Magia negra e inveja
Peter Binsfeld foi um Demonologista Alemão (1540-1603), que estudou num colégio jesuíta em Roma, tendo-se especializado em estudos sobre o oculto. Em 1589 Binsfeld escreveu a sua notória obra Tratactus de Confessionibus et Sagarum , um influente grimório no qual observava ao fenómeno da bruxaria e da magia negra, constatava a existência de tais realidades espirituais. Na sua obra, Binsfeld indica o demónio Leviatã com o demónio da inveja. Leviatã e a sua legião de demónios, respondem aos chamamentos inspirados pela inveja, causando todo o tipo de padecimentos ás vitimas daquele nefasto sentimento.
Dizia o jurista e filosofo Romano Cícero ( 106 – 43 a.C), que «a inveja é de longe o mais âmago e persiste de todos os motivos para o mal da pessoas».
Também assim o confirma o Nicolas Remy( 1530 – 1612), o notório demonologista Francês, autor do célebre «Demonolatreiae», publicado em 1595. A própria inveja, é por vezes capaz de lançar males tao fortes e devastadores como uma maldição ou um bruxedo de magia negra. Na verdade, a inveja só por si, pode causar efeitos iguais aos de uma imprecada maldição, ou praga rogada com o maior dos azedumes.
Na Bíblia, no Livro de Sabedoria IV,5 e 6, existe uma advertência para que as pessoas não dessem motivo a outrem para as amaldiçoar, pois os espíritos podiam ouvir e atender ao pedido. Assim se passa com a inveja, que sendo destilada com grande azedume e mau coração, pode contaminar a vítima com o mais mortal dos venenos, pois que não envenena apenas o corpo, mas sim a vida, tornando-a num purgatório de infelicidade.
O notório autor Cartaginense Tertuliano ( 155 – 220 d.C), São Ireineu de Lyon ( n. 130 d.C), e até são Cipriano (f. 258 d.C), afirmavam que o verdadeiro pecado original de Lucifer não foi a o orgulho, mas sim a inveja, pois que teve ciúmes dos humanos quando Deus os amou mais que aos anjos.
O célebre dramaturgo Romano Ésquilo (524 – 455 a.C), afirmava que «está na natureza de muito poucas pessoas, honrar sem invejar a um amigo que prosperar.» E na verdade, a felicidade é facilmente invejável, e engane-se quem pense que é necessário ser-se milionário para se ser corrosivamente invejado. Por vezes uma vida simples mas com amor, pode ser a fagulha que incendeia a voraz chama da inveja, e daí em diante começam os problemas num relacionamento.
A inveja pode putrificar todas as áreas da vida, seja no amor, na saúde, da prosperidade, no património. Para combater os males da inveja há meios de o fazer, porem apenas verdadeiros bruxas e bruxos os conhecem.
Jacques Collin de Plancy ( 1793 – 1881) célebre ocultista e demonologista Francês, autor do influente «Dictionnaire Infernal», um tratado de demonologia publicado em 1818, dá nota na sua obra que os males acusados por uma bruxaria não podem ser desfeitos senão pelo próprio bruxo que a fez. O mesmo se passa com o mal gerado pela inveja, que só pode ser desfiado por quem o teceu e desejou. Porem, afirma Plancy que embora os bruxedos não possam ser desfeitos senão pelo bruxo que os fez, contudo eles podem ser retirados de onde se foram instalar. E a forma que os bruxos tem de o fazer, é transferir o mal para outra coisa.
Quando o Rei James I de Inglaterra ( 1566 –1625), autor do célebre grimório Demonology (1597) esteve gravemente embruxado, foram levados á sua presença bruxos que lhe transferiram o mal infestado no seu corpo, para um porco, á semelhança daquilo que Jesus fez com um homem vitima de possessão demoníaca.
Também Catarina de Medici, a mulher mais poderosa de França, realizou uma bruxaria de magia negra celebrada numa Missa Negra para salvar a vida do seu filho quando ainda em criança, quando todos os médicos davam o caso por perdido. A Missa Negra resultou, e o mal foi transferido do filho para um animal, e pela força da bruxaria o seu filho viveu para se tornar rei de França, o notório Henrique III ( 1551-89), que foi monarca de 1574 a 1589.
Por volta dos anos de 1390, existiu uma célebre bruxa em Franca de nome Jehan Ruilly, popularmente conhecida como La Cordiére. A bonita bruxa de trinta e quatro anos era conhecida por fazer vários trabalhos de magia, muitos deles para livrar pessoas de enfermidades que tinham sido causadas por bruxedos, e por fortes invejas. Uma dessas pessoas, foi um homem de nome Ruilly, a quem lhe tinha sido dada uma semana de vida. A bruxa Jehane fez-lhe um boneco de cera misturada com cabelos seus, ao qual proferiu um encantamento. Depois, colocou-lhe um sapo no peito, e transferiu o seu padecimento para o sapo, que explodiu sem motivo aparente. Passados alguns dias, e para grande espanto dos médicos, Ruilly tinha melhorado, e estava a andar pelas suas pernas. Este caso tornou-se famoso na época.
Muitas bruxas eram conhecidas pelos seus bruxedos de transferência. Através deles, a bruxas retiravam um mal a uma pessoa, transferindo-o para um animal, á imagem do que Jesus fez quando transferiu os demónios de um homem possesso para uma vara de porcos. Quando não transferiam o mal para um animal, podiam fazê-lo para um receptáculo como uma garrafa ou um frasco, a que se chamavam as famosas garrafas de bruxas. Este tipo de bruxedo de magia branca era especialmente útil em casos de pessoas contaminadas por magia negra, ou por fortes invejas.
Porem, alguns grimórios afirmam que todo o bruxo ao fazer uma transferência, é obrigado a transferir o mal para algo mais importante que o possuidor desse mal; caso contrário, o mal voltará. Porem, todos os grimórios de magia negra são unânimes em afirmar que o bruxo nunca pode desfazer nem transferir o mal se estiver forçado, ou sob cativeiro. Para remover uma maldição, o bruxo deve estar completamente livre, e fazê-lo de livre vontade. A magia é liberdade, logo retirar a liberdade ao bruxo, é como amarrar a asas um pássaro: nem a magia funcionará, nem o pássaro voará.
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