terrores repentinos e medos inesperados». Pamphilus Eusebius ( 263 – 339) escrevendo para o Bispo Teodoro, relata uma historia do historiador e filosofo Plutarco ( 46 d.C), sobre o Deus pagão Thamus ou Ammon, e ali inclui todos os demónios com o nome de Pan.

O demónio Pan foi venerado pelos antigos Gregos e Romanos com o Deus na natureza, o Deus cornífero em forma humana, que era da cintura para baixo era um bode. O Deus pagão Pan com o seus cornos, metade homem e metade bode, envolvido com as ninfas nuas no meio da floresta em ritos orgiásticos e místicos, é na verdade como o Diabo celebrava o Sabbat com a suas bruxas antes do Cristianismo, e como o continuou a celebrar depois. Pan é o Deus pagão da natureza, o que é uma forma de ver o assunto. Na verdade, Pan é o Deus pagão da terra e de todas as coisas que existem na terra, que nascem da terra, que habitam sobre a terra, e também as que estão por debaixo da terra sejam mortas ou sejam ocultas, ou seja, é a própria definição de Satanás. As bruxas sabiam-no, e por isso, apesar do Cristianismo se ter espalhado pela Europa e quatro cantos do mundo, porem elas continuaram a venerar o Deus Pan como sempre o haviam venerado desde o início dos tempos. A identificação do Deus Pan com o próprio Diabo fica bem explicita na lenda registada na obra «De Oraculorum Defectu» , um diálogo de Plutarco, onde li se conta que naquele momento em que Jesus morreu na cruz, o véu do Templo de Jerusalém rasgou-se sem que ninguém lhe tocasse, e ouviu-se uma voz dizendo «O grande Deus Pan foi vencido», numa nítida alusão ao Diabo. O Deus Pan, em certos aspectos, está profundamente ligado ao Demónio Baphomet, e há demonologistas que afirmam que são duas formas diferentes do mesmo demónio se manifestar aos humanos. A palavra «Pânico» deriva do Deus pagão Pan, pois quando o espírito se manifestava e aparecia visivelmente aos homens, estes fugiam com medo. E o medo, as assombrações, os temores, as aparições e todas as desinquietações que espíritos demoníacos e espíritos do mundo do Além-Túmulo causam neste mundo, é a forma como o Deus Pan age quando invocado num trabalho de magia negra. Uma vez conjurado, este demónio causa fortes assombrações, temíveis aparições e todo o tipo de aflições, até que a vítima de um bruxedo ceda ao que a bruxa pretendeu com esse malefício. Cedendo, acabam-se as aflições. Porem: teimando em resistir ao bruxedo, então as assombrações, tormentos e aflições insistirão em perseguir a vítima até ao ponto da sua desgraça. È por este meio de operam as bruxarias de magia negra, assim como é desta forma que trabalham as amarrações. Por isso mesmo, este Demónio é invocado nas mais fortes amarrações de magia negra, pois conforme ele desnudava as suas bruxas e as perseguia, assombrando-as pelas florestas dentro até que elas cedessem e se entregassem ao demónio, pois o mesmo este demónio vai fazer á vitima de uma amarração de magia negra, até que essa se entregue a quem a andou embruxar. Também a palavra «Pandemónio» está associada a este Deus pagão, significando em Grego «todos os demónios», e revelando por isso como o Pan, na figura do Diabo, é o Rei e Senhor de todos os demónios do Inferno, gerador e causador dos maiores pandemónios neste mundo, através a bruxaria e magia negra. No seu uso vulgar, a palavra é aplicada a quando há uma situação que se assemelha a uma assembleia infernal ou uma tumultuosa reunião de demónios que se reúne para promover desordem e caos, e aquilo que está subjacente á expressão, é que é Pan, que é o Diabo,  que preside a essa corte demoníaca, e a essas ocorrências. E é justamente dessa forma que o demónio Pan age na vítima de um trabalho de magia negra: infestando-a de toda a espécie de assombrações, de espíritos, de assombros, de perturbações, de tumultos, até que a vitima ceda á finalidade do bruxedo. Cedendo, então os tormentos cessam. Porem, teimando em resistir, então os tumultos e pandemónio espiritual persiste a castigar a vítima, até ao ponto da sua desgraça. Seja como for, a vitima nunca mais se livrará do bruxedo, nem da pessoa que a mandou embruxar. Nunca mais. Não há escapatória. Este demónio, tal como o demónio Baphomet, preside aos Sabbat das bruxas, e nessas ocasiões é invocado na celebração dos mais fortes trabalhos de magia negra.

Anticristo –  demónio imitador dos prodígios de Jesus através da mentira e da necromancia ou magia-negra, ao contrário de Jesus que fazia tais prodígios através da palavra da Bíblia e do poder de Deus. È o segundo profeta anunciado na Bíblia, o segundo Messias depois do primeiro, o Falso Profeta cuja a missão é abrir as portas do Reino do Pai dele á terra, conforme Jesus foi o profeta que abriu as portas do Reino do seu Pai a este mundo.O anticristo é o segundo profeta, o profeta que quer trazer a este mundo o reino dos demónios, conforme o primeiro profeta veio espalhar pelos quatro cantos do mundo a religião do Deus que é seu Pai. A sua representação é um «pequeno corno», conforme Daniel viu na sua visão final profética, e o seu sinal é o número 666, o numero da Besta, o numero dos demónios, que antes eram os antigos Deuses dos homens.

Na demonologia medieval, o nome do anticristo é Sorath. Sorath é o demónio do Sol, é a besta com dois chifres mencionada no verso XVIII do capítulo XIII do Book of Revelations ou Livro do Apocalipse. O célebre filosofo e ocultista  Rudolf Steiner ( 1861 – 1925), descodificou um ancestral processo cabalístico usado para encriptar o nome do Anticristo, por forma a torna-lo um nome secreto e inefável, como o nome de Deus. Este é um dos poderosos demónios do Inferno, cujo o verdadeiro nome apenas as verdadeiras bruxas conheciam.

Belfgor – demónios com cornos de carneiro, que lhe agrada inspirar a preguiça.

Leonardo – na magia negra é o demónio que é o grande senhor do Sabbath da bruxas. È o grão-mestre das cerimonias nocturnas de orgias de demónios. Nas missas negras celebradas pelas bruxos e bruxos, é a ele que se invoca para que dele venha autorização para o inicio dos ritos infernais. Pode assumir a forma de um bode com tres chifres, e também pode assumir a forma humana de um homem negro. Através deste demónio, o espirito do homem pode converter-se num Incubbus. A este demónio agrada-lhe fazer a possessão demoníaca de homens, para uma vez controlando um corpo masculino então seduzir jovens e nelas depositar o seu sémen, que é um sémen frio. As gravidezes que dai ocorrem, ou as gravidezes em que este demónio deitar a sua influencia, resultam sempre em nado-mortos.

Resheph – de acordo com a demonologia rabínica e tradições judaicas, é o demónio que traz as pragas. O seu nome significa «praga», e este demónio – ou os seus actos demoníacos – surge nos textos bíblicos livro de Deuteronómio, 33:29, assim como no Salmo 78,48

Dever – na tradição hebraica é o demónio da pestilência. É mencionado no salmo 91:5-6 , onde assume o nome de «flechas» que para os hebraicos era um símbolo para a doença inesperada ou dores súbitas. No mesmo salmo este demónio aparece com os nomes «terrores da noite» ou Pahad, «peste»  ou Dever, e os «males que matam» ou Ketev, que são os nomes que este demónio assume. Dever é o demónio capaz de infligir doenças, enfermidades ou dores súbitas.

Incubus –  na magia negra, os incubbus são demónios masculinos que durante a noite se colocam por cima da mulher, motivo pelo qual muitas mulheres por eles visitadas durante a noite e na cama, dizem ter tido a sensação de haverem sentido um peso em cima do corpo durante a noite, e até mesmo de não se conseguirem mexer da cama. Pan é um demónio Incubus, o rei dos Incubus.  Este tipo de demónio infesta a mulher para poder alimentar-se dos seus pecados de desejo e luxuria. Por isso, os incubus estimulam a luxuria na mulher, pois é dela que eles se alimentam, assim como dos pecados relacionados com a concupiscência dos desejos. A contraparte dos Incubus são os Sucubus, que são demónios da mesma natureza, porem femininos., e que infestam os homens, estimulando-lhes a luxuria, e alimentando-se dos seus pecados carnais até ao ponto da sua perdição. A primeira de todas as Sucubus, foi Lilith, mãe de todos os demonios Sucubus, e também a primeira de todas as bruxas da humanidade. Aos filhos e filhas, ou á descendência dos demónios Incubus e Sucubus quando acasalam com humanos, chamam-se Cambions.

O próprio Papa Inocêncio VIII ( 1432- 1492), emitiu uma bula papal em 1484, confirmando a existência dos demónios Sucubus e Incubbus. Afirmam vários grimórios satânicos, que um demonio incubbus é um demonio masculino que procura a mulher durante a noite, deitando-se sobre ela durante o sono, e tendo com ela relações carnais. A vítima pode nem sequer se aperceber do ocorrido, como pode até ter uma experiência de grandes prazeres, ou ao contrario, viver autênticos terrores nocturnas na forma de fortes pesadelos, ou sentindo um grande peso sobre si, e que a paralisa. Seja como for, este demonio vampiriza a sua vítima, alimentando-se da sua energia vital. Porem, tratando-se de uma bruxa, o caso muda consideravelmente, pois ao passo que o demónio se alimenta da bruxa, porem também lhe retribuiu auxiliando-a nas suas artes de magia negra. Quando assim acontece, o demonio Incubbus passa a ser um espírito familiar da bruxa. Ao longo da Idade Media, os demónios Incubbus foram conhecidos por vários nomes: na França chamavam-lhes Follet, na Alemanha chamavam-lhes Alp, na Itália eram conhecidos por Folleto, e na Espanha diziam-se ser o Duendes. O demonio sucubbus é o género feminino do demonio incubbus. A célebre obra Malleus maleficarum (1486), cataloga os faunos e sátiros como sendo demónios Incubus. Na França da Antiguidade, tais demónios eram chamados de Dusii. Entre os antigos povos gauleses, o Dusii ou Dusios era a divindade que os Gregos conheceram como Pan, ou os Faunos da religião Romana. Os demónios Incubbus já caminham por isso entre a humanidade há séculos e séculos, sendo que cada povo da antiguidade lhes atribuiu nomes diferentes, e porem a entidade era sempre a mesma observada fosse em que cultura fosse, ou fosse em que data fosse. E tantos povos juntos ao longo de tantos séculos, não podiam estar todos enganados, ou a ver miragens. Os Incubbus são por isso demónios muito reais, e deles há incontáveis registos históricos.

Sobre os demónios Sucubus, sabe-se que a primeira de todas as demónios sucubbus foi Lilith, que quando seduziu e copulou com Adão já caminhando nesta terra, vindo manchado de pecado após a sua expulsão do Paraiso, então gerou uma descendência de sucubbus e incubbus que tem existido e vindo a multiplicar-se até aos dia de hoje.

Nos ensinamentos hassídicos do judaísmo medieval, já se mencionava a criatura de nome Aluqa , uma demonio feminino de atraente beleza, que levava os homens ao esgotamento, e muitas das vezes ao suicídio

Quando estes espíritos Sucubbus ou Incubbus se associam a um bruxo ou a uma bruxa, tornam-se naquilo que é conhecido como um espírito demoniaco familiar  das bruxas.

Lewis Spence ( 1874 – 1955), um notório ocultista Escocês, afirma no seu compendio «Encyclopaedia of the Occult» (1920), que um Sucubbus é um demonio feminino que pode assumir forma humana, fazendo-o normalmente através de possessão demoníaca de uma mulher. O rabino Elias afirmava que Adão depois de expulso do paraíso, foi visitado durante cento e trinta anos por varias demónios succubus, e teve relações carnais com elas. Uma dessas demónios Sucubbus, foi Lilith, a mãe de todas as sububbus, e a primeira de todas as sucubbus. Há varios casos historicamente documentados sobre aparições de demónios Succubus. Um desses casos ocorreu na Italia da idade Media, no tempo do rei Roger Borsa ( 1060 – 1111). Roger Borsa foi um normando duque de Apulia e Calabra e regente do sul de Italia. Sob o seu reinado, e por volta de  1085, aconteceu o caso da célebre sucubbus, que chegou mesmo a ser mencionado ao Papa Urbano II ( f. 1099). Certa vez, numa noite de lua cheia, um jovem nobre da Sicília estava a banhar-se num lago com outros fidalgos amigos, quando lhe pareceu ver alguém afogar-se e lançou-se á sua salvação. Tendo retirado da água uma jovem e bela mulher, o nobre enamorou-se dela, casou com ela, a tiveram uma criança. Porem, logo após o parto, a mulher desapareceu misteriosamente, levando consigo o bebé. O jovem nobre procurou pela sua esposa e recém-nascido filho por todo o lado, porem inutilmente. A mulher e o bebé tinham-se esfumado como se nunca tivessem existido. E porem, todas as noites de lua cheia, a silhueta de uma jovem mulher desnudada com uma criança aparecia junto ao lago onde o nobre havia conhecido a sua mulher, para logo depois desaparecer antes que o nobre pudesse alcançá-la. Soube-se então que a jovem mulher era uma demonio Sucubbus que tinha acasalado com o jovem para gerar uma descendência, e de tempos a tempos manifestava-se-lhe, sem porem nunca mais ter regressado. Outro caso de uma aparição de uma demonio sububbus ocorreu na Escócia do seculo XV. Hector Boece ( 1465 – 1536), um filosofo escocês, mencionava na sua obra  «History fo Scotland» que certa vez um belo jovem foi perseguido pelo espectro de uma demonio feminina, que a dada altura atravessou a porta do seu quarto para o pedir em casamento. O jovem procurou a ajuda de um Bispo, que lhe recomendou jejuns e oração, sendo que passado algum tempo a demonio o deixou de seguir. O caso porem foi célebre, e ficou documentado. Outro caso da manifestação de uma demonio sububbus ocorreu no Egipto, embora tivesse sido presenciado e descrito por um empresário Francês do seculo XIX. Delandre ( 1883 – 1923), um empreendedor e empresário Francês, contava que no Egipto tinha testemunhado o caso de um ferreiro que estando a trabalhar á noite, do nada viu aparecer-lhe uma linda mulher desnudada diante dele. O ferreiro suspeitando que havia algo de errado com aquela situação, atirou um ferro ardente na direcção da mulher, que imediatamente levitou diante dos seus olhos, para depois desaparecer. Um outro caso famoso sobre a aparição de demónios succubus, ocorreu no século dentro dos muros do próprio Vaticano. O Papa Silvetre II (946 – 1003), confessou que durante grande parte da sua vida tinha mantido relações carnais com uma demonio Sucubbus, de nome Meridiana. Foram assim inúmeras e celebres as aparições de demónios sucubuus, e que são uma realidade comprovada pelas evidencias, relatos e testemunhos. Também no ano de 1453, na Normandia, houve o celebre caso do padre Guillaume Edeline, pior da paroquia de Saint-Germain-en-Laye, que admitiu abertamente ter um relacionamento com uma demonio Sucubus, e que havendo-se enamorado dela, tinha participado num Sabbat Satânico onde se submeteu a Satanás, e dessacralizado os seus votos, converteu-se num padre satânico.

Brignoli, no seu Alexicacon, relata que em Bergamo, no ano de 1650, um jovem de vinte-e-dois anos idade quando estava no seu quarto de cama, quando lhe entrou pela porta uma linda empregada de nome Teresa, por quem ele havia antes estado enamorado. Para sua grande surpresa, a bela mulher conta-lhe que havia fugido de casa, e que procurava refugio junto dele. Embora receando que a situação fosse algum tipo de engano, o jovem aceitou ajudar a empregada. No decorrer na noite, as solicitações sensuais da mulher tornaram-se insuportáveis, e o jovem entregou-se indulgentemente aos braços da mulher. Porem, no meio da relação carnal, a ilusão desfez-se, e o jovem viu que estava não nos braços da empregada, mas sim de um demónio sucubbus. Porem, incapaz de interromper o decurso da lascívia, o jovem deixou-se levar pela tentação da demoniza Sucubbus. Nas noites seguintes, repetiu-se a mesma luxuria. Noite após noite de devassidão, o jovem não conseguia parar com as visitas da demoniza sucubbus. Aquela relação demoníaca durou por meses e meses, até que o jovem se conseguiu libertar da demoniza. Os eventos acabaram documentados em registo histórico da época.

Um dos casos de demónios Sucubbus que eram simultaneamente um espírito familiar demoníaco de um bruxo, ocorreu na Alemanha do século XVII. O caso ficou historicamente documentado, e sucedeu com o notório bruxo alemão de nome Johannes Junius ficou conhecido por ser amante e ter um relacionamento com um demonio Sucubus. A demonio Sucubus abordou depois Johannes Junius incorporando por possessão demoníaca no corpo de uma linda bruxa. Dessa forma o demonio sucubbus seduziu o homem, levando-a a celebrar pacto com o demonio, e com ele saciando-se em actos lascivos. Tudo isso sucedeu quando Junius foi levado pela demonio sucubbus ao seu primeiro Sabbat satânico, onde a Hóstia sagrada foi profanada, e o bruxo recebeu a sua marca do Diabo, que no seu caso consistia numa mancha na forma de uma folha de um trevo. O bruxo recitou depois a fórmula que a bruxa lhe ensinara, dizendo «Renuncio a Deus no Céu e todas as suas hostes, e reconheço o Diabo como meu Deus». Depois disto dito, o bruxo Junius foi baptizado em nome do Diabo. O seu nome cristão foi assim riscado do Livro da Vida de Deus, e um novo nome satânico foi inscrito no Livro da Morte do Diabo. O bruxo foi assim baptizado com o nome de Krix pelo próprio Diabo, e ficou nesse momento a saber que o demonio feminino que o acompanhava se chamava Vixen. Depois da cerimónia estar concluída, todas a demais bruxas e bruxos acolheram Junius na comunidade, dizendo que agora sim, eram todos iguais. Dai em diante Junius passou a celebrar trabalhos de magia negra, a frequentar os Sabbats satânicos, sempre acompanhado do demónio Sucubus que o recrutara. Sendo um demonio succubus uma entidade particularmente poderosa em assuntos de sedução e lascívia, os trabalhos de magia negra para o amor e luxuria celebrados pelo bruxo e auxiliados pelo seu demónio feminino, tornaram-se lendários, pois tinham espantosa eficácia.

Cambions –Aos filhos e filhas, ou á descendência dos demónios Incubus e Sucubus quando acasalam com humanos, chamam-se Cambions. Jean Bodin ( 1520-96), foi um jurista e filosofo francês, autor da notória obra «De lá Demonomanie des Sorcieres» , publica em Paris, no ano de 1580 . As obras deste celebre demonologista descreveram as suas observações pessoais sobre casos verídicos de bruxas, de bruxaria, de magia negra e de trabalhos de magia negra. De acordo com Bodin, alguns são mais predispostos a gostar da raça humana que outros. O célebre teólogo reformista germânico Lutero ( 1483 – 1546),  na sua obra Colloquies, diz que eles embora se mexam e hajam como crianças normais, porem não exibem sinais biológicos de vida senão após os sete anos, e que são anormalmente grandes para a idade que tem. Lutero afirmou ter visto pessoalmente um Cambion, que chorou quando ele lhe tocou. Henri Boguet ( 1550-1619), foi um notório demonologista Francês que em 1602 publicou a obra «Discours Exécrable des Sorciers», fruto das suas investigações e observações pessoais de casos reais de magia negra, bruxas e bruxaria.  Boguet, no seu Discours des Sorciérs (capitulo XIV), revela que um mendigo galego tinha o habito de causar piedade ao publico, carregando um Cambion bebé consigo. Certa vez um cavaleiro viu que o mendigo estava com dificuldades em atravessar um rio com o bebé ao colo, e ofereceu-se para ajudar, levando a criança consigo a cavalo. Grande foi o seu espanto quando o próprio cavaleiro e o cavalo quase se afundaram no rio, pois o bebé embora parecendo normal, porem era extremamente pesado. O mendigo explicou-se depois ao cavaleiro, confessando que a criança que ele carregava tratava-se na verdade de um pequeno demónio, a quem ele treinara de forma a que ninguém conseguia recusar esmola quando ele o exibia a uma pessoa.

Familiares – os espíritos demoniacos familiares são demónios que acompanham bruxas e bruxos de forma totalmente discreta, pois eles incorporam num animal que acompanha a bruxa ou o bruxo de forma insuspeita. Pode tratar-se de um animal doméstico como um cão, ou um gato , e daí as superstições quanto a gatos pretos. Porem, podem incorporar um animal como uma mosca, uma aranha, um sapo, um lagarto, um pássaro, etc, sendo que esses animais acabam por acompanhar a bruxa toda a sua vida.  A presença destes demónios familiares junto de uma bruxa destina-se a ajudar e proteger a bruxa. São como anjos da guarda, só que não vem de Deus mas sim do Diabo, e andam sempre rondando a bruxa silenciosamente, vendo aquilo que ela faz, vendo as situações em que ela está, e prestando-lhe auxilio chamando ajuda a outros demónios que possam ajudar a bruxa em certa situação ou tarefa.  A bruxa nunca escolhe o seu demónio familiar, o familiar é que escolhe a bruxa, e acaba por se lhe manifestar num certo ponto da sua iniciação. Caso o animal que servia de receptáculo ao demónio familiar morra, o espírito de trevas abandona esse corpo e possui outro, porem sempre um corpo do mesmo tipo de animal. Muitas das vezes, os espíritos demoniacos familiares são demonios incubbus ou sucubbus que se associam a um bruxo ou uma bruxa.

Abuchaba – Abuchaba é um demónio regente dos ventos do Oeste. Vive nesses ventos, domina-os, e tanto é por eles trazido como levado. Abuchaba é o rei dos espíritos da Lua, espíritos da maior importância para a bruxaria e feitura de magia negra. O seu nome aparece no notório Liber Iuratus (séculos X a XIII), ou Livro das Juras, um grimório escrito por Honorius Thebanus, misterioso e célebre ocultista, autor do alfabeto das bruxas, que se julga ter sido um dos Papas Honórios que escreveu sob pseudónimo. Johannes Hartlieb ( 1400-1468), que serviu o duque da Baviera em Munique, de 1456 a 1464 escreveu a obra Das Puch aller verpoten kunst – «The Book of all forbiden arts» , ou «O livro das Artes Proibidas», no qual se debruça profundamente sobre o estudo da bruxaria, da magia negra e dos trabalhos de magia negra. Hartlieb menciona o Liber Iuratus, como uma dos grimórios mais usados naquela época em ritos de magia negra.  Este demónio revelado nesse mesmo grimório, pode influenciar os pensamentos e as vontades humanas. Por isso, embora seja um demónio algo desconhecido, é de grande importância em certos trabalhos de magia negra.

Spectra ou Lemures – na magia negra é são espíritos vingativos, vítimas de mortes violentas, ou que não tiveram rito funerário adequado, e que habitam no mundo do Alem-Túmulo. Os Spectra são espiritos de natureza nocturna, ou seja, assombram á noite, sendo que as suas assombrações ocorrem sempre num local que foi marcante para a pessoa enquanto era viva, ou então junto de uma pessoa ou a sua descendência, por essa pessoa ou a sua descendência terem algum significado negativo para esse espírito. A hora da sua manifestação é á meia-noite e dai em diante, ao passo que a hora preferida para os demónios são as 3 da madrugada.

Alastror – Alastor é o demónio da vingança mencionado no Dictionaire Infernal de Collin de Plancy ( 1794 – 1881), célebre ocultista e demonologista Francês. Na verdade, o demonio Alastor é uma das formas como Zeus era visto na Grécia da Antiguidade quando assumia a sua faceta de Deus Vingador, pois nessa altura chamavam-lhe de Zeus Alastor. O místico e demonologista Norte-Americano Arthur Edward Waite ( 1857 – 1942), no seu livro Book of Black Magic and Pacts ( 1910), ou «Livro da Magia Negra e Pactos», faz nota do demónio Alastor como sendo um juiz do Inferno.

Pytius – na magia negra é demónio da mentira e da ilusão. Aparece essencialmente a pessoas que se vão consultar a cartomantes, tarólogas e outras videntes que não dominam fortemente o contacto com demónios e espíritos. Daí que uma sessão de contacto com espíritos deva sempre ser rodeada e antecedida de medidas de segurança espiritual, para garantir que aquilo que se está a receber não é um destes demónios. Na antiga Grécia, a Pythia era a alta-sacerdotisa do templo de Apolo. O espírito do Deus Apolo era chamado a «descer» ou encarnar momentaneamente na sacerdotisa, possuindo o corpo dela, e falando através dela. Como espirito que é, o Deus respondia através de uma linguagem espiritual e de mistérios, pois o espirito é sempre misterioso, e  os seus desígnios são sempre insondáveis. Porem, aquilo que o espirito do Deus falava, assim sucedia, e por isso o tempo de Apolo era famoso e vinha gente dos quatro cantos do mundo para ali se consultarem. No oraculo de  Delfos, o espirito do Deus Apolo fazia-se vir a este mundo através de nevoas provindas da terra, conforme um demónio, e muitas das vezes este tipo de demónio faz-se transportas através de fumos, vapores e neblinas.

Barbas – na magia negra é demónio que responde com verdade a coisas escondidas ou secretas. A conjuração deste demónio – assim como a de muitos outros demónios – é feita com a planta  Helleborus niger , a chamada Rosa de Natal, uma linda rosa vermelha que floresce no inverno, quando todas as outras flores estão dormentes. Esta rosa, é uma planta muito usada na bruxaria.

Corson – na magia negra é demónio que não se deve invocar senão em alturas excepcionais. È tao temível, que até Salomão hesitou em usar dos seus serviços. È o senhor do ponto cardeal Oeste, e o rei Salomao teve do o mandar constranger, motivo pelo qual não se sabe muito dele, senão que é temível.

Bune – demónio associado a cemitérios, túmulos, e todos os sítios assombrados, desde edifícios assombradas, encruzilhadas onde ocorrerem mortes, etc. Por estar profundamente associado aos mortos, aos cemitérios e a todos os locais assombrados, dirigem-se-lhe sempre requerimentos de autorização quando se vao praticar trabalhos de magia negra em tais locais. Lewis Spence  (1874 – 1955), notório ocultista escocês e autor da «Enciclopaedia of Occultism» ( 1920), faz notar que Bune assume sempre a forma de um homem, e fala calorosamente. O demónio Bune acerca-se de cadáveres, assombra cemitérios, e comanda os demónios que habitam em redor de túmulos e lugares dos mortos. Bune tem o poder de enriquecer quem o agradar, e porem também pode trazer-lhe a morte, pelo que lidar com este demónio é perigoso se não for feito por alguém profundamente conhecedor dos seus mistérios. Os demónios que pertencem á legião que serve a Bune chamam-se de Bunis, e tem uma reputação temível, pois são malévolos. A maioria dos bruxos que trabalham em cemitérios acabam sempre por se relacionar com este demónio, ou com algum dos seus soldados.

Alastor – Alastor é considerado um anjo destruidor, que antes da rebelião de Lucifer contra Deus estava ao serviço do Senhor, e depois da queda tornou-se um demónio temível. Costumam chamar-lhe «O carrasco». Lewis Spence  (1874 – 1955), notório ocultista escocês e autor da «Enciclopaedia of Occultism» ( 1920), faz notar que Alastor era de tal forma temido, que todos os espíritos do mal eram chamados de Alastores.

Caim – na magia negra é um demónio ao qual lhe atribuem o titulo de «presidente» do inferno. Assume a forma de um pássaro negro como um corvo, ou a figura de um homem com asas negras como um corvo. È o demónio da argumentação, que se apresenta como um humano muito bem vestido, e prefere habitar na cidade. Há quem diga que este demónio é o Caim bíblico, o irmão de Abel, a quem ele assassinou conforme descrito na Bíblia, e Genesis. Por ter morto Abel, Caim condenado a vaguear pela terra, para sempre desterrado pelo seu pecado. Caim teve uma descendência, sendo que mais famoso dos seus filhos foi Enoch, que edificou uma das primeiras cidades conhecidas da história da humanidade, chamada Eridu. Adão não era o pai de Caim, conforme era de Abel. Eva foi seduzida pelo demónio Samael – ou Lucifer, que também já havia seduzido Lilith – , e dessa relação nasceu Caim. Assim sendo, Caim não era humano, mas sim um Nefilim, ou seja, meio-anjo e meio-humano, filho de um demónio e uma humana. Reside aí a verdadeira razão para Deus recursar as oferendas de Caim, ao passo que aceitava as de Abel, assim como de Adão preferir Abel e repudiar Caim, o que acabou por levar ao acesso de fúria que Caim teve aos seus 15 anos sobre o meio-irmão Abel. Caim recebeu no corpo a «marca de Caim»  – que é uma das letras que compõem o inefável nome de Deus – com a qual Deus o marcou pela ofensa cometida. Depois de morrer e em espirito assumir a forma de demónio, essa marca transformou-se num corno.  Este demónio conduz a actos violentos.

Gárgula – A Gárgula na linguagem Francesa significa «garganta», e o nome refere-se a um demónio que se fazia manifestar em forma de dragão, e que há mais de dois mil anos era conhecido por fazer aparições no rio Sena, na região onde fica Rouen. Pela sua ligação á água, este demónio passou mais tarde a ser representado nas igrejas e catedrais através de esculturas colocadas no topo dos edifícios religiosos, e que serviam de bicos de água nos telhados. Essas esculturas de pedra chamam-se Gargoyle, e eram destinadas a conduzir a água da chuva para longe dos edifícios. As primeiras Gárgulas são criações fantásticas da arquitectura Gótica. As mais famosas gárgulas encontram-se em Paris, na catedral de Notre-Dame, e foram romantizadas pelo notório romancista Victor Hugo ( 1802 – 1885). Há porem um sentido esotérico na aplicação destas gárgulas de pedra em igrejas e catedrais, uma vez que o objectivo de se ter um escorredor de água nos tectos destes edifícios seriam facilmente alcançado simplesmente colocando vulgares calhas para águas pluviais. A colocação das estátuas de pedra destes demónios, está ligada á tradição de magia negra de Salomão, de usar demónios para proteger templos. Já Salomão tinha a usado a ajuda de demónios para edificar o Templo de Deus em Jerusalém ( destruído em 587 a.C), que o historiador Josefo ( 37- 100 d.C), afirma ter estado erguido por 470 anos, 6 meses e 10 dias. Esta noção de usar dos poderes de demónios para edificar obras ou alcançar demandas, foi continuada pelos místicos do período Gótico, desde o século XII ao seculo XV. E na verdade, esta noção Salomónica de usar demónios para alcançar fins desejáveis, foi uma das grandes noções que perdurou no pensamento Místico Gótico da Idade Media junto dos ocultistas.

Vine – na magia negra é demónio enganador e extremamente perigoso. Tudo o que se lhe pede, vem sempre com contrapartidas infernais. De acordo com a Lei do Inferno, um demónio tem sempre de pedir autorização a Satanás antes de ceifar a alma de um humano. Porem, este demónio é conhecido por colher almas humanas sem autorização, simplesmente por seu bel-prazer. È o demónio responsável por devastações naturais através de tempestades, e também o demónio que pode criar verdadeiras tempestades na vida de quem for infestar, através de acidentes, fatalidades, destruição ou perda de património.

Valac – na magia negra é o demónio retratado no filme «A Freira», que é inspirado numa história verídica. Sempre foi retratado com a forma de uma criança angelical junto de um dragão, simbolizando isso que este demónio gosta de se disfarçar de anjo, gosta de se misturar no meio de pessoas da igreja, assumindo a aparência de alguem de Deus, sendo porem que com ele vem sempre o dragão, ou seja, o demónio. Este demónio tem o poder de dar a descobrir tesouros, ou artefactos preciosos, ou relíquias de grande valor, ou coisas escondidas que são muito valiosas. Porem, também pode arrastar aquele que ajuda a cair o mesmíssimo fosso onde tais tesouros e relíquias estavam sepultados.

Vassago – na magia negra é o demónio que pode incitar o amor nas mulheres, porem cobrando o seu preço a quem desejar beneficiar do amor de uma mulher em virtude deste demónio, pois ele pode trazer devastação, desolação e ruina, sendo por isso saber lidar com ele para dele não se colher aquilo que não se queria. Gosta de se fazer aparecer na figura de anjo, ou afirmando ser um anjo.

Tannin – na magia negra demónio do caos. Assume a forma de uma serpente com cauda dupla, uma serpente marinha. Conforme a sua causa á dupla, também lidar com este demónio é perigoso, pois ele é como uma faca de dois gumes. Depois de Deus ter libertado o seu povo do Egipto, foi este demónio que por muito tempo lá se instalou. Este demónio pertence á categoria de criaturas criadas por Deus no quinto dia da Criação.

Shax – na magia negra é o demónio que compele á tentação do roubo. Também é o demónio que pode tirar a visão, audição ou o entendimento na pessoa a quem ele vá possuir. È um demónio mentiroso, e por isso quando conjurado deve ser impelido a dizer a verdade. Já ficou conhecido por lhe agradar roubar a pessoas poderosas – fazendo-as cair em logros, mentiras e enganos – para beneficiar os pobres. Não se deve invocar este demonio muito frequentemente, para ele não causar perdas a quem abusa dos seus poderes.

Sabnock – na magia negra demónio que causa feridas terríveis, gangrenas e até o aparecimento de carne morta no corpo, com larvas. Manifesta-se através do aparecimento de vermes num certo local. È um demónio que prefere habitar em cidades.

Legião – legião é o nome dado a um grupo de demónios. Quando um demónio não quer revelar o seu nome para não ser expulso, ou não se ganhar sobre ele o poder de o impelir ou compelir a fazer algo, ele normalmente alega chamar-se «Legião». Com isso, ele está a indicar que pertence a uma legião de demónios da qual é membro ou líder, sem porem revelar nem o seu nome, nem o seu posto hierárquico nessa legião. Na verdade, trata-se de uma regra que anjos e demónios tem, que consiste em nunca revelarem o seu nome, para não se poder através do seu nome ganhar-se-lhes poder sobre eles através de encantamentos, conjurações ou feitiços. Por isso mesmo quando Jacob pergunta ao anjo com que lutou qual era o seu nome, ele simplesmente retorquiu: «Porque queres saber o meu nome, uma vez que é secreto ?», e não lhe respondeu. Ou seja: nem Deus revela o seu verdadeiro nome que é o «nome inefável», pois Deus também é um espirito, ( veja-se João 4:24), e assim – mantendo o Seu Nome oculto – Ele evita que possa ser impelido a comparecer a uma conjuração, ou compelido a fazer algo. Por isso mesmo, é que são tao valiosos os grimórios de magia-negra onde se revelam os verdadeiros nomes de demónios e anjos, pois sabendo-se o nome e adicionando-lhe a verdadeira fórmula magica de encantamento que corresponde a esse nome, então é possível invocá-los. Porem: não se sabendo o nome, ou não se sabendo a fórmula de invocação que corresponde ao nome, então não é possível conjurar esses espíritos.

Ipos – demónio que pode fazer os homens ficarem valentes e espirituosos. Entra facilmente nos homens embriagados, e tanto os pode inspira-los a ter actos de bravura, como a cometer actos de barbaridade.

Génios – estes demónios são espíritos do deserto, são espíritos femininos e materializam-se no vento, no fogo e no fumo. Por vezes, manifestam-se num fumo que esfumaça sem haver nenhum fogo nas redondezas, ou num fogo que arde mas não deita fumo algum. Residem em vagueiam em locais desabitados, obscuros e desoladores. Podem incorporar momentaneamente em animais, ou até assumir a forma ilusória de uma mulher que aparece e desaparece como uma miragem. Podem causar ilusões e miragens quando assombram alguem, a ponto de levar a pessoa infestada á loucura e á morte. Estes demónios causam grandes desgraças, sendo conhecidos casos de grupos de pessoas que perdidas no deserto, acabaram por enlouquecer e inexplicavelmente matarem-se umas ás outras. Acredita-se que estes espíritos vaguearam a terra antes da criação de Adão, pois que os anjos foram criados na quarta-feira, os génios na quinta-feira, e os humanos na sexta-feira.

Malphas – é o demónio que faz velhas construções derrocarem, mas também é aquele que causa a derrocada e a ruína lares e vidas. Na magia negra, é por isso o demónio que é conjurado para destruir inimigos. Cuidado, pois este demónio aceita educadamente todas as oferendas que lhe são feitas, e porem rapidamente apressa-se a atraiçoar o seu invocador. Há por isso que saber lidar com este tipo de demónio.

Marchosias – na magia negra é um demónio fiel ao seu conjurador. È um demónio que mantém a esperança no perdão de Deus, e em regressar ao Céu. Em visões, ele costuma fazer-se manifestar como um lobo com asas de grifo e cauda de serpente, sendo que neste mundo também se manifesta numa língua de fogo vinda do chão.

Orobas – na magia negra é um demónio que se manifesta na presença de incenso quando este é defumado. È fiel ao seu conjurador, não lhe mente, e assegura que todos os demais espíritos conjurados não mentem ao seu conjurador. Agrada-lhe incorporar em cavalos.

Pruflas – demónio que habitou na Torre de Babel, ele semeia discórdia, brigas e falsidades. Este demónio nunca deve ser convidado nem enviado a entrar num lar ou num local, a não ser que se queira aí causar tantas divisões e conflitos, que esse lar ou esse local acabe em ruínas e escombros, tal conforme acabou a Torre de Babel.

Ronové – demónio que vem á terra para ceifar as almas de corpos decrépitos e já perto da morte.

Seire – na magia negra é um demonio que não tem apetência para o mal, nem sequer qualquer fascínio ou desejo de o praticar. Traz abundância, e ajuda os ladroes que não magoam nem ferem pessoas.

Stolas – demónio dos venenos, que instiga ao seu uso, e que inspira a criação das suas formulas.

Gremory – na magia negra é o demónio que procura o amor das mulheres, sejam elas novas ou velhas, mas que tem um especial gosto por donzelas. Por vezes incorpora numa mulher linda, de forma a – usando esse corpo – fazer amizade com outras mulheres que lhe agradem, e assim conseguir aproximar-se até as possuir.

Behemoth – demónio da terra que habita a Este do local onde existiu o Jardim do Éden. O seu poder atinge o auge no solstício de verão. È o demónio da fúria animalesca, sendo que por ele se podem tornar os animais tanto mais selvagens e furiosos, como mais mansos e menos ferozes. Este demónio pode por isso instigar a ataques de animais de natureza feroz contra o homem.

O Diabo – Conforme afirma o notório padre e ocultista Montagne Summers (1880- 1948),  ao debruçar-se sobre o assunto do Diabo, «o nome Diabo é aquele que é dado aos anjos caídos». No fundo, quando se está a falar de Diabo neste sentido, estão-se a designar todo o anjo caído ou demonio com que se estabeleça contacto. Assim, quando não se sabe o nome em concreto de um certo demónio,  então designa-se a entidade por um Diabo, ou um Demónio. Porem, há quem afirme que a expressão Diabo se deve antes aplicar a uma classe de demónios hierarquicamente superior, uma vez que no IV Concilio Lateranense foi dito «Diabolus enim et alii daemones», ou seja, todos os anjos caídos são demónios, e os seus chefes são os Diabos.

No Grimório de magia negra do século XVII Lemegeton, ou a chave menor de Salomão, o Diabo é chamado de Focalor. O diabo ou o «príncipe das trevas» tem sido visto em várias culturas como a personificação do mal e da destruição. Muitas vezes é astrologicamente associado a Saturno, sendo Saturno o astro que rege as bruxas e bruxas. Há quem diga que o diabo é Satanás, outros que é Belzebub, outros que é Lucifer, e porem «O Diabo» é na verdade um título, e não uma entidade em-si. Quando se fala de Diabo, está-se a falar de um espírito de trevas, e um espírito maligno, de um demónio, e fazendo-o podemos na verdade estar-nos a referir-nos a diferentes demónios, conforme a situação. Mas como título genérico, a verdade é que todos os demónios são diabos ou um diabo.  Isso é o mesmo que chamar a um medico por «doutor», ou seja, na verdade todos os médicos são «doutores», e porem cada medico tem depois o seu nome próprio, havendo por isso o dr Mateus, o dr João, o dr Pedro, etc. Ora: quando se diz que o Diabo apareceu a certa pessoa, isso significa que um demónio apareceu a uma certa pessoa, podendo esse demónio ser o demónio «A» ou o demónio «B». È o mesmo que dizer que um «doutor medico» visitou uma pessoa, ou seja, «doutor medico» é o título da pessoa, não é a pessoa nem o seu nome próprio, e por isso, a pessoa pode ter sido visitada pelo dr Lucas ou o Dr Marcos, etc. No antigo Egipto o Diabo era o Deus Apophis, a personificação do Caos e das trevas, por oposição á Deusa Ma’at, a personificação da luz e da ordem. A ideia de diabo é perigosa para o monoteísmo hebraico-cristão, pois pressupõem a existência de uma entidade superior independente de Deus, e que escapa ao controlo e domínio do Deus Javé. Ora, isso seria admitir a noção de um segundo Deus para alem de Deus, coisa inaceitável para o monoteísmo. Por isso mesmo, a teologia cristã tem tido sempre muitos problemas ao abordar o assunto do Diabo, porque ou os teólogos admitem que tudo aquilo que o Diabo faz é com conhecimento e autorização de Deus, porque senão, Deus não querendo nem consentindo  então o Diabo nada podia fazer  – o que torna Deus em cúmplice do Diabo, ou pior ainda, no seu «patrão» – , ou então os teólogos são obrigados pela força de lógica a admitir que há um outro Deus – para alem do Deus Javé – que faz aquilo que bem quer e bem entende, e que tem até o poder de desafiar Deus e lhe arruinar os seus divinos planos. O tema é controverso, e o próprio pilar da existência e fundamentação teológica do Satanismo.

Nos seus Sabbat, as bruxas da Idade Média invocavam o Diabo, e este podia fazer-se manifestar em várias formas, sendo que muitas das vezes fazia-se incorporar num animal como o touro, o gato, o cão, e muitas vezes a cabra ou o bode. Outros dos animais associado ao Diabo na Idade Media, era o macaco. A expressão «o macaco de Deus», é um nome atribuído ao Diabo, que vem de uma tradução do Latim de Daibolus est Dei simia , da autoria do apologista cristão Tertuliano ( 155 – 220 d.C). Na verdade, na  arte medieval o Diabo aparece muitas vezes retratado como um macaco sinistro e assustador, que simbolizava Satanás.

Mephistopheles – na magia-negra é o demónio do desespero, sendo que este demónio não apenas envolve o humano em situações que o levam ao desespero, como depois se aproveita do desespero para corromper o homem.

Saleos – na magia negra é um demónio que pode causar o homem querer amar uma mulher, ou uma mulher querer amar um homem. Porem, não sendo bem invocado, os amores provocados por este demónio acabam sendo amores á distancia, ou amores que sofrem com a distância, ou amores impossíveis, ou amores entre pessoas já comprometidas, etc.

Demónios invocados pelas bruxas a fim de receberem conhecimentos sobre ervas magicas

o notório demonologista Johanes Weyer ( 1515 – 1588), discípulo do célebre ocultista Cornelius Agripa ( 1486 – 1535), e autor do influente Pseudo Monarchia Daemonum , dá nota que o demonio Buer é um demónio que assume a forma de uma estrela, e é um demónio que concede grandes conhecimentos sobre as ervas magicas. Por isso, muitas bruxas recorreram deste demónio para receber segredos sobre as virtudes ocultas das ervas de magia negra, usadas que são para se celebrarem os mais fortes trabalhos de magia negra.

Na obra «Discoverie of Withcraft» (1584), do célebre demonologista Inglês Reginald Scot. ( 1538- 1599) , observa-se no Livro V, capitulo III, como o demónio Bathin tem um particular conhecimento sobre ervas mágicas, e os transmite ás bruxas que o souberem invocar correctamente.

O erudito bizantino Michael Psellus, ( n. 1017), foi um autor que fez varias menções aos grimórios de magia negra do rei Salomão , e dos seus saberes que permitiam invocar e controlar demónios. Nos espíritos demoníacos mencionados por Salomão, consta o demonio Bifrons, sendo que esse é de particular importância no assunto, uma vez que concede conhecimentos sobre ervas de bruxaria, assim como oferece profundos conhecimentos sobre a conjuração de espíritos de mortos.

Johannes Trithemius, um académico alemão e estudioso do oculto, catalogou extensivamente os textos de «Clavicula Solominis» em 1508. Outro académico alemão e estudioso do oculto, Johannes Reuchlin, também descobriu e sistematizou vários textos cabalísticos em 1517, também atribuídos aos saberes do rei Salomão, que estavam sob o pseudónimo de Raziel. A obra «Schemhamphoras», fala sobre os 72 espíritos que Salomão  comandava com a sua sabedoria de magia negra. Estes são os mesmos 72 espíritos encontrados na obra «Pseudomonarchia Daemonum» de 1577, um grimório de magia negra, assim como no livro «Discoverie of Withcraft» de 1584, de Reginald Scot.Nessas obras, é mencionado o demonio Furcas, como outro dos espíritos demoníacos que concedem conhecimentos sobre as ervas de magia negra. Igualmente mencionado é o demonio Moraz que costuma fazer-se manifestar como um homem com cabeça de touro. Na verdade trata-se do Deus pagão Molech, mencionado na Biblia. O demónio Moraz possui grande sabedoria sobre ervas mágicas, e por isso era muitas vezes invocado pelas bruxas em rituais satanistas, a fim de lhes providenciar sabedoria neste assunto, exigindo para isso sacrifícios de crias de tenra idade. Por último há o demónio Stolas, que se manifesta na forma de um corvo, e era muito conjurado pelas bruxas pela sua habilidade de ensinar sobre as virtudes das ervas de magia negra.  São estes os demónios a quem as bruxas recorrem para obter receitas e formulas de ervas de magia negra, para produzirem os mais fortes trabalhos de magia negra e amarrações.

Meses, países e pontos cardeais governados por demónios

Os demononologistas tendem a atribuir certos meses a certos demónios, sendo que esses meses se encontram sob maior influência dos poderes de uma certa entidade. Janeiro é atribuído a Belial, Fevereiro a Leviatã, Março a Satanás, Abril a Astarte, Maio a Lucifer, Junho a Baalberith, Junho a Beelzebub, Agosto a Astaroth, Setembro a Thamuz, Outubro a Baal, Novembro a Hecate e Dezembro a Moloch.

O demonologista Johanes Weyer ( 1515 – 1588), discípulo do célebre ocultista Cornelius Agripa ( 1486 – 1535),   atribui também o domínio de certos territórios e reinos terrenos, a certos demónios. O demónio Belial governa sobre a Turquia, ao passo que Rimmon sobre a Russia, Thamuz sobre Espanha, Hutjin sobre Itália, Martinet sobre a Suiça, Belphegor sobre a França, Mammon sobre a Inglaterra, e Leviatã sobre Portugal.

Sabe-se também através de estudos demonológicos gnósticos, que cada ponto cardeal é governado por um demónio. O norte é governado por Zimimar, demónio  citado por Shakespeare ( 1564 – 1616), no seu drama histórico King Henry IV de 1597, quando escreveu «Now help, ye charming spells and periapts, give me signs of the future, you speedy helpers,  me Under de lordly monarch of the north». Este demónio que governa o ponto cardeal do Norte, é um dos principais demónios invocados pelas bruxas. O demónio Gorson governa o Sul, o demónio Amaymon governa o Este, e o demónio Goap governa o Oeste.

Litania de Magia negra para invocar demónios

Lewis Spence  (1874 – 1955), notório ocultista escocês e autor da «Enciclopaedia of Occultism» ( 1920), revela também que os demónios são invocados pelas bruxas nos Sabbat satânicos, através de uma antiga litania de magia negra. A Litania deve ser recitada por todas as bruxas presentes no Sabbat em uníssono, e estes Sabbat são realizados ás quartas-feiras e aos Sábados.

A Litania de magia negra entoada pelas bruxas em Sabbat satânico, diz « Lucifer, Beelzebub e Leviatã, tende piedade de nós. Baal, príncipe dos Serafins,  Baalberith príncipe dos querubins, Astaroth príncipe dos tronos, Rosier príncipe da denominações, Carreau, príncipe dos poderes, Belial, príncipe das virtudes, Perrier, príncipe dos principados, Oliver príncipe dos arcanjos, Junier, príncipe dos anjos,, Sarcueil, Fume-Bouche, Pierre-le-Feu, Carniveau, Terrier, Contellier, Behemoth, Oilette, Belphegor, Sabathan, Garandier, Dolers, Pierre-Fort, Axaphat, Prisier, Kakos, Lucesme, orai por nós»

Trabalhos de magia negra?

amarrações de magia negra?

Venha falar com quem sabe.

Escreva-nos!

© 2019 – 2020, admin. All rights reserved.

This entry was posted in magia negra and tagged , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , . Bookmark the permalink.