«Demonology», do Rei James I de Inglaterra
A obra Demonology do Rei James I de Inglaterra esta escrita na forma de um dialogo entre dois homens, Philomathes e Epistemon.
Philomates é um céptico quanto aos assuntos da bruxaria, ao passo que Epistemon representa o pensamento e a pessoa do próprio Rei James I. No decorrer da obra Demonology fica claro que toda a bruxaria tem origem no Diabo, e em tratos com Satanás. A Demonology do Rei James I recusa completamente a ideia da bruxaria «boa», da «magia branca», e da suposta «magia para bem» feita através de «bons espíritos». James I é muito claro e paradigmático: bruxaria é bruxaria. Ponto final. E a sua origem são os Pactos com o Diabo. Fim de parágrafo. Aquilo a que alguns na sua ignorância ou inocência creem ser a «magia branca», não passa de uma ilusão, pois toda a magia tem origem em Satanás, e por isso toda ela é satânica, e toda ela é magia negra.
O notório Demonology disserta sobre como alguns são levados á bruxaria pela curiosidade á cerca do oculto, pelo fascínio que o mundo dos espíritos e os poderes da magia negra despertam. Porem, outros são levados á bruxaria pela sede de vingança, ao passo que outros são motivados pelo desejo de obter ganhos. Seja qual for a circunstância, as bruxos e bruxos acabam servos e servas do Diabo. Porem, a obra Demonology faz uma divisão entre duas classes de artes ocultas: a classe da Escola do Diabo, e a classe dos Rudimentos do Diabo. A primeira classe é chamada da Escola do Diabo, que consiste no estudo das artes da magia negra. A esses estudos acedem homens de grande aprendizado, e que se tornam eruditos nos saberes ocultos. Estes ensinamentos envolvem normalmente complexos saberes ocultos, formulas para conjurações, o estudo de numerosos tipos de seres espirituais, palavras divinas de poder, etc. A segunda classe são chamados os rudimentos do Diabo, que é o estudo das bruxas e bruxos, e envolve manipulação de ervas e substancias naturais para criar bruxedo que causam efeitos sobrenaturais. Em ambos os casos, o Demonology do Rei James I é claro em afirmar que seja qual for a classe em que alguém se encontre no mundo da magia negra, a verdade é que nenhum estudante de uma escola pode deixar de estar sujeito ao mestre dessa escola, e o mestre da escolha da magia é o Diabo. No que diz respeito ás varias classes de espíritos, Demonology do Rei James I enquadra os espíritos Elementais na mesma categoria de demónios, sendo que ambos – Elementais e Demónios – vagueiam pelo mundo semeando perversidade e alimentando-se do pecado. O Demonology do Rei James I também nega as complexas hierarquias demoníacas, afirmando que os fundamentos da ordem do Céu foram quebrados quando ocorreu «a queda», e os anjos derrotados caíram para a Terra. Afirma igualmente o Demonology do Rei James I que o Pacto demoníaco fica inscrito no sangue do bruxo, assim como fica assinalado na sua carne através da marca da bruxa. O Demonology do Rei James I aceita a hipótese que até Moisés , ( o grande profeta Biblico), haja sido um bruxo, porem apenas a perspectiva que Moisés estudou no Egipto, e por isso aprendeu as artes da magia negra com os bruxos do Faraó antes de ter sido chamado ao Deus dos Hebreus. A dado momento, Philomathes argumenta que se as bruxas tem tanto poder como se diz, então já toda a humanidade estaria arrasada, ao que Epistemon contra-argumenta afirmando que isso não sucede, porque o Diabo é impedido por Deus quanto aos limites e extensão dos danos que pode causar á humanidade.
Quanto á forma como o Diabo escolhe alguém para ser bruxa ou bruxo, o Demonology afirma que o Diabo se aproxima da bruxa num momento de dor ou solidão, quase sempre como uma voz sem corpo, ou incorporado na forma de um homem, ( ou mulher, caso se trate de um bruxo), oferecendo-se para remover ou vencer as suas dificuldades, se a pessoa seguir os seus conselhos e fizer aquilo que lhe for pedido. Isto sucede no primeiro encontro. No segundo encontro o Diabo procura convencer a bruxa a prestar serviço a ele, depois revela-se á bruxa, levando-a a renunciar a Deus. Havendo sido feita a renuncia, o Diabo dá á bruxa uma marca que é cravada numa parte do seu corpo, como sinal da submissão da bruxa ao demónio, que passará a seu Senhor. A marca permanece não curada e extremamente dolorosa até ao terceiro encontro. È nessa altura que o Diabo cura a ferida gerada pela marca, cicatrizando-a e retirando todas as dores milagrosamente, assim dando prova do seu poder. E prova do seu poder é não apenas esse milagre de cura, como também que essa marca permanecerá para sempre completamente insensível á dor, e não envelhecerá, sendo ela um símbolo da invencibilidade e eternidade do Diabo.
O Demonology do Rei James I, defende que as bruxas tem dois tipos de acções: as que dizem respeito ás bruxas para com elas mesmas, e as que dizem respeito ás bruxas para com as outras pessoas. Quanto ás primeiras, advoga o Demonology que as bruxas reúnem-se para adorar a Satanás, e prestam-se sempre culto com regularidade. Uma das formas de adoração e demostração de submissão ao Diabo, é beijar-lhe as nádegas. Quanto á relação das bruxas com as outras pessoas, o Demonology afirma que as bruxas gostam de se reunir em igrejas para arquitectarem os bruxedos com que irão afectar as suas vitimas, pois que a heresia de conjurar demónios e praticar heréticas obscenidades em solo sagrado é um soberbo e deleitoso pecado para os apetites dos demónios, que assim respondem a este chamamento que lhes é irresistível. No Demonology , podemos também constatar que os terrores nocturnos, aparições e assombrações, são fenómenos que costumam acompanhar a bruxaria, muitas das vezes derivando de magia negra que foi feita a alguma vitima.
Esse assunto é analisado mais atentamente no Livro III do Demonology do Rei James I, onde se analisam os vários tipos de espíritos. Ali conclui-se que existem os espíritos que assombram as casas ou lugares desertos, os espíritos que seguem e incomodam indivíduos, os espíritos que entram e possuem indivíduos, e os espíritos comummente conhecidos como fadas. Afirma Epistemon que por vezes, ou até frequentemente, estes quatro tipos de espíritos podem ser apenas um tipo de entidade que assume varias formas e se manifesta de diferentes maneiras, conforme for a sua missão de desinquietar e atormentar a humanidade. Espistemon afirma que os espíritos que assombram as casas eram chamados de «espectros», mas se apareciam na forma de um homem morto então eram chamados de «sombras dos mortos». Essas entidades habitam e vagueiam em lugares desertos, assim como assombram casas habitadas. Quando se dedicam a fazer aparições em casas assombradas, estão a colidir com as Leis de Deus, dando assim prova que são malignos. Esses espíritos quando aparecem na forma de recém-mortos, são chamados de «fantasmas». Esses espíritos porem podem também aparecer em formas de animais a quem os Antigos chamavam de «lobisomens», ou até mesmo de seres mortos-vivos como «zombies», ou não-mortos como «vampiros». Philonathes pergunta a dado momento se afinal essas entidades não são apenas espíritos, qao que lhe é esclarecido que embora sendo apenas espíritos, eles podem momentaneamente incorporar por possessão num corpo vivo, seja humano, seja cadáver, seja animal. O demonolgy adverte que aqueles que acreditam que e esperam por bons espíritos, estão caídos numa ficção, pois todos esses espíritos são malignos, e tem origem diabólica. Por isso, conclui que se diz lidar com a «magia branca», crendo que lida com os ditos «bons espíritos», anda profundamente iludido, e mais cedo ou mais tarde verá a sua vida fundada e caída pelas amarguradas valetas das desgraças.
Outro tipo de espírito abordado no Demonology do Rei James I, são os Sucubbus e Incubbus, que tem relações carnais com homens e mulheres. O demonology afirma que os espíritos não tem sexo, apenas assumem formas masculinas quando pretendem agradar a quem se agrade com homens, ou formas femininas quando pretende seduzir quem se agrade com mulheres, e fa-lo incorporando em corpos através de possessão demoníaca. Os corpos usados por estes demónios ficam extremamente frios durante a possessão, como se temporariamente transformados em cadáveres. Abordando este tema, é descrito como os demónios podem por estes meios chegar a engravidar mulheres que dão á luz humanos com dons demoníacos, ou também fazer uma mulher que não está gravida ficar com a barriga inchada, parecer gravida, apresentar todos os sintomas de ter um feto dentro de si, e porem não existir nela qualquer gravidez. O Demonology do Rei James I dá então nota de como á época, os casos de incubbus e sucubbus que se relacionavam carnalmente com bruxas ocorreriam mais frequentemente nas terras do norte, na Lapónia, Finlândia, ou nas ilhas de Orkney e Shetland. Nessas terras, eram mais famosos e conhecidos os casos em que as bruxas entregavam-se voluntária, ardente e alegremente á luxuria com demónios. Quando abordado o tema das pessoas possuídas por demónios, ou das possessões demoníacas, o Demonology do Rei James I afirma que os possuídos se podem confirmar através de vários sintomas, sendo eles: tem a cruz e o nome de Deus, tem fora e agilidades anti-naturais, tem o poder de falar idiomas que nunca aprenderam, falam em vozes guturais e animalescas que parecem emanar do peito e não da boca. O Demonology avisa que as curas que os padres causam através do exorcismo não são permanentes, mas apenas temporárias. Progredindo para a ultima classe de espíritos analisada, Epistemon analisa as fadas, declarando que na verdade são demónios e espíritos de bruxas mortas. São espíritos que se fazem manifestar personificando formas mais puras e limpas do que realmente são, para persuadir as pessoas a aceitá-las. O Demonology descreve os vários relatos verídicos que existem sobre florestas, rios, lagos, cavernas e colinas onde pessoas já se encontraram com este tipo de espíritos a quem se chama de fadas, havendo algumas dessas pessoas desaparecido durante dias a fio, e depois reaparecido sem memoria daquilo que lhes sucedeu, e muitas delas já transformadas em bruxas e bruxos. Argumenta o Demonology do Rei James I, que prova que as fadas se tratam de demónios e espíritos de bruxas já mortas, é que todas as pessoas que testemunharam a aparição dessas entidades, ( ou foram até levadas para locais do seu reino), nunca ali encontraram outros seres celestiais senão demónios, bruxas, e almas de outras bruxas já mortas, estando todos aqueles ali presentes de alguma forma envolvidos na bruxaria, ou de alguma maneira ligados á magia negra.
Na obra Demonology do Rei James I, são feitas notas ao notório demonologista Jean Bodin, ( 1530-1590), que para alem de professor de Direito na Universidade de Toulouse, foi igualmente membro do Parlamento de Paris, e um célebre estudioso dos fenómenos da magia negra e da bruxaria, os quais testemunhou pessoalmente. Os casos reais e verídicos que testemunhou, inspiraram-no a escrever a sua obra De la Demonomanie des Sorciers, publicado em 1580. A obra de Bodin feriu as sensibilidades de alguns puritanos ao revelar como o Diabo cobiçava, seduzia e copulava com as bruxas desde a mais jovem idade, assim desviando-as para os caminhos da perdição da bruxaria, e celebrando com elas heréticos Pactos satânicos que passavam sempre pela entrega das bruxas ás abominações lascivas do demónio. Porem, o demonologista limitou-se a relatar factualmente aquilo que foi observado em centenas de casos verídicos, e isso não foi ignorado na obra do Rei James I. O Trabalho de Bodin começa com a própria definição de bruxaria, que o Rei James I também adoptou, e que era «bruxa é toda aquela que, através de comercio com o Diabo, tem a plena intenção de atingir os seus próprios fins». Assim o demonologista Bodin definiu a magia negra, e também o Rei James I o fez no seu Demonolotry.
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