Magia negra e demonologia

Magia negra e demonologia

O estudo dos demónios, das suas origens e propriedades, assim como do fenómeno das bruxas e da bruxaria, e igualmente os segredos das artes ocultas da magia negra e dos trabalhos de magia negra, foram desde há séculos o campo de estudo da demonologia, e dos demonologistas. Também a compreensão e catalogação das entidades e hierarquias demoníacas, foi desde sempre um objecto de estudo para os demonologistas. Os grimorios ou livros de magia negra de alguns dos demonologistas da antiguidade, são fonte de conhecimentos ocultos ainda nos dias de hoje, e preciosos guias de sabedoria para a feitura dos mais fortes trabalhos de magia negra.

Há várias obras de demonologia historicamente marcantes e influentes, como o De lá Dèmonomanie des Sorciers ( 1580), de Jean Bodin, o Tratactus de Confessionibus Maleficorum et Sagarum ( 1589), de Peter Binsfeld, o Daemonologie ( 1597), de James I , o Disquisitionum Magicarum ( 1599) de Henri Boguet, o Compendium Maleficarum ou o Compendio das Bruxas ( 1608) de Francesco-Maria Guazo, o Tableau de de l’Inconstance des Mauvais Anges ( 1612),  de Pierre Lancre,  ou o De Demonalitate ( 1700)  de Luduvico Maria Sinistrari.

Jacques Collin de Plancy ( 1793 – 1881), foi um célebre ocultista e demonologista Francês, que publicou diversas e reputadas obras sobre demonologia. O seu famoso «Dictionnaire Infernal» , um tratado de demonologia, foi publicado em 1818.

Todas estas e muitas outras, foram obras históricas de célebres demonologistas, onde estão inscritos muitos dos mais precisos saberes da bruxaria e da magia negra .

O Códex Latinus Monacensis, é um manuscrito que foi descoberto, e encontra-se na biblioteca da Baviera. Escrito em alemão, porem com formulas magicas em italiano. O livro continha o resumo de uma versão do liber consecraciounum , uma lista de espíritos, fórmulas para os invocar, um manual para magia astral, listagem dos dias adequados para a feitura de símbolos mágicos. O Manual de Munique, atribuído por alguns a Roger Bancon – famoso padre e filosofo Inglês – ( 1214 – 1292), descreve formas de invocação de demónios, deixa avisos sobre as formas pelas quais os espíritos tentarão perturbar o conjurador, assim como dá indicações sobre os métodos para lidar correctamente com uma conjuração de magia negra.

Um dos primeiros grimórios sobre magia negra e bruxaria, foi o Formicarius de Johannes Nider,(1380 – 1438), um reputado teólogo alemão. O grimório foi escrito em 1435, e publicado em 1475. Já o primeiro livro de demonologia a ser impresso mecanicamente, foi «Fortalicium Fidei», no ano de 1845, do celebre demonologista Alphonsus de Spina ( n. 1941), um influente Bispo franciscano Espanhol. Já Jean Vineti, um padre Dominicano Francês, publicou em 1450 o «Tratactus Contrademonum Invocatores», no qual combatendo os cépticos que descriam do oculto, Vineti confirma e comprova a realidade da existência de demónios, da magia negra, das bruxas e da bruxaria. Já o notório Grimório Errores Gazariorum de 1450, aborda os Sabbat Satânicos onde as bruxas se entregam á adoração de Satanás, assim como lhe manifestam veneração através de obscenos rito heréticos, entregando-se depois a profanos festins de luxuria com demónios, para depois celebrarem os seus mais fortes trabalhos de magia negra. O culto satânico é por isso comprovado, verificando-se que a sua existência é uma realidade que causa sérios efeitos de magia negra. O primeiro grimório escrito em Francês, é o La Vauderie Lyonois, uma compilação feita pelo padre e inquisidor de Lyon, França, região na qual existiram notórios cultos satânicos, alguns deles dentro da própria Igreja, em conventos e abadias. Soube-se assim da existência de freiras e padres satânicos, e das suas lendárias missas negras. Henri Bouget ( 1550-1619), foi um notório demonologista francês, autor da obra Discours exécrable des Sorciers (1603), nos quais muitos aspectos da magia negra e bruxas são sistematizados.

Houveram também outros poderosos Grimórios de magia negra inspirados em saberes hebraicos e arábicos na Idade media, como o Lemegeton e Liber Officiorum, onde se catalogam os vários reis, duques, marqueses e condes dos infernos.

No século XVII, o jurista eclesiástico e demonologista Pierre de Lancre ( 1553 – 1631), foi enviado para a zona Basca, a fim de investigar o que ali se passava, pois havia fortes rumores da existência de cultos heréticos a deuses pagãos e demónios. Em sequência dessa investigação, eis que em 1608 descobriu-se a existência de um jovem padre chamado Pierre Bocal, que aos domingos celebrava a missa cristã, e porem durante as restantes noites da semana realizava ritos nos quais usava uma cabeça de bode enquanto oficiava veneração ao Diabo, e aos velhos deuses pagãos. Estava assim comprovada a existência de padres satânicos na região, e ficou-se assim a saber que naquela zona eram celebradas Missas Negras, assim como realizados Sabbats Satânicos, e que ali proliferavam bruxas e bruxos. Nem Lancre estava fora do alcance da magia negra. Na noite de Setembro de 1609, Lancre viu pelos seus próprios olhos uma Missa Negra ser recitada e oficiada no seu próprio quarto de cama, apesar dele estar de tal forma embruxado, que assistiu a tudo paralisado e impedido de qualquer reacção. O demonologista Pierre de Lancre testemunhou todas estas realidades, e foi com fundamento nas suas observações e notas pessoais que o demonologista escreveu varias obras influentes, tais como Tableau de L’Constance de Mauvais Anges de 1612, L’Incredulité et Mescréance du Sortilége de 1622, e De Sortilége de 1627. Quando o demonologista Lancre faleceu, o seu túmulo foi curiosamente inscrito em Euskera, o dialecto Basco da mesma terra onde o demonologista havia entrado em contacto com a magia negra e o satanismo. Após a sua morte, toda a sua vasta obra de grimorios de magia negra foi deixada a um filho ilegítimo que era um padre Jesuíta.

Na antiguidade, os demonologistas muitas vezes procuraram a apoiar-se na Bíblia para fundamentar – do ponto de vista teológico – as realidades da bruxaria e a  magia negra . Quase todos os demonologistas da antiguidade apontam as passagens da bruxa de Endor ( 1 Samuel 28,7) através da qual Saul comunicou com o espírito do falecido Samuel, assim como o episódio de Simão, o mago, ( Actos Apóstolos 8: 9-24), um rival do apóstolo Pedro, e que terá alcançado grandes feitos mágicos. Autores com são Agostinho ( 345-430), aliaram o fenómeno da vidência á pratica da bruxaria, e por isso também destacaram também episódios bíblicos como da bruxa escrava de Filipos que são Paulo encontrou na Macedónia ( Actos Apóstolos 16,16-18), para confirmar a existência de bruxas e da bruxaria. Outros escritos, também apontam que Jesus esteve na presença de um Pacto demoníaco ,( Lucas 4:5-8 , Mateus 4:8-9),  – quando o Diabo lhe concede poder sobre todos os reinos do mundo, em troca da sua veneração a Satanás – e que Jesus testemunhou os poderes que o Diabo concede a quem com ele faz Pacto, quando o Satanás lhos descreveu a Jesus, nas suas tentações do deserto. Estas mesmas passagens são usadas por vários demonologistas da Idade Media para confirmar Biblicamente a existência de Pactos com o Diabo, e dos poderes que daí advém para as bruxas e bruxos. Muitos teólogos da Idade Media encontravam também a definição da magia negra e da bruxaria na passagem bíblica do primeiro livro de Samuel, onde no capitulo quinze, verso vinte-e-três, se pode ler «A rebelião é como a bruxaria, e o porfiar [ teimar, rivalizar] é como a idolatria». Assim diziam os teólogos medievais que a magia negra e a bruxaria consistiam em práticas de rebelião para com a Igreja, essencialmente através da veneração de falsos deuses e demonios, o que constitui a idolatria, que por sua vez constitui uma forma de teimar e rivalizar com o poder de Deus.

são Tomás de Aquino, ( 1225-74), deixou um legado de escritos nos quais se descreveu sobre as bruxas, e sobre a forma como os demónios incubbus as procuravam para com elas realizarem actos lascivos, e através da luxuria firmarem com elas Pactos demoníacos. No caso dos bruxos eles seriam procurados por demónios sucubbus , e o mesmo sucederia. Foi são Tomás de Aquino o primeiro a documentar a forma como bruxas e demónios podiam gerar sinistros e temíveis efeitos através dos seus trabalhos de magia negra, e foi também o primeiro a mencionar claramente a mágicas das «Ligatures», – hoje em dia chamadas amarrações – através das quais as bruxas podiam interferir nos relacionamentos humanos. O tema foi mais tarde aprofundado por Jean Bodin.

Já o célebre Malleus Maleficarum foi criado em 1486 por H. Kramer e Jacob Sprenger, ambos membros da Ordem Dominicana. O Malleus Maleficarum de H. Kramer e Jacob Sprenger, acabou sendo sancionado como um instrumento de inquisitório oficial contra magias negras, bruxarias e heresias, através da bula papal Summis desiderantes affectibus promulgada a 5 Dezembro 1486 pelo Papa Inocêncio VIII.

Ao longo dos séculos, vários foram os Papas ligados á magia negra e ao estudo das magia demónica, que possuíram grimórios de magia negra. O famoso Le Grimoire du Pape Honorius , é um grimório de magia negra atribuído ao Papa Honorio III ( 1150 – 1227). Já o Papa Silvestre II, cujo o pontificado durou de 909 a 1003, embrenhou-se profundamente no estudo das artes da magia negra, sendo proprietários de diversos livros de magia negra, e tal facto foi atestado no século XII, pelo historiador William of Malmesbury. Do escandaloso Papa Alexandre VI, (1431-1503), o Borgia oriundo de Espanha, sabe-se sobre o célebre caso incestuoso, assim como consta que terá celebrado Missa Negra dentro dos muros do próprio Vaticano, onde ocorreram extravagantes festins de luxuria e deboche. Já o Papa Bonifácio VIII (f.1303), praticou ritos de magia negra. O Papa foi várias vezes visto a celebrar rituais satânicos, nos quais sacrificava um galo, aspergindo depois o sangue para um fogo, e seguidamente recitando encantamentos demoníacos em Latim, lidos a partir do seu grimório de magia negra. Estes eventos foram testemunhados e documentados de 1303 a 1311.

Outra obra também reveladora de muitos segredos sobre bruxas, foi escrita no sec XVI, Peter Binsfeld, um bispo, juiz e caçador de bruxas alemão, que escreveu  De confessionibus maléficorum at sagarum – «confissões das bruxas» , 1598 – , onde estabeleceu uma relação directa entre os 7 pecados mortais e 7 demónios regentes do inferno, ou 7 demónios.

Em Espanha, Alfonso de Spina ( n. 1941) na sua obra Fortalium Fidei ( 1458) ou «Fortaleza da Fé», afirmava a realidade da existência dos Sabbats satânicos, da magia negra e das bruxas. Já a obra de Pedro Cirvelo , o notório Opus de Magica Superstitione,( 1521), foi a obra mais influente em Espanha dos assuntos da magia negra , das bruxas e  da bruxaria.

A maioria dos demonologistas da antiguidade defendiam que a feitiçaria popular e tradicional aliada ao satanismo, ( que consiste na adoração ao Diabo, e aos demónios, ou a deuses pagãos), gerava a bruxaria, a magia negra, um pecado considerado herético e da maior gravidade contra a Igreja. Nicholas Jacquier ( n. 1402), foi um padre dominicano e demonologista que escreveu diversas obras sobre bruxas e bruxaria, incluído o influente «Flagellum Haereticorum Fascinariorum» de 1452, no qual Jacquier afirma que a bruxaria é a mais forte e condenável das heresias. È a máxima heresia. Por isso mesmo, explica-se a preferência do Diabo e dos demónio por desviar as almas que mais cobiçam para os caminhos da bruxaria, pois assim estão a induzir ao mais apetecível dos pecados, que é a máxima heresia da magia negra.

No «compendium maleficarum» , ou o «O COMPÊNDIO DAS BRUXAS» de 1608, do padre Italiano Francesco-Maria Guazo (n. 1570)  , são descritas as varias finalidades para que uma bruxaria podia servir, assim como os seus poderosos  efeitos. O padre observou pessoalmente casos de bruxaria, de magia negra e possessões demónicas, tendo sido testemunha dos poderosos efeitos da magia negra.

Mais de 120 manuscritos do XVI que falam sobre o Diabo e as suas formas de actuar neste mundo, foram encontrados e catalogados em bibliotecas na Alemanha. Eram tratados para uso em educação pastoral. Um deles era o Tratactus , um tratado que se debruçava sobre os poderes do demónio.

Um padre dominicano Raimundo de Tarrega ( falecido a 1371) tinha um grimório de magia negra chamado De invocatione Daemonum. O livro tornou-se conhecido através do julgamento realizado por Nicholas Eymeric, (1320-1399), o Inquisidor geral de Aragão.  Com esta revelação, ficou-se a saber que até no seio da ordem Dominicana da Igreja, havia sacerdotes entregues ás artes da magia negra, ou seja, padres satânicos. Alguns autores da época designam a magia negra enquanto magia demónica, pois visa essencialmente invocar a demónios, almas de mortos e assombrações.

Johannes Nider,(1380 – 1438), um reputado teólogo alemão, foi o autor da célebre obra Formicarius ( 1435), na qual se descrevem aprofundadamente diversos aspectos do Pacto com Satanás, e dos Sabbats satânicos. Em 1435, Johannes Nider categorizou os fenómenos de maleficia ou da bruxaria em grupos, classificando os vários tipos de bruxarias que as bruxas podem celebrar para atingir os seus fins. Observa-se na obra, que todos estes fins são alcançados através de maldiçoes lançadas através de bruxarias de magia negra, sendo que esses trabalhos de magia negra apelam sempre á acção de espíritos de trevas, de assombrações, de aparições, e de almas de mortos.

Nicolas Remy( 1530 – 1612), foi um demonologista Francês que presenciou pessoalmente vários casos verídicos de bruxas, bruxaria e trabalhos de magia negra. Com as conclusões que retirou das suas experiências e observações, Nicolas Remy escreveu a obra «Demonolatreiae», publicado em 1595. O «Demonolatreiae» foi uma obra muito influente nos círculos da demonologia e nos estudos sobre as artes negras das bruxas Nicolas Remy dedicou-se ao estudo da bruxaria, depois de em 1582 ter visto o seu próprio filho ser embruxado com uma praga de uma bruxa. O filho veio a falecer após o lançamento da praga, e a dor do evento levou-o a lançar-se sobre o estudo das realidades da magia negra. A sua obra foi muito marcada pelos escritos demonológicos de Jean Bodin. Sobre as questões do poder do demonio em assuntos de luxuria, o célebre demonologista francês Nicholas Remy ( 1530 – 1616), fez notar nas suas obras, que num julgamento de uma bruxa chamada Alexée Drigie em 1568, a bruxa confessou sobre os vorazes e animalescos apetites da luxuria do Diabo, sendo esse o meio através do qual o demónio estabelece pacto satânico com a mulher, possuindo-a, e assim convertendo-a numa serva do Diabo, ou uma bruxa. Da mesma formas, as bruxarias de uma bruxa passam a ser poderosos instrumentos para disseminar os pecados da luxuria e concupiscência da lascívia neste mundo. Por esse motivo, os trabalhos de magia negra como as amarrações de magia negra, são tão inebriantes, irresistíveis e imparáveis.

Jean Bodin ( 1520-96), foi um jurista e filosofo francês, autor da notória obra «De lá Demonomanie des Sorcieres» de 1580 . As obras deste demonologista veio lançar luz sobre o poder dos trabalhos de magia negra, e das amarrações. Jean Bodin foi um dos primeiros autores da falar do termo «amarrações», ás quais chamou «ligatures», através das quais as bruxas podiam constranger as pessoas espiritualmente, levando-as a – sob a influencia de castigos espirituais infligidos espiritualmente á alma da pessoa embruxada – agir de certa forma desejada pelo bruxedo . As amarrações eram chamadas de Aiguillette em França, e de Ghirlanda dele Streghe em Itália. O notório demonologista Jean Bodin observou estes bruxedos pessoalmente em 1567, vendo que havia dezenas formas diferentes de celebrar amarrações, todas elas com efeitos temíveis, infestantes e inescapáveis.

James I ( 1566 –1625) foi não apenas rei de Inglaterra, como o autor de um dos mais influentes compêndios de demonologia, um tratado sobre bruxaria intitulado «Demonologie» (1597).

Henri Boguet ( 1550-1619), foi um notório demonologista Francês que em 1602 publicou a obra «Discours Exécrable des Sorciers». Boguet observa que Satanás quando incorpora num corpo humano para se fazer manifestar neste mundo, tem o gosto de fazer vestir em roupas pretas. O preto é a sua cor preferida, um símbolo dos sinistros poderes e do seu reino de temíveis forças ocultas. Por vezes o Diabo manifesta-se numa pessoa jovem, ou até uma criança; outras vezes numa pessoa idosa; outras vezes numa mulher; mas frequentemente num homem, e por vezes um homem com algum tipo de problema físico. Algumas vezes dignas de nota, o Diabo já apareceu incorporado num padre, ou numa freira. Porem, ele também pode incorporar num animal, conforme várias vezes o faz em Sabbats Satanicos das bruxas, ou até pessoalmente e diante da bruxa por ele desejada. Mas o mais intrigante, é que o Diabo pode também fazer-se manifestar na forma da Virgem Maria, ou de um anjo de luz, ou até como o próprio Jesus. Boguet observa que já houve vários casos em que Satanás se manifestou a freiras em visões, na forma de Jesus, semi-nú como na cruz, e tentando eróticamente as freiras, algumas vezes conseguindo até insinuar-se ao ponto de lhes inspirar um irresistível desejo carnal, e nesse momento conseguir copular com elas na forma de Jesus, assim possuindo-as através desse sinistro engodo. O demonologista abre assim as portas á compreensão de um Diabo repleto de recursos, até os mais impensáveis, para conseguir chegar a quem ele deseja chegar.

O notório demonologista Pierre Le Loyer ( 1550 – 1634), foi o autor do Discours Et Histoires Des Spectres publicado em 1605. Sobre o uso de pedras mágicas na bruxaria e magia negra, Le Loyer afirma na sua obra que «no que diz respeito aos demónios que essas rochas aprisionam em anéis, através de encantos» havia grandes segredos que os bruxos da escola de Salamanca e Toledo dominavam, e que estavam inscritos no famosos grimório Picatrix. Através do grimório Picatrix, Le Loyer descreve como se podiam invocar demónios Mercurianos para bruxedos relacionados com riqueza, demónios Saturninos para bruxedos relacionados com maldiçoes e vinganças, demónios Marciais para bruxedos que vençam contendas, e bruxedos Venusianos para demónios afrodisíacos que eram capazes de despertar os amores vais arrebatadores em qualquer pessoa que se desejasse, alterando o temperamento e comportamento dos homens. Era dessa forma que muitas bruxas lançavam os mais fortes bruxedos.

O grimório De lamiis et pythonicis milieribus, ( ou, «On Witches and Female Soothsayers»), é um tratado de bruxaria escrito em 1489 pelo jurista e professor Universitário Ulrich Molitor (1442-1507).Nos seus escritos, Molitor narrou como por volta do anos de 1553 haviam dias famosas bruxas em Berlim, que eram capazes dos mais prodigiosos resultados com os seus trabalhos de magia negra. No século XV, o teólogo ermita Gotschalcus Agostinianos (1411-1481), foi autor do Preceptor, publicado em Colónia em 1841, e Preceptorium em 1489.

William Perkins ( 1555 – 1602) foi outro notório demonologista Inglês, cuja a obra «Discourse of the Damned Art of Witchcraft» rivalizou com a obra de James I, a maior autoridade nos assuntos da bruxaria e magia negra nos inícios do século XVII. Perkins não tinha paciência para as vozes que negavam a bruxaria, e alegavam que a magia negra era uma fantasia. O demonologista não apenas comprovava solidamente a existência da magia negra e dos trabalhos de magia negra através da Bíblia, como a acrescia provas empíricas e concretas de observações feitas a casos reais e testemunhados. A sua obra «Discourse» foi publicada na Alemanha em 1610, e o seu pensamento rapidamente espalhou-se por toda a Europa.

Praticamente noventa anos depois, outros demonologistas famosos como Cotton Mather ( 1663 – 1728) de Nova Inglaterra apontavam os estudos de William Perkins como referencias incontornáveis sobre a magia negra, a bruxaria, as bruxas, e os trabalhos de magia negra. A obra de Perkins, assim como as provas documentais que reuniu, – tal como as de Cotton Mather – ainda hoje comprovam sobra a realidade da existência de bruxas, de bruxaria, de magia negra e de trabalhos de magia negra. Cotton Mather foi o autor de obras como «Wonders of the invisible world», (1693) , um livro muito influente nos círculos do oculto e da demonologia, que acabou por ter reflexos nos escritos de Joseph Glaville, mais concretamente na obra  «Saddicismus Triumphatus» de 1862.

Joseph Glaville ( 1636 – 1680), foi um filosofo e um clérigo, também autor de um compêndio sobre bruxas e bruxaria, o «Philosophical considerations about Witches and Witchcraft», de 1666. Joseph Glanvill foi um padre e ocultista Inglês que testemunhou pessoalmente casos impressionantes reais de magia negra, bruxaria e trabalhos de magia negra. Capelão do rei Carlos II ( 1630 – 1685), o padre foi também autor da obra Sadacismus Triumphatos ( 1681), que resultou da investigação de dezenas de casos verídicos que envolviam eventos sobrenaturais. O ocultista foi considerado o pai da investigação científica do paranormal, e trabalhou em conjunto com o notável cientista físico-químico Robert Boyle. Glanvill investigou pessoalmente e documentou o caso das bruxas de Somerset.

A magia negra enquanto arte de invocação de demónios para com eles negociar as demandas que se deseja, é uma ciência perigosa. Esta arte oculta foi classificada pelos autores na Idade Media, e até em épocas subsequentes, de «magia perigosa» ou «magia demónica», uma vez que recorre de demonios e espiritos de trevas para alcançar os seus fins. O Poeta boémio Joahannes von Tepl ( 1350-1415) descreveu-a – na obra Der Ackermann un der Tod, de 1401 –  nestes termos: «com os sacrifícios e sigilos, os formidáveis espíritos são conjurados. Não surpreende por isso que estas tenham sido catalogadas como as artes proibidas»

Quando o grande poeta Italiano Dante Alighieri ( 1265 – 1321), escreveu o seu poema épico Divina Commedia ( 1304 – 1208),  ele era para representar uma jornada no caminho para Deus, e porem tornou-se um dos textos mais preciosos na descrição de demónios e das hierarquias infernais. O texto possuía tantas referencias invulgarmente acertadas e extraídas de antigos conhecimentos clássicos da Antiguidade, que passou a ser observado por muitos como uma fonte de informação nas ciências ocultas da demonologia.  A obra tornou-se de tal forma proeminente, que alguns dos demónios ali mencionados passaram a constar de grimórios de magia negra escritos posteriormente.

Muitos foram os tratados de magia negra que a Igreja considerou obras proibidas, pois que revelavam saberes ocultos que permitem lidar com demónios e espíritos de trevas. Porem, alguns desses grimórios sobreviveram, e começaram a ser impressos no século XVI: Um desses grimórios era o Thesaurus Necromantiae de Honorius, cuja a origem é anterior a 1376, altura em que é mencionada pela Igreja. O teólogo e Inquisidor Espanhol Nicholas Eymerich ( 1320 – 1399), no seu Directorium, afirmou ter lido esta misteriosa obra satânica, e que ela permite a invocação de demónios. A obra foi já atribuída por alguns a Roger Bancon – famoso padre e filosofo Inglês (1214 – 1292), e descreve formas de invocação de demónios, assim como deixa avisos sobre as formas pelas quais os espíritos tentarão perturbar o conjurador, assim como dá indicações sobre os métodos para lidar correctamente com uma conjuração.

Um dos grimórios que atingiu um estatuto quase lendário, chamava-se The Agrippa, e recebeu o nome do seu autor, o célebre ocultista Henry Cornelius Agrippa von Nettesheim, ( 1486 – 1535), um contemporâneo de Faustus – o notório doutor que fez o lendário pacto com o demónio –, e autor do influente «De occulta Philosophia» (1531-33). Afirmava-se que o livro não podia ser eliminado pelo fogo, nem pela água, nem pela venda. Afirmava-se também que o livro tinha o tamanho de um homem, e que tinha de ser preso a uma viga de uma casa para poder ser consultado. Neste caso, o próprio livro era um artefacto mágico invocatório de demónios, e a sua própria presença ou posse podia contaminar o proprietário ou leitor com influencias demoníacas.

O demonologista renascentista Girolamo Menghi (1529 – 1609), autor do Compendium of the Arts of Exorcism , a firmava que através dos trabalhos de magia negra, infinitas eram as formas que os demónios podiam assumir para se aproximar e influenciar o homem e a mulher. O demonologista aderiu á ordem dos franciscanos 1552. Foram varias as obras que escreveu, tais como Flagellum Daemonum ( 1557), Fustis Daemonun ( 1588), e o Compendium ( 1576). Nessas obras Menghi aborda as diversas formas como os demonios podem influenciar os homens e mulheres, especialmente quando são vitimas de bruxarias.

Johannes Hartlieb ( 1400-1468), que serviu o duque da Baviera em Munique, de 1456 a 1464 escreveu a obra Das Puch aller verpoten kunst – «The Book of all forbiden arts» , ou «O livro das Artes Proibidas», no qual se debruça profundamente sobre o estudo da bruxaria, da necromancia e da magia negra. Nessa obra, Hartlieb afirma que «aquele que quer praticar estas artes negras, deverá fazer variadas formas de oferendas a Satanás, jurar-lhe votos, e estar em aliança com ele». Também no século XVI, o célebre teólogo e ocultista Alemão Heinrich Cornelius Agripa ( 1486 – 1535), descreveu as artes da magia negra nestes mesmos termos.

O medico bávaro Joahannes Hartlieb, foi um dos famosos estudiosos que se dedicou a pesquisar sobre as artes proibidas da magia negra, a catalogou uma serie de grimórios. Porem, sendo o seu próprio livro – o catalogo sobre grimórios -, uma porta aberta ao conhecimento desses grimórios – normalmente mantidos ocultos e em segredo – , o dr Hartlieb debateu-se com o perigo que a sua própria obra representava, caso caísse nas mãos erradas. O dr Hartlieb deu assim valiosas referencias sobre alguns dos mais míticos e famosos grimórios de magia negra, sendo eles: Sigillum Salomonis, Clavicula Salomonis, Hierarchia, Shemhamphoras, Algumas destas obras eram atribuídas ao lendário rei Salomão.

Martin del Rio ( 1551 – 1608), um teólogo e demonologista espanhol, ingressou da ordem Jesuíta em 1580. O jesuíta del Rio foi autor da notório obra «Disquisitiones Magicae» ou «Investigações sobre a Magia», assim como do «Disquisitionum Magicaum» em 1599. Sendo um forte crente na existência de bruxas, de magia negra e de bruxaria, del Rio afirmou nas suas obras que a própria negação da bruxaria era prova da sua existência, pois os factos que ele testemunhara pessoalmente comprovavam que a magia negra e a bruxaria não eram meras ilusões, mas sim uma realidade muito concreta. Por isso, argumentava o Jesuíta que quem tentava negar uma realidade tao óbvia e repleta de provas, é porque a queria esconder essa realidade por algum motivo, e isso em sí já era prova da sua existência, uma vez que ninguém tenta esconder algo que não existe. E o célebre demonologista tinha fortes motivos para acreditar na magia negra e na bruxaria, uma vez que a presenciou e testemunhou pessoalmente, dando disso conta nas suas obras.

Nos finais do século XIV, um historiador árabe chamado Ibn Khaldun falou sobre um lendário grimório conhecido de todos os eruditos de magia negra, chamado Picatrix., avisando sobre os temíveis ensinamentos diabólicos ali contidos, e dizendo mesmo que o livro era digno apenas de padres do diabo. Sobre este grimório, assim escreveu o historiador: « aquelas são ciências que mostram como almas humanas se podem preparar para exercer influencias e mudanças neste mundo dos elementos, com ou sem a ajuda de seres ou elementos celestiais. Estas ciências foram proibidas e banidas por muitas religiões, porque podem ser altamente prejudiciais, e requerem que os seus praticantes se relacionem com seres espirituais, que não Deus[ demonios, espíritos de trevas, assombrações, aparições, almas de mortos]

O livro foi originalmente escrito em arábico entre 1047 e 1051, algures em Espanha. O rei Afonso X de Castilha, encomendou uma tradução para espanhol em 1256. Hoje em dia, calcula-se que ainda existam dezassete copias que tenham sobrevivido á voracidade dos saques, destruição e devastação da santa Inquisição. O grimório medieval Picatrix fala sobre o selo real do rei Salomão que estava inscrito do seu anel, onde estão gravados os sigilos místicos que permitem invocar e domar os espíritos de trevas. O erudito bizantino Michael Psellus, ( n. 1017), foi outro autor que fez varias menções semelhantes aos livros do rei Salomão , e dos seus saberes que permitiam invocar e controlar demonios. A influencia deste livro pode ser observada na própria obra do célebre ocultista Agrippa von Nettesheim, ( 1486 – 1535), um contemporâneo de Faustus – o notório doutor que fez o lendário pacto com o demónio –, e autor do influente «De occulta Philosophia» (1531-33)

Johannes Trithemius ( 1462 – 1516), um académico alemão e estudioso do oculto, catalogou extensivamente os textos de «Clavicula Solominis» em 1508. Trithemius também faz preciosas menções ao Liber Spirituum, ou «O Livro do Oficio dos Espíritos», um importante grimório demonológico. Johannes Trithemius foi um abade alemão, grande estudioso do oculto, e um dos autores mais influentes das ciências ocultas. Cornelius Agrippa  foi seu aluno, assim como Paracelso. Em 1508, Trithemius mencionava uma obra de nome «De Officio Spirituum», atribuída a Salomão, e deixava um profundo legado de conhecimentos do oculto. O notório Joahannes Trithemius, um abade beneditino, foi autor de mais de oitenta títulos versando sobre preciosos saberes ocultos, e leu todos os grandes grimórios. Entre esses famosos grimórios, estava o «The Book of the Four Kings», ao qual Trithemius chamou de uma obra «pestilenta», e que atribui a origem destes «trabalhos amaldiçoados» a são Cipriano. A fama duradoura de são Cipirano vem não da sua vida religiosa, mas sim do facto dele ter sido um grande bruxo antes da sua conversão, e ter celebrado um Pacto com o Diabo. Trithemius menciona igualmente um Treatise of Necromancy que ensina a como forçar os espíritos de trevas a obedecerem ao bruxo, assim como a obra do demonologista Pietro d’Abano ( v. século XIII), que continha iguais saberes de magia negra. Outro dos trabalhos que recebeu considerável atenção de Trithemius foi o Picatrix.  A obra consiste em quatro volumes traduzidos em Espanha do Arábico para Latim em 1256, e contem ensinamentos considerados diabólicos. Em 1456, Jean Hertleib, o medico pessoal de Albrecht III, ( 1401- 1460), duque da Baviera, menciona o Picatrix como a obra mais impressionante e perturbadora que ele já havia encontrado nos assuntos do oculto. O padre, escritor e médico francês François Rabelais, ( 1494 – 1553), faz menção da obra ao situar em Toledo, Espanha, a existência do padre satânico que era o autor do diabólico Picatrix, e que era o doutor de uma escola satânica. O livro conseguiu sobreviver aos tempos, e foram depois feitas diversas traduções para Francês, Italiano, Alemão e Hebreu.

Outro académico alemão e estudioso do oculto, Johannes Reuchlin ( 1455 – 1522), também descobriu e sistematizou vários textos cabalísticos em 1517, também atribuídos aos saberes do rei Salomão, que estavam sob o pseudónimo de Raziel.

Johann Weyer (1515 – 1588) foi um demonologista Alemão, discípulo de Cornelius Agrippa  ( 1486 – 1535), autor da obra «Pseudomonarchia Daemonum» de 1577, um famoso grimório de magia negra.

Reginald Scot. ( 1538- 1599) , foi um demonologista Inglês, autor do livro «Discoverie of Withcraft» de 1584, um livro com preciosos ensinamentos sobre conjurações de espíritos.

John Dee ( 1527 – 1608), foi um célebre erudito e ocultista. O notório ocultista Dee, foi astrólogo pessoal da Rainha Maria I de Inglaterra, ( 1516 – 1558), e de Elisabete I de Inglaterra ( 1533 – 1603). John Dee interessou-se vividamente pelo contacto com os espíritos, havendo praticado ritos necromânticos. Foi o autor do notório Liber Mysteriorum, (escrito de 1581 a 1583), ou o «Livro dos Mistérios». Nessa obra, são estudados diversos e fortes encantamentos. O célebre matemático e ocultista Inglês John Dee,  era um homem de grande erudição, que serviu pessoalmente a própria Rainha de Inglaterra Elizabeth I ( 1533 – 1603). A Biblioteca de John Dee continha grimórios como o Malleus Maleficarum ( 1486), dos demonologistas Jacob Sprenger ( 1438 – 1495), e Heinrich Kramer,  ( 1430 – 1505); o «Compendium Maleficarum» , ou o «Compêndio das Bruxas» de 1608, do notório padre e demonologista Italiano Francesco-Maria Guazo (n. 1570); o Fustis Daemonum de Hieronymus Meg; e o De Praestigiis Daemonum do notório demonologista Johanes Weyer ( 1515 – 1588), discípulo do célebre ocultista Cornelius Agripa ( 1486 – 1535). Dee foi igualmente amigo pessoal do célebre jurista e filosofo francês Jean Bodin ( 1520-96), autor da notório grimório «De lá Demonomanie des Sorcieres» , publicado em Paris, no ano de 1580. John Dee foi autor do Monas Hieroglyphica ( 1583), nos quais se debruçou sobre o estudo de certos sigilos ocultos, e o seu poder invocatório de entidades e forças espirituais.

Já no século XIX, o célebre ocultista Francês Eliphas Levi ( 1810-75) deixou escritos de grande importância, alguns dos quais levantavam o véu sobre aspectos ocultos das bruxas, da bruxaria e da magia negra, fazendo revelações sobre um bode sabático, ou o bode de Mendes, ou Baphomet. O demonio com cabeça de bode, era o demonio das bruxas que presidia á celebração dos  Sabbat Satânicos, e era o Deus venerado pelos Templários. Na visão de Eliphas Levi, o bode representava o poder supremo do Universo, visão que os Templários também partilharam.

Em 1910, o místico e demonologista Norte-Americano Arthur Edward Waite ( 1857 – 1942), publicou o seu célebre Book of Black Magic and Pacts , ou «Livro da Magia Negra e Pactos», onde revela hierarquias demoníacas, assim como formulas para a invocação de espíritos infernais. Arthur Edward Waite  foi um ocultista Inglês nascido dos Estados Unidos da América, e criador do célebre baralho de Tarot Rider-Waite. Para alem disso, Waite foi o autor da obra Unknown World, de 1895, um reportório de vastos conhecimentos sobre o oculto.

Francis Barret ( n. 1770 ), foi um notório ocultista inglês, autor do The Magus, publicado em 1801. Na sua obra, o demonologista segue as velhas tradições europeias da demonologia, e cataloga uma hierarquia de demónios que foram os Deuses Pagãos da Antiguidade, e que durante uma parte da história da humanidade se quiseram fazer adorados como um Deus.

Aquando da destruição de um asilo para pacientes mentais em Ghent, na Bélgica, cujo e edifico remontava ao século XVI; foi descoberta uma arca escondida dentro de uma parede. A arca continha o manuscrito de um bruxo, que apesar de se encontrar parcialmente danificado pela humidade , porem ainda era legível em certas e importantes passagens. Chamou-se ao documento o «Manuscrito de Ghent», e presentemente ainda é um dos misteriosos grimórios de magia negra que sobreviveram até aos nossos dias. Em França um dos mais famosos grimórios ainda em circulação nos dias de hoje, são o Grand Albert e o Petit Albert, cuja a origem remonta a 1706, havendo sido reimpresso por Jacques-Antoine Garnier em 1723. Na Alemanha, o «Romanus Büchlein», (1788), ou o «Pequeno Livro dos Romanos», ainda hoje gozam de grande popularidade em certos círculos do oculto. O texto foi reimpresso por Johann Scheible, e foi uma das principais fontes da magia negra e do Vodu holandês que mais tarde floresceu na Pensilvânia, U.S.A.

Há vários outros importantes estudos sobre demónios e demonologia: na França é celebre o Traité sur lá magie, le sortilége, les possessions obsessions, et maleficies (1732), de Antoine-Louis Dauguis e publicado por Pierre Prault, actualmente uma obra valiosa quando encontrada em leilões ou antiquários da especialidade. Já na Alemanha, Bibliotheca Magica do teólogo Heberhard Hauber ( 1695 – 1765), assim como o Geschichte de Teufels ( 1869) de Georg Gustav Roskoff ( 1814 – 1889). Na Inglaterra, as Narratives  of Sorcery and Magic ( 1851) de Thomas Wright ( 1711 – 1786). O tema da magia negra, dos demonios e da demonologia, foi desde sempre uma realidade que longe de ser uma crendice atribuível a ignorantes, foi antes sistemática e seriamente abordada pelos mais eruditos pensadores ocidentais.

O Grand Grimoire é o titulo de um famosos grimório mencionado pelo místico e demonologista Norte-Americano Arthur Edward Waite ( 1857 – 1942), autor do notório Book of Black Magic and Pacts ( 1910), ou «Livro da Magia Negra e Pactos». A mais antiga publicação do Grand Grimoire, remonta a 1421. O Grand Grimoire é descrito por Waite como um dos mais fantásticos dispositivos infernais para invocar demónios, até os mais relutantes em se manifestarem. Também conhecido como «Le Dragon Rouge», ou «o Dragão Vermelho», este grimório de magia negra concentra um importante capítulo sobre os procedimentos ocultos para invocar o demónio Lucifuge Rofocale. O nome «Lucifuge» significa «mosca-luz», e certos demonologistas atribuem-lhe uma relação directa a Lucifer, que significa «portador de luz». Acredita-se por isso que Lucifuge seja um dos nomes atribuídos a Lucifer, já depois da sua queda, e de ter assumido plenamente o seu estatuto de demónio, associando-a á «mosca», coisa que também o demónio Beelzebub o fez, cujo o nome na verdade significa «senhor das moscas», o príncipe do submundo.

Houve um importante grimório que sobreviveu aos tempos, e que se chamava «A arte de Cipriano». Na Arte de Cipriano, é fornecida uma serie de cinco selos mágicos que desenhados num espelho com uma tinta vermelha especialmente preparada para a finalidade, e acompanhados dos correctos encantamentos de magia negra, permitiam fazer com que um demónio invocado permanecesse reflectido naquele espelho pelo tempo desejado, e aceitasse as missões que lhe fossem incumbidas. A obra «A Arte de Cipriano» foi preservada num manuscrito de Frederick Hockley ( 1809-1885), um importante coleccionador de material oculto.

Na demonologia, os primeiros e mais antigos grimórios de magia negra apareceram em dois formatos: um era uma espécie de pequeno livro de bolso, de vinte e cindo a cinquenta paginas, destina a ser rapidamente consultado pelo bruxo em qualquer ocasião de necessidade, ou quando a bruxa ia celebrar um trabalho de magia negra, ou quando a bruxa se deslocava a algum local para ir executar uma bruxaria. O segundo formato era um livro enorme, por vezes de proporções gigantescas, para ser consultado no lar da bruxa. Estes últimos, nunca foram impressos, e são apenas encontrados na forma de manuscrito, em coleccções de bibliotecas e museus. Estes livros normalmente já são diferentes dos normais grimórios que se podem encontrar nos dia de hoje, uma vez que muitos deles contem bruxedos incorporados ao próprio livro. Por exemplo: há rumores sobre grimórios que foram encadernados em pele humana de mortos pagãos que nunca conheceram o baptismo, e cujo o próprio livro foi objecto de uma magia negra. Nesses casos, tais livros costumam vir acompanhados de uma maldição, a fim que apenas bruxas e bruxos de verdade os possam consultar. Nesses casos, o próprio grimório não apenas contem ensinamentos de magia negra, como se torna em si um objecto de magia negra. Há porem uma regra universal quanto a todos os ensinamentos de magia negra contidos nestes grimórios, e isso é a regra do secretismo. Essa regra tem sempre sido sublinhada por todos os demonologistas e bruxos. Muitos grimórios sublinham que revelar a fórmula de um bruxedo a um não-iniciado, torna essa magia negra completamente ineficaz. Há ensinamentos que afirmam que até o simples facto de revelar um ensinamento a um aprendiz não-iniciado, pode automaticamente anular o bruxedo.  Sobre isso, disse notório ocultista Cornelius Agrippa ( 1486 – 1535),:

«Toda a arte mágica abomina o publico e a publicidade. Ele procura sempre ser oculto, é fortalecido pelo silencio, mas destruído pela declaração, e o seu efeito não ocorre por ter sido exposto ou a tagarelas, ou descrentes, ou a ambos».

Uma característica comum a muitos grimórios, é terem sido escritos num Latim desarticulado, sem lisura nem correcção gramatical, uma autentica amalgama de mistura de palavras de Latim, com Grego e Hebraico, numa miscelânea fortemente truncada e distorcida. Muitas vezes a incompreensível distorção acontecia, porque aquilo que importava era a melodia dos encantamentos. Por vezes estes encantamentos estavam até dispostos em letras misturadas formando um símbolo que apenas o bruxo conseguia compreender e pronunciar. Há que relembrar que invocar demónios e espíritos de trevas é perigoso, e uma pessoa incauta, leiga ou ignorante que usar erradamente de uma invocação, pode sofrer uma fatalidade. Por isso, as bruxas encriptavam esses encantamentos de forma incompreensível aos olhos dos desconhecedores, para impedir a divulgação de segredos aos leigos. Por outro lado, durante a Idade Media, para prevenir as perseguições da Inquisição, houveram também formulas que foram escritas como se fossem dirigidas a Jesus e aos santos, quando na verdade se dirigiam a demónios e a Deuses Pagãos. Os antigos encantamentos dos tempos pagãos não desapareceram, eles simplesmente evoluíram. Por vezes, estavam diante dos olhos de toda a gente, e porem apenas aqueles que tinham a chave para os compreender, é que sabiam os segredos por detrás de certa oração, reza ou mezinha aparentemente cristianizada. A estrutura dos velhos bruxedos e encantamentos pagãos não tinha mudado, simplesmente a terminologia é que se tinha adaptado para sobreviver. Depois, para esconder os segredos mágicos dos encantamentos inscritos nos grimórios, usaram-se também várias técnicas como a aliteração , ( repetição de letras ou silabas ou sons numa frase), homofonia, ( uso da semelhança de sons de pronuncia), palíndromos, (palavras que se podem ler para a frente para trás de igual forma), acrónimos ( aquilo a que se chama as siglas), etc. Todos estes, e muitos outros segredos, podem ser encontrados nos mais ancestrais grimórios de magia negra.

Existe um famoso grimório de magia negra do século XVIII chamado Petit Albert. ou Petit Albertus. O grimório teve um enorme sucesso nos círculos do oculto, especialmente entre bruxas veneradoras de Satanás, e os efeitos dos seus bruxedos são tão certeiros que se tornaram lendários. Nos círculos do oculto afirma-se que seu autor foi o notório frade dominicano, Bispo e ocultista Germânico Albertus Magnus, ( 1205 – 1280), motivo pelo qual a obra se chama «Pequeno Albertus», pois que muitas bruxas olhavam para este grimório como um pequeno mestre que as acompanha, e que era do célebre Bispo Alberto.O grimório foi sendo passado de mão em mão em versões manuscritas, até que foi publicado em 1602.  Nesse grimório pode-se encontrar uma poderosa formula de magia negra para fazer qualquer mulher ou homem vergar amorosamente á vontade de quem a bruxa dirigir aquele trabalho de magia negra. A formula de magia negra inclui o encantamento «esa, seu masmo caldi male ame es», e quando usado conforme os ritos certos de um bruxedo de magia negra, ele fará com que a pessoa embruxada não tenha descanso senão quando se entregar a quem a bruxa decretou, e lhe faça a sua vontade. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder. E ela cede sempre.

Estes são alguns dos mais célebres e marcantes demonologistas e teólogos da antiguidade. Nas suas obras, nos seus grimórios de magia negra, e nos relatos sobre antigos grimórios já perdidos na névoa dos tempos, reside o mais oculto saber da magia negra, e que permite a feitura dos mais fortes trabalhos de magia negra.

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