Magia negra os demónios familiares
Um demonio familiar é um demonio ou um espírito de trevas que é designado para acompanhar a bruxa ao longo da sua vida, e do seu oficio de artes magicas. O demonio familiar é designado á bruxa após a mesma ter celebrado pacto com o demonio. Nunca será um demonio á sua escolha, mas sim um demonio que a escolhe, ou que um demonio superior designar. O demonio familiar é no fundo uma oferta do Diabo á bruxa, que lhe é concedida especialmente na sua altura de iniciação e formação enquanto bruxa. Ajuda-la-á na descoberta e aprendizado das artes da magia negra.
No «compendium maleficarum» , ou o «Compêndio das Bruxas» de 1608, do padre Italiano Francesco-Maria Guazo (n. 1570) , são descritos os fenómenos da magia negra e da bruxaria, assim como os meios solenes através dos quais a bruxa faz Pacto com o Diabo, e nessa altura recebe o seu espírito demoníaco familiar. No compêndio das bruxas, assim podemos ler que «Toda as bruxas juram obediência e sujeição para com o Diabo. Prestam homenagem e vassalagem ao demónio através de cerimónias obscenas, de devassas luxurias e de heréticas perversões. Depois, colocam as mãos sobre um grande livro negro do Diabo que lhes é apresentado. Trata-se do Livro dos Mortos do Diabo, o oposto do Livro da Vida do Deus cristão. Colocando a mão em cima do livro, as bruxas ligam-se ao Diabo através de juramentos blasfemos de nunca retornar á fé cristã, não observar os preceitos cristãos, e não realizar nenhuma obra da Igreja. Não aceitarão mais os divinos preceitos de Deus, mas sim os impuros desejos do Diabo. Jamais frequentarão novamente os sagrados ritos da Igreja, mas sim atenderão apenas aos profanos Sabbat e Missas Negras da magia negra. Estes juramentos nocturnos são prestados á meia-noite, em sabbat satânico.» Mais assim diz o compêndio das bruxas «Nesta altura, a bruxa recebe a sua marca do Diabo. È o próprio diabo que lhe imprime a marca no corpo com a sua garra .Após receber a marca do Diabo, a bruxa profere juramentos de abjurar a santa-trindade, e todas as crenças e praticas da Igreja. Em troca, o Diabo promete conceder a sua protecção á bruxa, auxiliar em todos os seus trabalhos de magia negra, e após a morte garantir que a alma da bruxa vive eternamente aqui na terra, e investida de poder demoníaco. Estando isto solenemente professado, a cada bruxa é designado demónio chamado demónio «Magistellus», ou um espírito demoníaco familiar.» Frequentemente, no decorrer do Sabbat o demonio familiar incorporava por possessão demoníaca num homem, e a bruxa entregava-se-lhe em devassa luxuria. Também ocorreu por vezes o demónio familiar incorporar num animal como um bode negro, e terem depois ocorrido profanas obscenidades.
O espírito demoníaco familiar é um presente do Diabo para a bruxa. O espírito demoníaco familiar acompanhará para sempre a bruxa. Conforme um anjo acompanha um santo, pois um demónio familiar acompanha uma bruxa. E se através dos anjos os santos alcançam a pureza, então pela perversidade dos demónios familiares as bruxas contaminam-se todo o tipo de profana luxuria. O espírito demoníaco familiar é quase sempre um demónio Incubbus ou Succubus que escolhe a bruxa ou o bruxo. Sendo bruxa tratar-se-á de um demonio Incubbus, e sendo bruxo será uma demoniza Sucubbus. Henri Boguet ( 1550-1619), notório demonologista e jurisconsulto, afirma no capítulo XII do seu «Discours des Sorciérs» (1602), que na conexão carnal entre o Diabo e as bruxas, o Diabo conheceu todas as bruxas e bruxos, porque ele assume uma forma feminina para agradar aos bruxos, e uma forma masculina para seduzir as bruxas. O próprio Boguet testemunhou um caso em que o demónio apareceu a um homem de nome Pierre Gandillon e George o seu filho, havendo a ambos seduzido e com eles simultaneamente mantido relações pecaminosas, para depois os converter em bruxos. O mesmo sucedeu com uma mãe e filha, a quem um demónio Incubbus se insinuou, havendo com elas cometido em simultâneo igual abominação lasciva, depois levando-as a tornarem-se bruxas.
No famoso caso das bruxas de Faversham ocorrido em 1645, uma bruxa de nome Joane Williford recebeu a visita do demonio, que lhe apareceu na forma de um cão preto, e depois em forma humana, sempre através da sua possessão demoníaca desse corpos. O demonio seduziu-a, convidando-a depois a celebrar Pacto, oferecendo-lhe em troca a sabedoria e os dons para exercer o oficio das artes negras, ou da magia negra. Joane Williford aceitou, e passou a ser acompanhada de um espirito demoníaco que incorporava em animais de companhia, e cujo o nome era Bunny. Apesar do nome inofensivo e até carinhoso, o espírito demoníaco era portador das mais sinistras maldiçoes, que a bruxa usou num celebre trabalho de magia negra lançado a um homem de nome Thomas Letherland e a sua esposa Mary, que muitos padecimentos e assombrações sofreram até falecerem. Também nas bruxas de Faversham havia uma Elisabeth Harris, celebre bruxa a quem após Pacto, também lhe foi concedido um espírito demoníaco que a auxiliava nas suas artes de magia negra. O espírito incorporava num rato, e chamava-se Williford.
As Ilhas do canal ou o arquipélago Normando, situam-se junto á costa francesa, e porem estão sob o domínio da coroa britânica. O arquipélago é constituído pelas ilhas Jersey e Guernsey, e foi aí que por volta de 1617 viveu uma celebre bruxa. Chamada Collette du Mont. A bruxa afirmou abertamente celebrar ritos onde estando nua se ungia com unguentos ocultos que atraiam demónios que a possuíam, e a permitiam executar fortíssimos trabalhos de magia negra. Em tais ritos o demonio apareceu-lhe incorporado num enorme cão preto, sendo que o cão a dado momento ergueu-se, andou sob duas patas, e o seu toque assemelhava-se ao toque humano, tendo-a depois possuído lascivamente. Durante os Sabbts celebrados por Collette du Mont, outras bruxas receberam o demonio incorporado num gato negro. Uma vez tendo-se-lhes manifestado nessa forma a Collette du Mont, o gato negro passou a aparecer-lhe todas as noites, mesmo quando a bruxa se encontravam num quarto fechado, sem qualquer hipótese de um gato ali entrar. O demonio acompanhou-a nessa forma até ao final dos seus dias. A bruxa Collette du Mont celebrou lendários trabalhos de magia negra, sendo que durante a celebração dos ritos, ela falava com o seu gato numa linguagem ininteligível e incompreensível, na qual latim era misturado com línguas antigas. Eram os seus encantamentos proferidos em momentos em que se encontrava fortemente possuída pelo Diabo, e os seus encantamentos tinha efeitos temíveis.
No seu «Dictionnaire Infernal», um tratado de demonologia publicado em 1818, Jacques Collin de Plancy ( 1793 – 1881) – um célebre ocultista e demonologista Francês – fala de uma bruxa italiana de Milão chamada Marguerite, que tinha um espírito demoníaco familiar que a acompanhava a todos os momentos, e por todo o lado. A bruxa Marguerite invocava o espírito demoníaco familiar através dos seus encantamentos, e o demonio subitamente aparecia-lhe e respondia-lhe. Porem a voz do espírito não se ouvia a partir da bruxa, mas sim como se vinda de um local muito distante, como uma voz vinda da profundida de um poço, ou escutada através de um buraco numa parede, ou num muro. Muitos presenciaram esta a aparição deste espirito e a sua voz, ficando atemorizados e rapidamente retirando-se da presença da bruxa.
Outro caso sucedeu na Irlanda do século XIV, onde uma bruxa de nome Alice Keyteler (n. 1263) – a bruxa mais famosa da Irlanda desses tempos – usava de amarrações de magia negra tao poderosas, que apenas para si mesma – através de amarrações de magia negra – tomou 3 maridos ricos, e herdou as suas fortunas. Alice Keyteler, a bruxa mais famosa da Irlanda, usava nos seus trabalhos de magia negra o crânio de um ladrão condenado. Alice Keyteler teve quatro maridos, tendo os primeiros três sido seduzidos por meios de bruxaria e amarrações. Em 1324 a sua fama era lendária, e a bruxa tinha já uma colmeia de bruxas seguidoras. Keyteler tinha um demónio que a acompanhava sempre, andando incorporado num animal, chamado Robin Artinson, um demonio menor de Satanás. Era nas encruzilhadas que a bruxa Alice invocava esse demonio, oferendando o sangue de 3 galos pretos, e o demonio aparecia-lhe já incorporado num animal, ou num homem.
Os espíritos demoníacos familiares podiam aparecer nas mais variadas formas, ou seja, incorporando animais como gatos, sapos, aranhas, moscas, pássaros, cães, serpentes, lagartos, etc. Algumas bruxas chegaram mesmo a ter vários familiares ao mesmo tempo. Exemplo disso aconteceu por volta de 1582, com a bruxa Ursula Kemp , que mantinha quatro ao mesmo tempo: um gato chamado Tyttey, outro chamado Jack, um sapo chamado Pygine e um cordeiro chamado Tyffi, o que veio destituir a tese que os demonios não conseguem incorporar em cordeiros nem pombas brancas, devido ao seu significado Cristão.
Porem, por vezes o espírito demoníaco familiar podia incorporar num ser humano. Era dessa forma que no decorrer dos seus Sabbats, as bruxas invocavam a demónios, para depois manterem com eles relações lascivas.
A bruxa Margaret Jonhson – pendle witches – um homem bem apresentado, bem falante e bem vestido, de nome Mamilion. Já em 1645, a bruxa Ellen Driver de Suffolk, casou com o próprio espírito demoníaco familiar que lhe apareceu na forma de um homem, e porque ela se acabou por enamorar.
Em 1640, um reputado jurista de nome Matthew Hoppkins interrogou certa vez com uma bruxa que tinha cinco espíritos familiares ao seu serviço. Tratava-se da bruxa Elisabeth Clarke, a bruxa de Essex. Hoppkins afirmou que tudo aquilo que viu foi presenciado pelos seus próprios olhos, caso contrário até ele teria dificuldade em acreditar. A verdade é a que a bruxa tinha um gatinho chamado Holt, um cão spaniel de nome de nome Jamara, um cão galgo chamado Vinegar Tom, um coelho preto chamado Sack and Sugar, e uma doninha chamada Newes. A bruxa e os seus animais entraram todos para o escritório onde Hoppkins recebeu Elisabeth Clarke. A dado momento, quando Hoppkins achou estranho o comportamento do cão galgo chamado Vinegar Tom, ele viu o animal transformar-se numa criança de dez anos sem cabeça, e depois desaparecer-lhe diante dos olhos. Ao mesmo tempo, os outros animais também desapareceram, e a porta da sala abriu-se com um grande estrondo, sem que ninguém houvesse mexido na porta antes trancada. Do outro lado estava a criança de 10 anos sem cabeça, que novamente se esfumou no ar. Foi então que Hoppkins compreendeu que tinha acabado de presenciar a visão dos espíritos demoníacos familiares da bruxa, que se manteve sorridente e bastante serena durante os eventos.
Os espíritos familiares das bruxas eram por tradição baptizados com nomes não-cristãos, e alimentavam-se de algumas gotas do sangue da bruxa que deveria ser adicionado á sua alimentação normal.
Girolamo Menghi ( 1529- 1609), foi um famoso exorcista e o autor da notória obra, «Compendio dell’arte essorcistica», publicado em 1586, onde descreve como certo tipo de demónios se pode aproximar do homem e da mulher, para lhes lançar tentação, e leva-los a cair pelos caminhos da magia negra. Menghi entrou na ordem dos Franciscanos em 1550, e tinha fortes motivos para acreditar em demónios, pois na sua vida testemunhou pessoalmente sobre a sua existência. O frei Menghi foi autor de diversas obras sobre demonologia, tais como Flagellum Daemonum, (1557), Faustis Daemonum (1584), e Eversion Daemonum (1588). A obra de Menghi foi de tal forma influente, que o até John Dee ( 1527 – 1608), o celebre mago e conselheiro da Rainha Isabel I de Inglaterra, faz citações explicitas ao Flagellum, juntamente com o Mallus Maleficarum. Menghi faz menção aos espíritos demoníacos familiares, e de como estes agem ao contrario daquilo que sucede numa possessão demoníaca comum, ou seja, o demonio não procura usar-se nem dispor do humano para te-lo sob seu comando, mas sim acaba por colocar-se ao serviço do humano. O autor relembra sabiamente, que segundo Platão, durante toda sua vida Sócrates teve um demonio familiar que o acompanhou, e que estava ao seu serviço. No seu influente texto, Menghi relembra que independentemente das leis da Igreja terem decretado que estes demónios eram malévolos, porem eles sempre existiram, havendo sido nitidamente conhecidos nos tempos da antiguidade Grega, e ainda continuavam a existir. Menghi menciona ao longo da sua obra, que era surpreendente observar que este tipo de espírito demoníaco manifestava por vezes uma total ausência de natureza malévola. Por vezes ele poderia fazer até algo de errado ou censurável, mas apenas o fazia para agradar ao seu dono. Não havendo da parte do dono um pedido ou desejo mais erróneo, e este tipo de demonio limitava-se a acompanhar fielmente o seu dono, a protege-lo, e numa certa extensão até a nutrir-lhe sentimentos, ou ama-lo. Isso é por exemplo observável na obra de Jacques Cazotte , «Le Diable amoureux», onde um oficial do rei de Nápoles invoca um demonio, que primeiro lhe aparece na forma de um monstro, depois assume a forma de um cão, e no final já lhe aparece na forma de uma linda jovem mulher, que será a sua fiel e amorosa companheira. O demonio havendo-se enamorado do seu invocador, acabou por ficar ao seu serviço, prestando-lhe servidão, fidelidade, e até alguma espécie de sentimento. Estes demónios são por isso uma espécie muito distinta e assinalável de espíritos.
Na grande maioria dos casos, os espíritos demoniacos familiares sao demonios incubbus e sucubbus que acompanham a bruxa e o bruxo desde a sua iniciação, e para o resto das suas vidas. È o demonio incubbus ou sucubbus que escolhe ser o familiar de uma bruxa. Na verdade o demonio familiar que acompanhou Adão depois dele ter sido expulso do paraíso e ter caído assim no caminho do pecado, foi Lilith. Lilith foi a primeira demonio Sucubbus, e a mãe de todos os demonios sucubbus e incubbus, demonios que por natureza tem uma intima ligação com bruxas e bruxos, muitas das vezes seduzindo-os para o caminho da magia negra, aliciando-os ao Pacto com o Diabo que converte mulheres e homens em bruxas e bruxos, e depois acompanhando-os por toda a vida na forma de espiritos demoniacos familiares.
O próprio Papa Inocencio VIII ( 1432- 1492), emitiu uma bula papal em 1484, confirmando a existência dos demónios sucubbus e incubbus. Afirmam vários grimórios satânicos, que um demonio incubbus é um demonio masculino que procura a mulher durante a noite, deitando-se sobre ela durante o sono, e tendo com ela relações carnais. A vítima pode nem sequer se aperceber do ocorrido, como pode até ter uma experiencia de grandes prazeres, ou ao contrario, viver autênticos terrores nocturnas na forma de fortes pesadelos, ou sentindo um grande peso sobre si, e que a paralisa. Seja como for, este demonio vampiriza a sua vítima, alimentando-se da sua energia vital. Porem, tratando-se de uma bruxa, o caso muda consideravelmente, pois ao passo que o demonio se alimenta da bruxa, porem também lhe retribuiu auxiliando-a nas suas artes de magia negra. Quando assim acontece, o demonio incubbus passa a ser um espirito demoniaco familiar da bruxa. Ao longo da Idade Media, os demónios incubbus foram conhecidos por vários nomes: na França chamavam-lhes Follet, na Alemanha chamavam-lhes Alp, na Itália eram conhecidos por Folleto, e na Espanha diziam-se ser o Duendes. O demonio sucubbus é o género feminino do demonio incubbus. Sobre os demónios sucubbus , sabe-se que a primeira de todas as demónios sucubbus foi Lilith, que quando seduziu e copulou com Adão já caminhando nesta terra, vindo manchado de pecado após a sua expulsão do Paraiso, então gerou uma descendência de sucubbus e incubbus que tem existido e vindo a multiplicar-se até aos dia de hoje. Nos ensinamentos hassídicos do judaísmo medieval, já se mencionava a criatura de nome Aluqa , uma demonio feminino de atraente beleza, que levava os homens ao esgotamento, e muitas das vezes ao suicídio.
Quando estes espíritos Sucubbus ou Incubbus se associam a um bruxo ou a uma bruxa, tornam-se naquilo que é conhecido como um espirito demoniaco familiar das bruxas.
Lewis Spence ( 1874 – 1955), um notório ocultista Escocês, afirma no seu compêndio «Encyclopaedia of the Occult» (1920), que um sucubbus é um demonio feminino que pode assumir forma humana, fazendo-o normalmente através de possessão demoníaca de uma mulher. O rabino Elias afirmava que Adão depois de expulso do paraíso, foi visitado durante cento e trinta anos por varias demónios succubus, e teve relações carnais com elas. Uma dessas demónios Sucubbus, foi Lilith, a mae de todas as sububbus, e a primeira de todas as sucubbus . Há varios casos historicamente documentados sobre aparições de demónios Succubus. Um desses casos ocorreu na Italia da idade Media, no tempo do rei Roger Borsa ( 1060 – 1111). Roger Borsa foi um normando duque de Apulia e Calabra e regente do sul de Italia. Sob o seu reinado, e por volta de 1085, aconteceu o caso da célebre sucubbus, que chegou mesmo a ser mencionado ao Papa Urbano II ( f. 1099). Certa vez, numa noite de lua cheia, um jovem nobre da Sicília estava a banhar-se num lago com outros fidalgos amigos, quando lhe pareceu ver alguém afogar-se e lançou-se á sua salvação. Tendo retirado da água uma jovem e bela mulher, o nobre enamorou-se dela, casou com ela, a tiveram uma criança. Porem, logo apos o parto, a mulher desapareceu misteriosamente, levando consigo o bebé. O jovem nobre procurou pela sua esposa e recém-nascido filho por todo o lado, porem inutilmente. A mulher e o bebé tinham-se esfumado como se nunca tivessem existido. E porem, todas as noites de lua cheia, a silhueta de uma jovem mulher desnudada com uma criança aparecia junto ao lago onde o nobre havia conhecido a sua mulher, para logo depois desaparecer antes que o nobre pudesse alcançá-la. Soube-se então que a jovem mulher era uma demonio Sucubbus que tinha acasalado com o jovem para gerar uma descendência, e de tempos a tempos manifestava-se-lhe, sem porem nunca mais ter regressado. Outro caso de uma aparição de uma demonio sucubbus ocorreu na Escócia do século XV. Hector Boece ( 1465 – 1536), um filosofo escocês, mencionava na sua obra «History fo Scotland» que certa vez um belo jovem foi perseguido pelo espectro de uma demonio feminina, que a dada altura atravessou a porta do seu quarto para o pedir em casamento. O jovem procurou a ajuda de um Bispo, que lhe recomendou jejuns e oração, sendo que passado algum tempo a demonio o deixou de seguir. O caso porem foi célebre, e ficou documentado. Outro caso da manifestação de uma demonio sucubbus ocorreu no Egipto, embora tivesse sido presenciado e descrito por um empresário Francês do seculo XIX. Delandre ( 1883 – 1923), um empreendedor e empresário Francês, contava que no Egipto tinha testemunhado o caso de um ferreiro que estando a trabalhar á noite, do nada viu aparecer-lhe uma linda mulher desnudada diante dele. O ferreiro suspeitando que havia algo de errado com aquela situação, atirou um ferro ardente na direcção da mulher, que imediatamente levitou diante dos seus olhos, para depois desaparecer.
Um outro caso famoso sobre a aparição de demónios succubus, ocorreu dentro dos muros do próprio Vaticano. O Papa Silvetre II (946 – 1003), confessou que durante grande parte da sua vida tinha mantido relações carnais com uma demonio sucubbus , de nome Meridiana. Foram assim inúmeras e celebres as aparições de demónios sucubuus, e que são uma realidade comprovada pelas evidencias, relatos e testemunhos.
Também no ano de 1453, na Normandia, houve o celebre caso do padre Guillaume Edeline, pior da paroquia de Saint-Germain-en-Laye, que admitiu abertamente ter um relacionamento com uma demonio Sucubbus, e que havendo-se enamorado dela, tinha participado num Sabbat Satânico onde se submeteu a Satanás, e dessacralizado os seus votos, converteu-se num padre satânico.
Um dos casos de demonios Sucubbus que eram simultaneamente um espírito familiar demoníaco de um bruxo, ocorreu na Alemanha do século XVII. O caso ficou historicamente documentado, e sucedeu com o notório bruxo alemão de nome Johannes Junius ficou conhecido por ser amante e ter um relacionamento com um demonio sucubbus. A demonio succubus abordou depois Johannes Junius incorporando por possessão demoníaca no corpo de uma linda bruxa. Dessa forma o demonio sucubbus seduziu o homem, levando-a a celebrar pacto com o demonio, e com ele saciando-se em actos lascivos. Tudo isso sucedeu quando Junius foi levado pela demonio sucubbus ao seu primeiro Sabbat satânico, onde a Hóstia sagrada foi profanada, e o bruxo recebeu a sua marca do Diabo, que no seu caso consistia numa mancha na forma de uma folha de um trevo. O bruxo recitou depois a fórmula que a bruxa lhe ensinara, dizendo «Renuncio a Deus no Céu e todas as suas hostes, e reconheço o Diabo como meu Deus». Depois disto dito, o bruxo Junius foi baptizado em nome do Diabo. O seu nome cristão foi assim riscado do Livro da Vida de Deus, e um novo nome satânico foi inscrito no Livro da Morte do Diabo. O bruxo foi assim baptizado com o nome de Krix pelo próprio Diabo, e ficou nesse momento a saber que o demonio feminino que o acompanhava se chamava Vixen. Depois da cerimónia estar concluída, todas a demais bruxas e bruxos acolheram Junius na comunidade, dizendo que agora sim, eram todos iguais. Dai em diante Junius passou a celebrar trabalhos de magia negra, a frequentar os Sabbats satânicos, sempre acompanhado do demonio sucubbus que o recrutara. Sendo um demonio sucubbus uma entidade particularmente poderosa em assuntos de sedução e lascívia, os trabalhos de magia negra para o amor e luxuria celebrados pelo bruxo e auxiliados pelo seu demonio feminino, tornaram-se lendários, pois tinham espantosa eficácia.
No «compendium maleficarum» , ou o «O COMPÊNDIO DAS BRUXAS» de 1608, do padre Italiano Francesco-Maria Guazo (n. 1570) , são descritas as varias finalidades para que uma bruxaria podia servir, assim como os seus poderosos efeitos. O padre observou pessoalmente casos de bruxaria, de magia negra e possessões demónicas, tendo sido testemunha dos poderosos efeitos da magia negra. No compendium maleficarum ou compêndio das bruxas, assim podemos ler que «Toda as bruxas juram obediência e sujeição para com o Diabo. Prestam homenagem e vassalagem ao demónio através de cerimónias obscenas, de devassas luxurias e de heréticas perversões. Depois, colocam as mãos sobre um grande livro negro do Diabo que lhes é apresentado. Trata-se do Livro dos Mortos do Diabo, o oposto do Livro da Vida do Deus cristão. Colocando a mao em cima do livro, as bruxas ligam-se ao Diabo através de juramentos blasfemos de nunca retornar á fé cristã, não observar os preceitos cristãos, e não realizar nenhuma obra da Igreja. Não aceitarão mais os divinos preceitos de Deus, mas sim os impuros desejos do Diabo. Jamais frequentarão novamente os sagrados ritos da Igreja, mas sim atenderão apenas aos profanos Sabbat e Missas Negras da magia negra. Estes juramentos nocturnos são prestados á meia-noite, em sabbat satânico.»
No compendium maleficarum ou compêndio das bruxas, assim podemos igualmente ler que «As bruxas prometem esforçar-se com todos os seus poderes e por todos os meios, para atrair homens e mulheres ao pecado, desviando-os do caminho dos mandamentos cristão. Para isso, celebração trabalhos de magia negra através dos quais farão os prodígios do Diabo manifestarem-se nas vidas de homens e mulheres, infestando-lhes a existência. Também atrairão quantas mais almas que lhes for possível a caírem nas tentações do demónio, seja levando-as a entregar-se aos caminhos da magia negra e da bruxaria ao invés de aos braços da Igreja, seja acolhendo, promovendo e amparando todos os pecados da luxuria, da fornicação, do adultério, dos egoísmos, das vinganças e cobiças humanas. Assim se levam almas á perdição, ganhando-as para o reino do demónio. Quando o Diabo por se ter agradado, escolher uma rara alma entre mil, para a chamar ao oficio de bruxa, também se comprometem as bruxas em tudo fazer para guiar essa alma ao pacto com o diabo, assim angariando mais uma nova bruxa para as hostes do demónio, e do culto satânico. As bruxas serão por isso missionarias do Diabo, conforme freiras e padres são missionários da Igreja. Procurarão atrair mais e mais homens e mulheres aos ímpios serviços da magia negra, conforme também angariarão novas noviças e noviços para o sacerdócio a Satanás, ou seja, novas bruxos e bruxos. O Diabo pessoalmente incorporado num homem por possessão demoníaca, ou um representante em sua vez, administrará ás bruxas os profanos sacramentos do baptismo satânico, por oposição ao sagrado baptismo da Igreja. Deverão as bruxas no momento do baptismo abjurar o cristianismo, renunciado aos seus preceitos e anteriores sacramentos recebidos. Depois, devem as bruxas fazer a confirmação deste baptismo.» Conforme o faziam as bruxas suecas em 1669, essa confirmação era feita através de terríveis juramentos e imprecações. A bruxa Elisabeth Francis de Chelmsford era uma famosa bruxa por volta dos anos de 1566, e havia sido baptizada pelo Diabo conforme estes mandamentos inscritos no «COMPENDIO DAS BRUXAS». Nessa mesma altura, uma jovem chamada Bellot que estudava na academia de Bourignon, também foi levada ao seu baptismo de bruxa pela própria mae. também um bruxa, realizando-se a cerimonia conforme estes termos. A famosa bruxa Elisabeth Francis de Chelsford, uma das bruxas de Pendle, também assim foi baptizada. Conforme dizia o compendium maleficarum ou compêndio das bruxas, «Após confirmação deste juramento feito no baptismo, a bruxa passará a ser instruída nas artes da magia negra, ao passo que recebe do demonio um novo nome de baptismo. Depois de assim estar feito, as bruxas cortam um pedaço da sua própria roupa, e em sinal de homenagem, entregam-na o Diabo que a conservará consigo. Ao faze-lo, a bruxa está a colocar-se inteiramente nas mãos do Diabo, pois sabe que se alguma vez desonrar o seu juramento para como demonio, aquele pedaço de roupa pode imediatamente ser usado num bruxedo que lhe será imediatamente fatal. Seguidamente, o Diabo desenha um círculo no chão, em torno do qual se colocam as noviças, as bruxas e os bruxos, que em voz altar confirmam por juramento todas as supracitadas promessas. Todos fazem o juramento nesse círculo, porque o circulo é o símbolo da Divindade, assim como a Terra é um circulo, e a terra é um supedâneo de Deus, e assim Satanás pretende que o aceitem como Deus e Senhor da Terra. Este é o motivo pelo qual os ídolos represetando Baphomet o retratam sentado em cima da terra, que é um círculo»
Mais assim diz no compendium maleficarum ou compêndio das bruxas, «Nestes ritos, as bruxas e bruxos pedem ao Diabo que risque os seus nomes do Livro da Vida de Deus, e os inscreva no seu Livro Negro. Nessa altura é solenemente trazida á sua presença um grande livro negro, o mesmo no qual as bruxas já tinham colocado as suas mãos, e assinado o seu nome com o seu próprio sangue. Agora, o nome delas é ali escrito e confirmado pela própria garra do próprio Diabo.»
Mais assim diz o compendium maleficarum ou compêndio das bruxas, «Nesta altura, a bruxa recebe a sua marca do Diabo. È o próprio diabo que lhe imprime a marca no corpo com a sua garra .Apos receber a marca do Diabo, a bruxa profere juramentos de abjurar a santa-trindade, e todas as crenças e praticas da Igreja. Em troca, o Diabo promete conceder a sua protecção á bruxa, auxiliar em todos os seus trabalhos de magia negra, e apos a morte garantir que a alma da bruxa vive eternamente aqui na terra, e investida de poder demoníaco. Estando isto solenemente professado, a cada bruxa é designado demónio chamado demónio «Magistellus», ou um espírito demoníaco familiar.» Frequentemente, no decorrer do Sabbat o demonio familiar incorporava por possessão demoníaca num homem, e a bruxa entregava-se-lhe em devassa luxuria. Também ocorreu por vezes o demónio familiar incorporar num animal como um bode negro, e terem depois ocorrido profanas obscenidades.
O espírito demoníaco familiar é um presente do Diabo para a bruxa. O espírito demoníaco familiar acompanhará para sempre a bruxa. Conforme um anjo acompanha um santo, pois um espírito familiar acompanha uma bruxa. E se através dos anjos os santos alcançam a pureza, então pela perversidade dos demónios familiares as bruxas contaminam-se todo o tipo de profana luxuria. O espírito demoníaco familiar é quase sempre um demonio Incubbus ou Succubus que escolhe a bruxa ou o bruxo. Sendo bruxa tratar-se-á de um demonio Incubbus, e sendo bruxo será uma demoniza Sucubbus. Henri Boguet ( 1550-1619), notório demonologista e jurisconsulto, afirma no capítulo XII do seu «Discours des Sorciérs» (1602), que na conexão carnal entre o Diabo e as bruxas, o Diabo conheceu todas as bruxas e bruxos, porque ele assume uma forma feminina para agradar aos bruxos, e uma forma masculina para seduzir as bruxas. O próprio Boguet testemunhou um caso em que o demónio apareceu a um homem de nome Pierre Gandillon e George o seu filho, havendo a ambos seduzido e com eles simultaneamente mantido relações pecaminosas, para depois os converter em bruxos. O mesmo sucedeu com uma mãe e filha, a quem um demonio Incubbus se insinuou, havendo com elas cometido em simultâneo igual abominação lasciva, depois levando-as a tornarem-se bruxas.
O espírito familiar demoníaco e a alma-gémea
Quando se fala numa alma gémea, normalmente imagina-se uma pessoa física de carne e ossos, mais concretamente um parceiro romântico. Porem, as tradições da Antiguidade não apontavam nesse caminho. Nas culturas mais antigas, as contrapartes de uma pessoa não eram outra pessoa, mas sim uma contraparte não-humana, ou um espírito. Na generalidade dos casos, tratava-se do espírito de uma pessoa já morta. Podia ser o espírito de um amor falecido nesta vida, motivo pelo qual se constatava que muitas das bruxas eram viúvas; mas também podia ser o espírito de um amor de uma vida passada. E esses, eram conhecidos como os espíritos familiares. Como as bruxas eram iniciadas nestes saberes ancestrais, elas aprendiam a descobrir quem era essa alma-gémea ou espírito familiar que andava sempre consigo para todo o lado, oferecendo-lhe protecção e servindo-lhe de guia. Muitas das vezes, esses espíritos familiares podiam incorporar momentaneamente em plantas, em elementos ou em animais, para melhor interagirem com o ser humano. Por isso mesmo na antiga religião druida dos celtas, dizia-se que as árvores podiam inspirar e amar os seres humanos, assim como a mesma crença existiu entre as tribos nativas Americanas pré-colombianas. As árvores e a madeira que dela se extraia, eram vistas como veículos onde os espíritos se podiam incorporar, para se comunicarem com o ser humano. A própria noção da vara magica da bruxa vem desse conceito ancestral, uma vez que as varinhas magicas são feitas de madeira das árvores, e por isso são um receptáculo onde um espírito familiar pode entrar, repousar, e acompanhar a bruxa. Os Totens que eram venerados e esculpidos em troncos de árvores pelos povos nativos da América, obedeciam ao mesmo principio. A vassoura da bruxa, onde ela se monta para dançar em círculos á volta de uma fogueira, obedece igualmente á mesma ideia. O cabo da vassoura é feito de madeira das árvores, novamente o elemento onde o seu espírito familiar pode entrar e repousar. Ao dançar com a vassoura entre as pernas, as bruxas estavam a replicar o acto amoroso entre elas e o espírito que as acompanha. Há historiadores da época medieval que afirmam que o contacto erótico da bruxa com a madeira da vassoura, ou de outro artefacto de madeira esculpido para efeito, ia muito para além da dança.
Quando falamos de espíritos familiares, há que procurar pela origem da palavra família. A origem da palavra família provém do Latim Famulus. Porem, a palavra famulus em Latim significava serva, e era uma serva do lar, uma serva que ou escrava que ajudava e dava assistência em todas as coisas de um lar. Assim, começa-se a compreender que quando as bruxas designavam um espírito familiar, elas estavam a designar um espírito cuja a missão era servir e auxiliar o ser humano ao qual estava vinculado. A própria noção de lar está relacionada com aquilo que é doméstico, e o conceito de doméstico está relacionado com o acto de domesticar, como forma de introduzirmos animais nos nossos lares. Já entre os Egípcios da Antiguidade os animais domesticados como os gatos, eram extremamente importantes. A Deusa Bastet estava-lhes associada. Os gatos eram tidos como portadores de espíritos que neles habitavam, mesmo que momentaneamente. E por vezes, eram espíritos de mortos, outras vezes espíritos de Deuses. Este conceito foi herdado pelas bruxas Europeias da Idade Media, que sabiam que os espíritos familiares tinham predilecção por usar corpos de certos animais domesticáveis, para habitarem num lar com a sua bruxa. A noção de domesticar implica dominar, no sentido de tornar ao animal um de nós, de modo a permitir que ele entre e habite num lar. Para isso, há que ensinar ao animal as regras da casa, assim como encontrar formas dele não ataque ou vá ferir o humano. Logo, tal como se domesticou o cão, porem é importante não deixa-lo voltar ao estado selvagem, para que o convívio possa prosseguir com equilíbrio. O mesmo se passa com os espíritos familiares: as bruxas aprendiam a conviver com eles, porem domando-os de forma a que não se tornassem selvagens, e servissem a bruxa.
O fantástico inventor e engenheiro Nicolas Tesla , ( 1856 – 1943), tinha um espírito familiar que era a sua alma gémea, e ele sempre o afirmou abertamente. Os relacionamentos entre espíritos e seres humanos é um fenómeno muito antigo, e continuam a ocorrer ainda nos tempos de hoje. Muitas das vezes, o espírito que acompanha uma bruxa incorpora num certo animal, ou tem características de um certo animal espiritual. Nas antigas tribos nativas Americanas, tais espíritos já apareciam mencionados nos seus escritos. Algumas dessas entidades espirituais são referidas no ancestral Códice Magliabechiano, um código pictórico Asteca do século XVI, e que se encontra presentemente conservado em Florença, Itália. Comprovava-se então que os seres espirituais de que as bruxas falavam na Idade Media, afinal já existiam e eram uma realidade há milénios. A célebre serpente, sempre existiu, e tinha-se manifestado a outras culturas e povos há milénios atrás. Os espíritos incubbus e sucubbus com formas aladas, algumas vezes com asas que se assemelhavam aos morcegos, ou com garras felinas, ou com traços de lobo, eram realidades há muito observadas noutras eras, séculos antes, e por outras civilizações.
A famosa bruxa escocesa Isabel Gowdie afirmou abertamente para quem a quisesse ouvir, que «cada uma de nós tem um espírito á nossa espera, esperando por quando nos apetecer chama-lo».
Sabe-se por isso que a ausência visível de um espírito demoníaco desta natureza junto com uma bruxa, não significa que o espírito nao exista, nem que a bruxa nao seja bruxa. Significa apenas que esse espírito apenas aparecerá quando a bruxa o chamar, e por vezes pode aparecer nas mais inesperadas formas. Seja como for, estes espíritos demoníacos que acompanham bruxas e bruxos, tem desde sempre sido lendários na feitura das mais fortes bruxarias e trabalhos de magia negra.
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