Magia negra e as maldições das bruxas

Magia negra e a maldições das bruxas

Nicolas Remy( 1530 – 1612), foi um demonologista Francês que presenciou pessoalmente vários casos verídicos de bruxas, bruxaria e trabalhos de magia negra.  Com as conclusões que retirou das suas experiências e observações, Nicolas Remy escreveu a obra «Demonolatreiae», publicado em 1595. Na sua obra Demonolatreiae, no seu Capitulo IV, Remy faz nota que a forma como os demónios e a magia negra operam neste mundo, é muitas das vezes gerando fortes maldiçoes que se abatem sobre o amaldiçoado, seja por causa de um assunto amoroso, ou seja por uma vingança, ou seja porque outra demanda for. As amarrações em particular, funcionam sempre por meios altamente coercivos, e por isso á base de maldiçoes.

Conforme faz notar a encyclopedia de Oxford sobre «Witchcraft in the early Modern Europe and Colonial America», a magia erótica ou amorosa sempre foi particularmente forte, e particularmente violenta, pois que funciona essencialmente por meios coercivos. Nela, a vítima é castigada até ceder ao mandante da magia negra. Usam-se de todos os meios, desde queimar a efígie de uma pessoa em caldeirão para que a  alma da vitima arda como se ardesse no fogo do inferno em padecimentos ate que ceda aos fins do bruxedo; usam-se de agulhas que trespassando um boneco baptizado com o nome da vitima, então essa criatura sofra padecimentos e aflições ate ceder ao mandante da bruxaria; entoam-se encantamentos nos quais se diz «Sofrerás até que te entregues», «Ficarás amaldiçoado até que venhas á pessoa X », «Que apenas de livres destes tormentos quando cederes», etc. As amarrações, actuam por isso através de violentas maldiçoes dirigidas á vítima desse tipo de bruxedo, com a finalidade de a forçar ou coagir a entregar-se a alguém. Tal facto é intemporal, e pode ser historicamente comprovado, conforme se pode observar no caso da bruxa Ganbrina. A bruxa Ganbrina era abundantemente requisitada devido ás suas amarrações, e imensas era as mulheres de todas as condições sociais que a procuravam, desde a mais humilde camponesa á mais elevada dama da realeza, umas procurando que o marido largasse a concubina, e outras desejando ser as concubinas preferidas do marido de outrem.  E a todas a bruxa dizia o mesmo: o meio para isso é apenas um, e é a coerção. Apenas forçado o homem se entregará, porque se fosse para se entregar de seu livre humor ou capricho, então ele já o teria feito por si mesmo. Logo: se não o faz de sua livre vontade, é porque não o quer. E se não quer, então apenas forçando-o é que ele cederá. A linguagem da força é a única linguagem que o homem conhece, pois que o homem não é dado ás subtilezas que são típicas do reino feminino. O caso da bruxa Ganbrina foi célebre, e acabou registado na obra «Una strega reggiana» de 1906.

Na magia negra, o Diabo e os seus demónios são sempre expeditos em aceitar e fazer cumprir as maldiçoes imprecadas por uma bruxa. A bruxa Barbeline Rayele era uma celebra bruxa na localidade de Blainville. As suas maldiçoes eram temidas, e por volta dos anos de 1587 a bruxa era procurada para s usar em favor dos mais variados assuntos. E o demónio que respondia aos chamamentos da bruxa não apenas aceitava todas as maldições que ela lhe pedia que fossem infestadas nas suas vitimas, como lhe relatava tudo aquilo que ia sucedendo ás criaturas amaldiçoadas conforme a infecção da maldição se ia alastrando nas suas vidas. Por vezes o demónio fazia-se manifestar á bruxa na forma de um cão hediondo, e era dessa forma que o demónio escutava as maldiçoes da bruxa, transportando-as para as vitimas, assim como trazia notícias dessas mesmas vitimas através e visões nocturnas que a bruxa recebia.

As maldiçoes são um fenómeno temido e reconhecido, havendo imensos casos historicamente documentos que atestam do seu poder.

Já nos textos de Plínio ( f. 79 d.C), é possível observar como desde a antiguidade são registados casos verídicos de como haviam certas maldiçoes secretas e tão antigas que uma vez direccionadas a alguém, causavam grandes tormentos e até desastres. O historiador e filosofo Plutarco ( 46 d.C), na sua obra menciona uma historia fabulosa sobre o caso de Bellerophon que tendo salvo a vila de Xanthus, perto da cidade de Lycia, de um enorme javali selvagem que andava por ali destruindo colheitas e alarmando a população, porem não recebeu daquela gente qualquer agradecimento. Então Bellerophon orou secretamente a Neptuno para puni-los pela sua ingratidão. Assim, os seus campos foram inundados com água salgada, de modo que todas as suas colheitas apodreceram e perderam-se. E nenhuma daquelas pessoas foi liberta da maldição, até que movido pelas suplicas das mulheres da vila, então Bellerophon orou a Neptuno para perdoar aos cidadãos de Xanthus.

Há que tomar nota que por vezes as maldiçoes não são lançadas apenas por bruxedo, ou por imprecações malévolas. Há outras formas bem mais dissimuladas das bruxas poderem lançar uma maldição. Por vezes, a maldição pode ser lançada quando se aparenta estar a elogiar ou até abençoar alguma coisa em nome de Deus. Há um caso mencionado pelo célebre demonologista Nicolas Remy, e que ocorreu por volta dos anos de 1590. Foi então que Antonius Blyenstem, tesoureiro da província de Dommartin, viu algo sinistro suceder com o seu filho. Certa vez, o menino afastou-se da sua mãe enquanto tinham ido á igreja, e estava a brincar quando uma mulher idosa apareceu e acariciou a sua cabeça dando-lhe uma benção. No momento em que a mulher lhe murmurou palavras de elogio e bênção em nome de Deus, a criança caiu inanimada no chão como um boneco de trapos sem vida. A mulher desapareceu, o menino acordou e começou a chorar, havendo sido imediatamente levado para casa. A doença piorava a cada hora, os médicos não encontravam explicação para a doença, e por isso não havia duvida na mente de todos quanto haviam estado na igreja, que aquela moléstia tinha sido causada pela velha mulher. Se duvida restasse, nos dias seguintes, todo o gado que o sr  Blyenstem tinha na sua propriedade começou a agir estranhamente, ou a falecer. Assim age uma bruxaria de magia negra na sua vitima: gerando tormentos e padecimentos de toda a espécie, até que a vitima ceda aos fins que a bruxaria pretende. Caso contrario, se a vitima resiste, então os tormentos persistem a cerca-la, até ao ponto da sua desgraça, ou até das pessoas á sua volta. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder. E cuidado que por vezes, aquilo que parece ser uma benção é na verdade uma maldição disfarçada, tal conforme a velha que parecia estar a abençoar a criança, na verdade o contaminou com um terrível malefício. De acordo com o célebre autor, juiz e filosofo Aulis Gellius ( 125-180 d.C), e o notório historiador Plínio ( f. 79 d.C), já nos tempos da Antiguidade sabia-se de bruxos que abençoando e elogiando árvores e colheitas, estavam na verdade a lançar-lhes um feitiço, e elas mais tarde apareciam destruídas. Por essa razão, o grande filosofo e professor de Alexandre o grande, Aristóteles ( 384 – 322 a.C), fazia nota que quando um homem estava prestes a elogiar qualquer coisa, devia-se proceder de forma a evitar ou interromper esse elogio.

Afirmava o demonologista Remy ao mencionar este evento no seu grimório «Demonolatreiae» (1595), que os Deuses da Antiguidade são na verdade os demónios que hoje conhecemos, e que por isso as bruxas da actualidade fazem agora o mesmo tipo de coisa que se praticava nesses tempos remotos, ou seja, conforme na antiguidade se apelavam aos Deuses Pagãos para que estas maldiçoes ocorressem, as bruxas fazem o mesmo apelando ao seus demónios. E o efeito, continua a ser exactamente igual, uma vez que as entidades são as mesmas. Por isso, diz-se que se alguém ofende uma bruxa, há sempre um demónio pronto para vingá-la, e ainda mais drasticamente do que ela desejaria. Da mesma forma, se alguém quer pedir uma maldição a uma bruxa, então pode ficar confiante que verá o seu pedido cumprido, uma vez que os demónios exultam de regozijo quando recebem orações das bruxas para amaldiçoar em todo o tipo de situações. O clássico autor Tito Lívio ( 59 a.C – 17 d.C), menciona formulas verbais a que ele chama de bruxedos de execração.

Esses bruxedos de execração são os encantamentos usados pelas bruxas para lançar maldições. Tito menciona vários exemplos históricos de generais que usaram destas maldições para obterem grandes vitorias, assim como descreve uma fórmula usada nesses tempos, e dirigida ao Deus pagão Júpiter. Quando o encantamento era entoado, devia-se tocar o chão com as mãos, e ao invocar Júpiter levantar-se as mãos para o céu, e quando se pronuncia um voto para com o Deus, colocava-se as mãos no peito. Consta nos anais da história, que com a ajuda dessa maldição, as cidades de Fregellae, Gabii, Vaii e Fidenae foram conquistadas, assim como Cartago, Corinto, muitas cidades hóstias da Gália, Espanha e Àfrica. E para quem duvidasse que estas vitorias foram conseguidas com a ajuda dessas maldiçoes, Tito menciona como um manto de boa-sorte sobrenatural parecia sempre favorecer os exércitos Gregos, e ao contrário, um fogo de má-sorte alastrava silenciosamente pelos seus adversários. Havia sempre incidentes históricos, como quando, sem motivo aparente, todos os cavalos de um exercito formam tomados de um terror abnormal, e fugiram, quando se sabe que mesmo antes dessa batalha se iniciar, foi invocada uma maldição ao Deus Pan, e daí que desse dia em diante se passasse a chamar de «Pânico» ao estado de pavor que a maldição de Pan incutiu naqueles cavalos. O celebre poeta grego Píndaro (517 – 438 a.C),  passou a chamar-lhe «o medo vindo dos Céus». Estas forças existiam nos tempos da Antiguidade, conforme existem nos dias de hoje, e as bruxas sabem que estas maldiçoes são favorecidas pelas mesmas entidades que antes se chamavam Deuses pagãos, e hoje em dia se chamam demónios.

Diferentes demónios tem a seu cargo diferentes deveres, como foi o caso dos Deuses Pagãos. Um provoca tempestades em terra, e outro tempestades no mar; uma traz um tipo de doença, e outra infesta com outro tipo de diferente enfermidade; outros encarregam-se de tipos diferentes de calamidades ou infortúnios; Por assim ter sido desde os tempos da Antiguidade, é que as bruxas quando lançam maldiçoes, rogam sempre a um demónio responsável por causar aquele tipo de mal que se tem intenção de causar. Quando a bruxa entoa o encantamento de execração  ou o encantamento para amaldiçoar, e o demónio aceita a missão invocada por esse meio, e assim se encarrega de ir contaminar a vitima com uma certa desgraça, esse mal só poderá ser desfeito eficazmente se o encantamento da bruxa for repetido ao contrario, ou se a bruxa apelar ao demónio para que tenha compaixão para com a vitima. Desse modo, acabar com uma maldição criada por uma bruxaria, fica muitas das vezes dependente da bruxa aceitar desfazer a maldição, ou encontrar-se outra bruxa que tenha mestria na arte das maldiçoes, e que conheça os meios para as desfazer. Caso contrário, a maldição aloja-se na pessoa como um vírus incurável, uma moléstia que ali permanecerá a envenenar a vida da vítima até ao ponto da sua desgraça. Nalguns casos age mais rápida e fulminanmente, e noutros casos pode andar a atormentar lentamente a pessoa ao longo de anos, como quem assa carne viva muito lentamente, numa dolorosa tortura ao longo tempo. Porém, as maldiçoes geradas por bruxarias são das mais temíveis coisas que podem suceder a um ser humano. Segundo Gaius Plínio, (23 – 79 d.C), algumas vezes, as maldiçoes das bruxas são também lançadas através do olhar, usando-se daquilo que se chama de mau olhado. Outras fontes alegam que o sopro da respiração da bruxa lançado sobre algum objecto, pode também amaldiçoa-lo, ao passo que todos os grimórios são unânimes em afirmar que o grande catalisador da maldição é a raiva, a fúria, o azedume ou o ódio que a bruxa imprime na maldição. Este era o caso da bruxa Joanna  que em 1582 lançou uma maldição a um homem de nome Bernard Bloquat. No mesmo momento em que a bruxa entoava a sua imprecação com grande violência, o homem que se dirigia a Strasseburg caiu inanimado no chão. Não tinha nenhuma ferida, nenhum membro foi deslocado ou torcido, não apresentava qualquer tipo de lesão fosse onde fosse, e várias testemunhas presenciaram o evento. A morte ocorreu de forma completamente inexplicável, e a sua vida foi interrompida de um momento para o outro. O seu companheiro de viagem, Jean le Charretier, testemunhou presencialmente  estes acontecimentos. A historia mostra assim o poder das maldições das bruxas, assim como a diligencia imediata do Diabo em obedecer aos convites das suas bruxas para agirem nas vitimas das suas maldições.

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