Magia negra e o grimório Demonolatreiae
Nicolas Remy( 1530 – 1612), foi um demonologista Francês que presenciou pessoalmente vários casos verídicos de bruxas, bruxaria e trabalhos de magia negra. Com as conclusões que retirou das suas experiências e observações, Nicolas Remy escreveu a obra «Demonolatreiae», publicado em 1595.
A obra é dedicada ao seu patrono, ilustre príncipe e notável cardeal Charles de Lorraine, nascido em 1567, filho do duque Carlos III, entrado na vida eclesiástica em 1576, elevado a cardeal em 1591 por Gregório XIV ( 1535 – 1591). Foi eleito arcebispo de Stratsburg em 1592 com confirmação de Clemente VIII ( 1536 – 1605), havendo falecido em 1607. Foi um grande benfeitor da Igreja, a quem fez inestimáveis e preciosas oferendas, em especial á igreja de S. Agatha em Roma, e á catedral de Metz.
O grimório Demonolatreiae , do notório demonologista Remy, desvenda e revela vários aspectos ocultos sobre a pratica da bruxaria, lançando luz sobre a feitura dos trabalhos de magia negra, e os mistérios da bruxaria. Por exemplo:
Sobre os pós mágicos usados pelas bruxas, na sua obra Demonolatreiae , o demonologista Remy faz nota do uso de pós mágicos pelas bruxas, sendo ali descrito que alguns destes pós são extremamente eficazes, bastando apenas um pequeno contacto na pele da vitima para a infectar de bruxaria. Porem, não havendo oportunidade de tocar a vítima directamente, o pó de bruxaria é igualmente eficaz sendo aplicado um boneco ou imagem representativa da vítima, e que antes haja sido baptizada em nome do Diabo, com o nome da criatura que se deseja embruxar. Assim cria-se um elo espiritual entre a figura e a pessoa, e tudo aquilo que suceder num, sucederá no outro. Assim, a aplicação do pó na figura contagiará a pessoa, infectando-a de bruxedo como se ela tivesse sido tocada em carne-e-osso pelo pó de magia negra. Diz o grimório Demonolatreiae que o Diabo uma vez recrutando uma bruxa, «não demora tempo a fornecer-lhe instrumentos e instrução na pratica da magia negra». Mais diz o notório grimório, que «para que o negócio das bruxas não se atrase com os seus clientes, o demónio fornece um pó fino, que infalivelmente atrai enfermidades e moléstias a todo aquele que for vitima de um bruxedo» Afirma o grimório Demonolatreiae que há três pós mágicos que o Diabo oferece á bruxa: o pó que causa a morte é preto, e o pó que causa doenças e enfermidades é cinzento. Porem, a bruxa também recebe um pó branco, que permite curar todos os males causados pela magia negra, assim como concede grandes prodígios nos assuntos do amor. Os vários pós mágicos tem diferentes propriedades e finalidades, que são distinguíveis pela sua cor. Explica o grimório duas noções importantes sobre o pó de magia negra: primeiro, que o efeitos causados pelo pó não se devem ás propriedades químicas nem físicas das substancias que compõem o pó, mas sim ao Diabo. Diz o Demonolatreiae que «A potencia do pó não deve os seus efeitos ás propriedades do pó, mas sim ao Diabo», ou seja, e citando o notório demonologista Remy «os pós devem a sua potencia ao demónio, e não a propriedades próprias», significando isto que, o segredo do pó não reside na formula química do pó, mas sim no acordo ou no pacto que existe espiritualmente entre a bruxa e o demónio, e que concede uma propriedade espiritual ao pó. Dai, que o grimório explique depois o segundo aspecto dos pós de magia negra, ou seja, as suas diferentes cores. As cores dos pós de magia negra não estão relacionadas com as suas propriedades físicas, mas antes servem para sinalizar a finalidade a que estes se destinam, conforme foi pelo Diabo acordado com a bruxa. È no fundo um sinal visível do pacto entre a bruxa e o Diabo, e que se materializa gerando certos efeitos neste mundo. Mais que isso, é também um sinal de fé da bruxa, que sabendo que aquele pó é inócuo sem a acção do Diabo, porem entrega o assunto ao pó magico conforme o demónio lhe ensinou, plenamente crente que através dele o Diabo vá operar os seus desígnios. E com esta prova de fé, o demónio agrada-se, e age.
Sobre os galos usados em sacrifício nos ritos de magia negra, na sua obra Demonolatreiae , o demonologista Remy falou da notória bruxa Latoma, que lhe disse que o galo era desprezado pelos demónios, por ser considerado um arauto de Deus, um paladino da luz, um mensageiro da cristandade, despertando os homens para a adoração a Deus, afastando-os dos pecados com que as trevas da noite os infestam através da bruxaria. Assim, para os sacerdotes cristãos o galo que anunciava o nascer do dia e do Sol, e assumia-se como um símbolo da luz de Deus que diariamente vence as trevas. Pois por o galo ser tao importante e precioso para estes fiéis de Deus, diz-se que o Diabo o adoptou como oferenda a ser-lhe sacrificada em ritos de magia negra, enquanto símbolo da sua vitoria sobre aquele que era um paladino da luz Deus. E de todos os galos, preferiu o preto. E por isso mesmo, é que a oferenda do galo preto e do seu sangue, se tornou um elemento tradicional na magia negra, e um elemento agradável aos demónios invocados. Sacrificando um galo preto, esta-se a sacrificar um arauto da luz, e esta-se a silenciar o detestável cantar que anuncia a alvorada. Isso agrada aos demónios, e daí o galo preto ter esta importância simbólica, cuja a origem poucos conhecem.
Já sobre os misteriosos encantamentos proferidos pelas bruxas, na sua obra Demonolatreiae, o demonologista Remy faz nota que «até hoje as bruxas afirmam que os seus pequenos mestres, ( os seus espíritos demoníacos familiares), falam com elas na sua própria língua nativa, de forma tao natural e idiomática como alguém que nunca tivesse saído do seu país natal». E esses demónios até assumem nomes do uso comum no discurso vernacular. Afirmava por isso o demonolgista por isso, que os encantamentos das bruxas misturavam Latim com língua vernacular, em formulas que os demónios ensinavam ás suas bruxas.
Sobre as bruxas e os seus demónios, na sua obra Demonolatreiae, o demonologista Remy faz nota que as bruxas que tiveram relações carnais com Incubbus, assim como os bruxos que se entregaram á luxuria com Sucubbus, são unanimes em afirma que nada é mais frio que possa ser imaginado ou descrito. Todas as bruxas e bruxos tem relações carnais com um demónio ou demoniza quando entram ao serviço de Satanás, pois isso faz parte da celebração do seu Pacto infernal. Muitas das vezes, esse acto carnal é selado com o espírito demoníaco familiar que escolhe a bruxa, sendo que já houve várias historias de espíritos demoníacos familiares que acabaram por casar com a sua bruxa, e viver em matrimonio com elas até ao fim da vida da bruxa, sendo-lhe leal, e servindo-a com ternura, fidelidade e diligencia. Sobre a questão fálica do demónio, o demonologista francês Nicholas Remy fez notar nas suas obras, que num julgamento de uma bruxa chamada Alexée Drigie em 1568, a bruxa confessou sobre os vorazes e animalescos apetites da luxuria do Diabo, sendo esse o meio através do qual o demónio estabelece pacto satânico com a mulher, possuindo-a, e assim convertendo-a numa serva do Diabo, ou uma bruxa. Quando era convertida em bruxa, esta recebia sempre a marca da bruxa, ou a marca do Diabo.
Sobre a marca da bruxa que a bruxa recebe após celebrar pacto com o Diabo, na sua obra Demonolatreiae ( Capitulo V), Remy faz nota de como na antiguidade era conhecida a crueldade dos senhores em relação aos seus escravos, especialmente o acto de marcar-lhes o corpo com marcas cravadas e ferro ardente, tal conforme se faz ao gado, muitas das vezes para que em caso de fuga, esses escravos pudessem ser facilmente reconhecidos e recapturados. Relembra assim o demonologista Remy, que o Diabo faz o mesmo ás suas bruxas, marcando e selando aqueles que reivindicou como seus, marcando-os numa parte do corpo, conforme se fazia aos escravos da antiguidade, e que o Demónios o faz com as suas garras. Entre os anos de 1684 e 1587, houveram três famosas bruxas que não hesitavam em exibir orgulhosamente a sua marca do Diabo ou marca da bruxa. Tratava-se da bruxa Alexée Belheure, da bruxa Nicolée Moréle, e a bruxa Jeanne Gerardine, todas elas servas de Satanás, prestadoras de culto ao Diabo, e praticantes dos mais fortes e temidos trabalhos de magia negra. Todas elas afirmavam que receberam a marca do Diabo no exacto momento em que renunciaram á sua fé cristã, e aceitaram o Diabo como seu Senhor. As marcas do Diabo ou marcas da bruxa costuma ser locais imunes á dor, conseguindo-se perpassar aquele pedaço de carne sem que a bruxa sinta qualquer dor, e sem que dali brote nem uma única gota de sangue. No ano de 1588, uma bela bruxa de nome Isabelle Pardee exibiu a sua marca do Diabo, perfurando-a com uma agulha, sem sentir qualquer dor, e sem que dali se derramasse nem uma gota de sangue, pois o poder sobrenatural do Diabo é tal, que a sua invencibilidade permanece para sempre inscrita naquele pedaço de carne onde a sua garra tocou, pois é um pedaço de carne que não envelhece, não sangra, não sofre, e é imune a qualquer dor ou ataque. Á marca do diabo, ou a marca da bruxa, os célebre demonologista Nicolas Remy, chamava a Stigmata Diaboli.
Já sobre os santos que as bruxas veneram, na sua obra Demonolatreiae, no seu Capitulo IV, Remy faz nota que é comum bruxas e bruxas fazerem anunciar santos, e dizeram trabalhar em nome de santo, ou com santos. Na verdade, o demonologista refere que se trata apenas de um subterfugio, pois que as bruxas dão nome de santos aos demónios, assim escondendo o seu sacrilégio sob a aparência de religião, e dessa forma praticando dissimuladamente as heresias satânicas da magia negra diante dos olhares insuspeitos de todos quantos as rodeiam. Por isso, é frequente que bruxas e bruxos aceitem pagamentos pelo seu oficio, pois que o oficio do Diabo é sempre ímpio e pago, ao passo que o de Deus é santo e gratuito. E sendo paga, então a bruxa trabalha no seu santuário, oferecendo presentes, orações, queimando incenso e oferendando sacrifícios aos santos, que na verdade são os demónios a que ela recorre para realizar trabalhos de magia negra. È aquilo a que as bruxas chamam de «oferecer ao Diabo em nome do santos».
Afirma o célebre demonologista Remy no capitulo VII do Livro III da sua obra, que Satanás por vezes apoiou muito astutamente a sua magia negra e bruxedos com a capa da religião; dessa forma, o Diabo pretendia que não se entendesse que as curas e prodígios que as bruxas realizavam, tinham origem nos seus demónios, e na magia negra de que ele é Senhor. Um exemplo histórico disso, podemos encontrar na bruxa Thenotte, uma bruxa famosa na localidade de Nancy, em França. A bruxa foi procurada, e o preço dos seus serviços foi estabelecido para que libertasse espiritualmente uma mulher de uma praga que lhe tinha sido lançada, e a mantinha paralisada numa cama. A bruxa Thenotte mediu a mulher doente com pedaço de linho, depois dobrou-o um certo número de vezes, e colocou-o no peito da mulher acamada. Seguidamente, passou a noite toda ao seu lado, vigiando-a. Ao raiar do dia, a bruxa partiu, afirmando que ia realizar a cura em nome de um certo santo. Dirigiu-se a uma igreja desse mesmo santo, entrou, murmurou uns encantamentos diante do altar da Igreja, e incendiou o pedaço de linho, que ficou a arder em cima do altar. Depois saiu da igreja, e andou três voltas em trono dela. Mal o pedaço de linho acabou de ardeu e se consumiu, imediatamente a mulher acamada restabeleceu-se, e ergueu-se do seu leito como se nada fosse, e como se não tivesse estado durante semanas com a vida pendurada por um fio, e á beira dos portões da morte. Porem, enquanto a bruxa dava tres voltas á volta da igreja, o padre testemunhou que a água benta começou a borbulhar como se estivesse a ferver, e as chamas das velas dentro da igreja ardiam em azul, com um fedor sulfuroso. Tudo isso são manifestações do trabalho e da presença do demónio, e assim se verificou que a bruxa estava a retirar a praga apelando ao Diabo, e que tinha ido desfazer a maldição num altar de Deus entoando encantamentos de louvor a Satanás, pois dessa forma realizava um acto de forte heresia que é um deleite agradável ao Diabo, que lhe respondeu eliminando a praga. Agiu por isso como agiam os feiticeiros dos Deuses Pagãos da Antiguidade, que entoavam abomináveis encantamentos e ofereciam tenebrosos sacrifícios diante de altares. Em suma: a cura que a bruxa providenciou, embora ela a atribuísse a um santo, porem na verdade foi alcançada através do Diabo. Mais: o santo a que bruxa se referia, na verdade era o nome que ela atribuía a um demónio que conhecia, e que tinha especiais poderes sobre aquele tipo de enfermidade. Ou seja: como sempre, os santos são usados pelas bruxas para designar demónios, e para trabalharem com o Diabo de forma dissimulada. E este tipo de abordagem ao sobrenatural tem existido desde sempre. Exemplos históricos podem ser encontrados na Antiguidade. Sabe-se que foi usando desse subterfugio, que Apolónio ( 15 – 100 d.C), certa vez se defendeu diante do imperador Domiciano ( 51 – contra uma acusação de bruxaria, alegando que tinha feito os seus prodígios orando a Hércules, um semideus, uma entidade similar aos santos dos nossos dias no cristianismo.
Sobre o bode Baphomet que as bruxas invocam em assuntos amorosos e de amarrações, na sua obra Demonolatreiae, Remy faz nota que o bode esteve desde sempre associado ao culto dos Deuses pagãos, até mesmo dos mais venerados na Antiguidade. O escritor grego Hesíquio de Alexandria, autor do século V, menciona na sua obra como na Grécia da Antiguidade havia no templo de Apolo um enorme bode de bronze, ao qual eram prestadas honras solenes e divinas. O grimório Demonolatreiae do notório demonologista Nicolas Remy , faz nota da historia clássica de Teseu, que estava prestas a sacrificar uma cabra á Deusa Vénus, quando ela imediatamente a transformou num bode, para fazer entender que o bode era sua criatura preferida, a criatura que assinala o poder dos Deuses pagãos. Faz por isso notar o demonologista Remy, que o bode é a criatura que mais agrada ao Diabo, quando se trata de receber os favores e devoção dos seus fieis. Tal caso é substanciado pelo relato escrito por Robert Gaguin ( 1443 – 1501), um teólogo e erudito abade em Evreux. Conta o abade que houve um certo homem de nome Guillaume Ediline, que se apaixonou loucamente por uma certa donzela nobre. Não tendo esperança em possuí-la, o homem achou por bem satisfazer a sua paixão com a ajuda do Diabo a qualquer preço, ao invés de sofrer para sempre com aquela sua paixão insatisfeita. Para obter o seu desejo, o Diabo pediu-lhe apenas uma coisa: que se ajoelhasse e curvasse suplicantemente diante do Demónio na forma de um bode, e o venerasse. O homem assim o fez, e a donzela entregou-se-lhe ardendo de paixão, e perdida de desejos. Assim também se ficou a saber como o demonio Baphomet tem especial poder em assuntos eróticos, de luxuria e amorosos, dando um espantoso poder aos trabalhos de magia negra de amarrações que sejam celebrados com a invocação da sua influência.
São estes e muitos outros conhecimentos ocultos que o notório demonologista Nicolas Remy catalogou no seu grimório Demonolatreiae.
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