Magia negra e os espíritos Elementais
Há quatro grupos de espíritos que dominam os quatro elementos da natureza: Terra, Ar, Fogo e Àgua. Esses, são chamados os Elementais. Os elementais não são propriamente demónios, pois não estão relacionados com o desenvolvimento da humanidade, e já existiam muito antes do homem, remontando ás próprias origens da Criação. Foram porem catalogados nos grimórios de magia negra, a partir do momento em que o homem começou a venerá-los como Deuses Pagãos, o que do ponto de vista da doutrina da Igreja é uma heresia, e coloca essa veneração dos elementais ao nível da magia negra. Acresce aos quatro elementos, Terra, Ar, Fogo e Àgua, o quinto elemento que é o espírito, que é aquele que sendo invisível, intocável, imensurável, inquantificável, e imaterial, porem reside nos outros quatro elementos, e lhes concede vida. Se todo o universo – e todas as coisas que existem nele –, está repleto de vida, é porque está repleto de espirito que existe em todas as coisas, está em todas as coisas, e está por todo o lado. Existe espírito nas montanhas, nos ventos, no fogo, nos lagos, mares e rios, no céu, no pardal e no coelho, na raposa e no rato, no galo e na serpente, na rocha e na salamandra, na terra, na pedreira, na areia, na arvore, e na rocha, e na flor, e em toda a criação. È esse espírito que mantem tudo em harmonia, em equilíbrio, em unidade. Nem o maior dos telescópios o pode alcançar, nem o mais potente microscópio o pode detectar, pois o espírito do ponto de vista da matéria não existe, não pode ser medido, não pode ser pesado, não pode ser tocado, não pode ser qualificado nem quantificado. E porem existe. È espirito. È a Quinta Essência.
Há quatro tipos de espíritos Elementais:
Os Gnomos, que são do elemento Terra, e que na Idade media eram vistos como pigmeus; As Salamandras, que habitam no Fogo; Os Silfos, que são a contraparte masculina das fadas, que Paracelso (1493 – 1541), descreve como habitando no Ar; As Undinas, mencionadas nas Metamerfoses de Ovídio ( n. 43 aC), são os espíritos da Àgua, que na Idade Média eram vistas como as Fadas, ou as Ninfas .
Na Idade Media, e nas mais antigas tradições populares, as fadas estão muito longe de ser aqueles pequeninos e adoráveis seres dos contos da Disney, e muito menos eram seres sequer recomendáveis a crianças. Ao contrário, a fadas estavam intimamente associadas á bruxaria e á magia negra. Há um célebre caso historicamente documentado sobre o assunto das fadas e das bruxas, que ficou famoso. Tratou-se do caso da bruxa Bridget Cleary (1868 – 94), uma bruxa irlandesa de vinte e seis anos que em 1894 desapareceu durante tres dias na área de Kilegranach, onde havia uma temida floresta conhecida por ser assombrada por fadas. A floresta ali era tão temida, que ninguem ousava frequenta-la á noite, e mesmo durante o dia evitavam andar por ela. Sabia-se que naquela floresta habitavam fadas, e que aqueles misteriosos seres por vezes minúsculos, por vezes invisíveis, eram capazes das mais horríveis atrocidades. Diz-se que foi aí que Bridget foi atraída pelos espíritos de tais fadas, havendo-se por isso perdido na floresta, e havendo ali ficado refém delas por tres dias e tres noites. Nesses tres dias e tres noites, as fadas transformaram a jovem numa bruxa. Passados dias, Bridget voltou a reaparecer na sua vila, ainda estado de aparente confusão e desnorte. A bruxa Isobel Haldane regressou assim uma bruxa, e varias pessoas da localidade testemunharam o quão diferente Bridget Cleary tinha regressado dos seus dias de desaparecimento. Dai em diante, a bruxa Bridget Cleary passou a celebrar temíveis trabalhos de magia negra. Nunca mais Bridget foi a mesma pessoa, e só ela saberia que sinistros e temíveis eventos lhe tinham sucedido naquelas noites que ficou refém das fadas.
No caso das fadas, as opiniões desse tempo dividiam-se muito quanto á sua natureza, algumas identificando-as como espíritos de mortos, outras descrevendo-as como divindades menores geralmente ligadas ao campo, ou á natureza. Algumas habitavam em bosques ou florestas, outras em cavernas ou encostas. Havia a temida reputação de fadas que roubavam bebés dos seus berços, para os entregar ao Diabo, ou serem sacrificadas em Sabbat. Havia também a terrivel reputação das fadas que durante a noite levavam as almas dos bebés através de mortes prematuras enquanto dormiam nos seus berços, e essas almas uma vez levadas para a terra onde as fadas habitavam, transformavam-se também elas em pequenas fadas, eternamente jovens, um pouco como a historia de Peter Pan do autor escocês Sir James Barrie ( 1860 – 1936), porem numa versão muito mais sinistra e sombria.
Um outro celebre caso de bruxas relacionadas com fadas, ocorreu na Escócia do seculo XVII. A bruxa Isobel Haldane era famosa por volta do ano de 1623, quando muitos dos seus trabalhos de magia negra eram já conhecidos. A bruxa Isobel Haldane certa vez visitou uma encosta, onde ali permaneceu desaparecida por tres dias, de quinta feira a domingo. A encosta era temida pelas habitantes das redondezas, pela reputação de ser assombrada por fadas que faziam pessoas desaparecerem sem rasto, e foi justamente isso que sucedeu a Isobel. Muita gente procurou pela mulher, porem ninguém a encontrou, nem mesmo nessa encosta. Haldane parecia ter-se esfumado no ar, havendo reaparecido apenas do domingo, ao meio-dia em ponto, quando os sinos da Igreja dobravam para a celebração de Missa. Foi nesses tres dias que Isobel foi levada por fadas para dentro da encontra, onde o Diabo se lhe manifestou na forma de um homem com barba grisalha, tendo-a seduzido, tendo-lhe ensinado as artes da magia negra, e tendo ali sido celebrado Pacto com o Demónio. Assim Isobel Haldene converteu-se numa bruxa, e nunca mais foi a mesma pessoa depois das visões que teve sobre o reino em que vivem as fadas.
Diziam as mais antigas tradições, que particularmente perigoso aventurar-se perto de locais onde vagueiam fadas na noite de Halloween. Houve vários registos de testemunhos de pessoas que se cruzaram acidentalmente com procissões de fadas numa colina, e que por causa da sua intrusão, eram sempre punidas com terríveis perseguições de assombrações e espectros. Houve pessoas que ficaram cegas depois de terem vislumbrado tais procissões, e outras que passados dias sofreram inexplicáveis acidentes que as marcaram para sempre. Havia porem outras pessoas que eram bem-vindos ao território das fadas, como o caso do bruxo de Yorkshire que foi admitido no reino daqueles espíritos. Por ser um homem muito pobre, as fadas acolheram-no e deram-lhe conhecimentos de magia negra, com os quais daí em diante o bruxo passou a ganhar a vida de forma decente, auferindo bons proveitos pelos seus préstimos de magia negra, que se revelavam inexplicavelmente espantosos.
Também por volta do ano de 1662, uma lindíssima bruxa ruiva de nome Isobel Gowdie era famosa na Escócia. A bruxa Isobel Gowdie habitava na localidade de Lochloy, em Moreyshire. A bruxa iniciou-se muito jovem nas artes da magia negra, havendo sido abordada pelo Diabo aos quinze anos. Foi nessa altura que Isobel Gowdie foi atraída por fadas que a levaram a conhecer o seu rei, e a frequentar um Sabbat satânico. Quando reapareceu, Gowdie já era uma bruxa. Foi porem anos depois, já em idade adulta, que os seus trabalhos de magia negra a tornaram famosa. Em 1647, a A bruxa Isobel Gowdie celebrou pacto com o Diabo numa Igreja em Auldearne. O Diabo assim lho tinha pedido, para que maior fosse a afronta da heresia para com a Igreja. Foi naquele local santo lugar que Gowdie renunciou á fé cristã, e foi baptizada pelo próprio diabo que a picando, usou das gotas do própria sangue para a baptizar. O sangue da iniciada uma vez entrando em contacto com o Pacto, torna-se sangue de bruxa, pois fica impregnado de essência demoníaca. A bruxa Gowdie recebeu um novo nome, que era o seu nome de bruxa. O nome era Janet, e seria esse o nome inscrito no livro da morte do Diabo, havendo-se assim riscado o seu antigo nome cristão do livro da Vida de Deus. Embora neste mundo ela respondesse pelo nome cristão, porem para o Diabo e todos os demónios e espíritos do inferno, o seu verdadeiro nome era Janet, e era por esse nome que os espíritos de trevas respondiam ao seu apelo. Assim sucede com todas as bruxas, conforme sucedeu com A bruxa Isobel Gowdie. No local onde o diabo a tinha picado para extrair o sangue usado no seu próprio baptizado e pacto, ficou uma marca, a marca da bruxa ou marca do diabo. No final, o próprio Diabo incorporado num homem através de possessão demónica, leu palavras blasfemas do seu Livro Negro no púlpito da Igreja, assim culminando-se a perversa heresia realizada naquele templo. Na noite seguinte, a bruxa Isobel Gowdie foi ao encontro do Diabo, e participou num Sabbat Satânico em que teve relações lascivas com ela e outras doze bruxas, adoradoras de Satanás. O impuro festim de obscenidades e luxuria celebrou-se com agrado do demonio, havendo depois a bruxa Gowdie sacrificado duas criaturas animais de tenra idade em nome de Satanás, havendo o seu sangue depois sido usado em ritos satânicos, assim como em trabalhos de magia negra. Foi nessa altura que a bruxa Gowdie viu que o sangue provindo de ritos satânicos celebrados em Sabbat, e depois empregue em bruxedos, conseguia produzir os mais fortes efeitos em qualquer tipo de trabalho de magia negra. A bruxa ficou assim famosa, pois os seus trabalhos de magia negra, tinham efeitos espantosos.
Durante as celebrações dos sabbats em que a bruxa participou, foi-lhe ensinado a dar Graças em nome do Diabo aos alimentos de uma refeição, e assim se dava graças antes dos banquetes das bruxas: «Tomamos e comemos esta refeição em nome de Satanás; Com tristeza, suspiros e vergonha; Destruiremos casas e lares, assim como ovelhas e gado guardado; Pouco bem acontecerá a todos os restantes, e nada será salvado» A colmeia de bruxas a que Gowdie pertencia, era constituída por trezes bruxas, número do agrado de Satanás. Cada uma das bruxas, recebeu um espírito demoníaco familiar que as acompanhava, e auxiliava na feitura dos seus trabalhos de magia negra. Cada um desses demónios familiares tinha um nome, tais como Robert Le Rule, Roie, Swien. As bruxas desta comunidade escocesa, ou as bruxas de Lochloy, celebravam os mais fortes trabalhos de magia negra. Os seus trabalhos de amarração amorosa faziam maridos largarem amantes para regressarem ás esposas, assim como faziam amantes tomarem maridos das esposas sempre que desejassem. E caso a criatura embruxada teimasse em não fazer conforme o bruxedo mandava, então recaiam sobre sí infernais padecimentos e assombrações, até que a vítima cedesse. Cedendo, o castigo cessava. Porem teimando e insistindo em resistir, então o bruxedo persistia a castigar a vítima até ao ponto da sua desgraça. Alguns homens embruxados fosse por esposas, fosse por amantes, e porem recusando-se em ceder á bruxaria e fazerem aquilo que se desejava, viam-se de tal forma infestados de assombrações, aparições, padecimentos e desinquietações espirituais, que acabavam por suicidar-se sem motivo aparente. Ninguém conseguia explicar aqueles suicídios inexplicáveis que ocorriam da noite para o dia sem qualquer justificação, em homens que aparentemente eram saudáveis e aparentavam uma normal felicidade. E porem, quem sabe dos poderes da magia negra, bem que sabia o verdadeiro e sinistro motivo por detrás dos suicídios. Foi por isso mesmo que anos antes, na Inglaterra, o código judicial do rei Alfredo de Inglaterra ( 849 – 899), criminalizava e penalizava o acto de se atingir alguém pela magia negra. Esta proibição da magia negra, logo passou á letra da Lei em todos os demais países cristãos da Europa. Na Inglaterra, a lei de 1563 contra Conjurações de Magia Negra, a lei da rainha Elisabete I, «Norfolk Act against conjurations, enchantments and witchcraft», veio reforçar medidas com uma realidade que é inegável, e que são os efeitos dos trabalhos de magia negra. A famosa bruxa escocesa Isabel Gowdie foi uma das bruxas que foi iniciada na magia negra através de fadas, e afirmou abertamente para quem a quisesse ouvir, que «cada uma de nós bruxas tem um espirito á nossa espera, esperando por quando nos apetecer chama-lo».
Também por volta dos anos 1438, a notória bruxa Agnes Hancock afirmava sem receios que muitos dos fortes trabalhos de magia negra que fazia, e que a tornaram célebres, era oficiados com recurso á invocação de pequenos espíritos diabólicos a quem as pessoas comumumente chamavam de fadas. Alguns desses espíritos habitavam no ar, e eram chamados pelo ar através do toque de um sino sem badalo. O sino sem badalo é um antiquíssimo e sinistro instrumento de magia negra. Quando é oferecido por um demónio a uma bruxa, o sino sem badalo quando manipulado pela bruxa, emite um som que é inaudível aos ouvidos dos vivos, e porem muito chamativo a espíritos de mortos e demónios. Já quanto ás fadas que habitavam na água, a bruxa chamava-as através de água vertida no seu caldeirão, e usando da sua vara mágica. Os seus trabalhos de magia negra tornaram-se lendários.
Se os espíritos demoníacos familiares são da maior importância para as bruxas, pois que as acompanham a auxiliam nos seus empreendimentos de bruxaria, já as fadas acabam por assumir um papel igualmente importante, pois que segundo alguns velhos grimórios da Idade Media, consta que as varas mágicas devem a sua propriedade magica ao serem possuídas pelo espírito de uma fada, ou o espírito de uma poderosa bruxa já falecida.
Verdadeiros trabalhos de magia negra?
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