Trabalhos de magia negra para amarração do amor

Trabalhos de magia negra para amarração do amor

Johannes Nider,(1380 – 1438), um reputado teólogo alemão, foi o autor da célebre obra Formicarius ( 1435), na qual menciona o bruxo Scavius, um notório bruxo que residia no distrito de Berna, na Alemanha. Scavius era não apenas um celebre bruxo, como um recrutador e professor e jovens bruxas, as quais seduzia para os caminhos da magia negra, ensinava-lhes as heréticas praticas do culto ao Diabo, ministrava-lhes a doutrina satânica, e leccionava sobre os segredos dos mais fortes trabalhos de magia negra. Em troca, as jovens aspirantes a bruxas entregavam-se-lhe lascivamente, participavam em Sabbat satânicos, e auxiliavam nas mais profanas venerações ao Diabo. O bruxo Scavius tinha reputação de conseguir qualquer mulher que desejasse, fosse senhora madura o jovem donzela, e conforme o conseguia para si, também o fazia para quem procurava pelos seus préstimos ocultos. Assim, a sua reputação espalhou-se pelos quatro cantos de Berna, e as suas amarrações eram abundantemente requisitadas.

Também por volta de 1659, havia um bruxo de nome Thomas Looten que habitava na paróquia de Meteren, na Holanda. O bruxo Thomas Looten tinha na altura cerca de sessenta anos, e porem tinha iniciado a sua carreira nas artes do oculto décadas antes. Looten tinha enriquecido misteriosamente, pois nenhum dos seus vizinhos lhe conhecia a origem da sua fortuna, e porem o homem passou de um humilde anónimo, a um cavalheiro com uma vida confortável. Na verdade, décadas antes Thomas Looten tinha sido abordado por um demónio que se lhe manifestou em forma humana, incorporando num homem vestido num elegante fato verde, um fidalgo de boas maneiras e nem falante, que tinha um defeito no pé esquerdo. O demónio chamava-se Harlakyn, e encantando Loonten com as suas promessas, levou-o a celebrado Pacto demoníaco. O bruxo celebrou o pacto com sangue do seu polegar direito, recebeu a marca do Diabo no ombro, assim como recebeu também uma pomada que lhe permitia deslocar-se espiritualmente para onde desejasse, e que deveria ser usada para o bruxo frequentar o profano Sabbat satânico quando não pudesse comparecer em carne-e-osso. O bruxo Looten depois levado a conhecer tres bruxas, que dai em diante o acompanharam a todos os Sabbat satânicos que o bruxo frequentou, Nesses Sabbat, as bruxas entregavam-se em obscenas luxurias fosse ao bruxo Looten, como ao demonio que as possuía tanto em corpo humano, como incorporando num bode negro. A iniciação e Pacto do bruxo Looten foi como aquela ocorrida em 1646, quando uma bruxa de nome Elizabeth Weed de Great Catworth em Huntingdonshire foi seduzida pelo Diabo, que lhe prometeu auxiliar em todos os bruxedos que ela realizasse. Em 1664, uma bruxa de nome Elisabeth Style de Somerset, foi abordada com a mesma promessa. Havendo as bruxas celebrado Pacto com Satanás, todos os seus trabalhos de magia negra produziam resultados espantosos, pois que eram favorecidos pelos impios auxílios do Diabo. A sua iniciação da bruxa Elisabeth Style foi feita, dando tres voltas andando para trás, sempre de costas, á volta de uma igreja. Consta que apos a primeira volta, apareceu-lhes um homem vestido de negro. Há segunda volta, apareceu-lhes um sapo, que é uma das formas que o Diabo pode assumir quando o deseja. Á terceira volta estava á espera das mulheres um rato, que logo se esgueirou e fugiu, e do nada reapareceu o homem vestido negro. O demónio picou o quarto dedo da mão direita de bruxa Elisabeth, pelo que o seu sangue derramado naquele momento se transmutou em sangue de bruxa, e com aquela picada o demónio deu-lhe a marca do Diabo, ou a marca da bruxa. A bruxa Elisabeth Style recebeu um espírito familiar demoníaco como oferta do Diabo. O espírito demoníaco familiar apareceu-lhe na forma de um  um cão preto que lhe concedia favores e desejos, bastando para isso que lhe dissesse a frase «Ò Sathan, dai-me o vosso propósito». A bruxa Elisabeth Style perteceu ao famoso grupo de bruxas chamado as bruxas de Somerset, um grupo tão notório como o das bruxas de Salem.   No caso do bruxo Looten, o demónio e as tres bruxas providenciaram-lhe uma farta clientela de ricas damas e cavalheiros que lhe requisitavam trabalhos de magia negra, sendo que esses produziam efeitos espantosos através da intervenção do demónio, e assim o bruxo fez uma pequena fortuna com a qual adquiriu gado, casas e terrenos. Os trabalhos de amarração de magia negra que eram feitos aproveitando aos heréticos ritos de luxuria praticados com as três bruxas no decorrer de Sabbats satânicos, geravam efeitos tão fortes em assuntos de luxuria e questões amorosas, que a sua fama espalhou-se até para alem das fronteiras da sua paroquia. O bruxo era conhecido por conseguir ter todas as mulheres que desejasse, e a certa altura deu três filhos a um distinto e nobre cavalheiro da cidade, ao possuir a sua esposa em pecaminoso adultério. Por tanto esse pecado ter agradado ao demónio, este retribuiu ao bruxo com cinco moedas de ouro, e mais lhe prometeu se o bruxo prosseguisse a prestar os seus serviços de magia negra a todos que os procurassem, assim alastrando os pecados da fornicação e da conspurcação do adultério por todos os cantos e recantos daquela sociedade cristã, o que muito agradava ao Diabo. E o bruxo assim cumpriu com a sua missão.

Certa vez, um desses trabalhos envolveu tres ameixas para os quais o bruxo derramou tres gotas de sangue, havendo antes sido empregues pelas bruxas em satisfações lascivas. O sangue de bruxa empregue em ritos de magia negra é extremamente poderoso e eficaz. Relato comprovado disso, existe sobre uma das famosas bruxas de Connecticut , que foi Mary Johnson. Em 1647, a própria bruxa sempre admitiu ter sido visitada e seduzida pelo Diabo que lhe apareceu primeiramente incorporado na forma de um gato preto, e depois manifestando-se – através de possessão demoníaca – num homem. Mary Johnson teve relações luxuriosas com o demónio, celebrando Pacto com o Diabo, e entregando-se aos caminhos da magia negra. O sangue usado na celebração de um pacto, torna-se sangue de bruxa, por contacto com o pacto. Usando de gotas do seu próprio sangue com que havia celebrado pacto, derramadas no seu caldeirão onde eram mergulhadas efígies representativas das vítimas, e lançado o seu mau-olhado sobre as figuras que ardiam no caldeirão, a bruxa conseguia infestar fosse quem fosse de forte bruxedo. Era como se as labaredas do próprio inferno fossem chamadas a entrar nas criaturas embruxadas. Mary Johnson celebrou diversos trabalhos de amarração, uns dos quais afectou o bebé de um casal. Teimando o homem embruxado em resistir ao bruxedo, e não se separar da mulher, a maldição gerada pelo bruxedo acabou por enfraquecer a saúde do bebé do casal. Porem, tendo o homem ido deitar-se com a mulher que o tinha mandado amarrar, imediatamente todos os padecimentos sumiram e esvaneceram-se tão misteriosamente como tinham aparecido. O caso tornou-se célebre na altura, e a bruxa tornou-se tão lendária como temida. Tambem o bruxo Looten usou do seu próprio sangue derramando nas tres ameixas, ao mesmo tempo que lhes murmurava um encantamento de magia negra, infestando os frutos de pecado e bruxaria, conforme de pecado estava infestado o fruto que Adão e Eva tomaram do Diabo.

As ameixas foram parar ás mãos de uma certa donzela, que havendo-as comido se encheu de ardentes desejos carnais, de tal forma que procurava satisfazer-se fosse onde fosse. Assim a donzela infestada pela concupiscência da luxuria acabou entregando-se a vários cavalheiros, inclusive aquele que havendo encomendado a amarração, muito se regozijou em desfrutar da donzela infestada com as artes demónicas do bruxo. O mesmo bruxedo foi lançado a um jovem, por forma a faze-lo ir procurar pela mulher que encomendou. Porem, o jovem era comprometido, e teimou em resistir ao bruxedo. Quanto mais teimava mais a bruxaria o castigava com tormentos e desinquietações, até ao ponto do desnorteado jovem ter tentado o suicídio. Porem, havendo ido deitar-se com a mulher que lhe tinha encomendado a amarraçao, eis que todos os tormentos desapareceram e esfumaram-se. È justamente assim que funcionam as amarrações de magia negra, ou seja: a vitima é infestada de bruxaria, e cedendo á finalidade do bruxedo então os espíritos de trevas deixam-na em paz. Porem: indo resistir ao bruxedo, e teimando em não ceder, então a vitima é castigada e atormentada até que ceda. E persistindo em teimar a resistir, então também os tormentos da bruxaria teimam e persistem em fustigar, até ao ponto da desgraça. Seja como for, a vitima nunca mais se livra do bruxedo, nem da sombra de quem a mandou embruxar. Nunca mais. Não há escapatória. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder. Todos estes factos forma testemunhados e registados na correspondência de um oficial de justiça holandês de nome Vandewalle, ficando assim historicamente documentados.

Jessie Saxby, nascida em 1842, foi uma estudiosa das velhas tradições e mitos populares Irlandeses, e na sua obra dá nota da existência de uma notória bruxa Katherine Caray, que por volta dos anos de 1616 viveu na Irlanda. A bruxa usava de vários ensinamentos satânicos nos seus trabalhos de magia negra, e as suas amarrações eram temidas. A bruxa Katherine Caray atava nós num numa tira de couro de serpente como quem atava os destinos de duas pessoas, ao mesmo tempo que murmurava velhos encantamentos de magia negra, e aqueles atingidos pela bruxaria estavam condenados a unirem-se conforme tinham sido atados nos nós da bruxa, ou caso contrario era certo que, mais cedo ou mais tarde, encontrariam mau destino. Muitos dos bruxedos desta notória bruxa eram celebrados com terra retirada de um local onde um homem houvesse sido assassinado ou executado por ser um condenado á morte, assim fazendo uma fortíssima invocação a almas penada e espíritos errantes. Essas almas de defuntos eram chamadas para infestarem a vítima da amarração, que seria assim assombrada por todo o tipo de aparições e padecimentos espirituais ate que cedesse ao objectivo do bruxedo. Cedendo as almas penadas largavam a vitima e acaba-se o castigo. Porem insistindo em teimar e resistir ao bruxedo, então mais assombrações e castigos a vitima sofreria sem para. Fosse como fosse, nunca mais a vitima se livrava da magia negra, nem da pessoa que a mandou embruxar. Nunca mais. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

Conforme faz notar a encyclopedia de Oxford sobre «Witchcraft in the early Modern Europe and Colonial America», a magia erótica ou amorosa sempre foi particularmente forte, e particularmente violenta, pois que funciona essencialmente por meios coercivos. Nela, a vítima é castigada até ceder ao mandante da magia negra. Usam-se de todos os meios, desde queimar a efígie de uma pessoa em caldeirão para que a  alma da vitima arda como se ardesse no fogo do inferno em padecimentos ate que ceda aos fins do bruxedo; usam-se de agulhas que trespassando um boneco baptizado com o nome da vitima, então essa criatura sofra padecimentos e aflições ate ceder ao mandante da bruxaria; entoam-se encantamentos nos quais se diz «Sofrerás até que te entregues», etc. Tal facto é intemporal, e pode ser historicamente comprovado, conforme se pode observar no caso da bruxa Ganbrina. A bruxa Ganbrina era abundamente requisitada devido ás suas amarrações, e imensas era as mulheres de todas as condições sociais que a procuravam, desde a mais humilde camponesa á mais elevada dama da realeza, umas procurando que o marido largasse a concubina, e outras desejando ser as concubinas preferidas do marido de outrem.  E a todas a bruxa dizia o mesmo: o meio para isso é apenas um, e é a coerção. Apenas forçado o homem se entregará, porque se fosse para se entregar de seu livre humor ou capricho, então ele já o teria feito por si mesmo. Logo: se não o faz de sua livre vontade, é porque não o quer. E se não quer, então apenas forçando-o é que ele cederá. A linguagem da força é a única linguagem que o homem conhece, pois que o homem não é dado ás subtilezas que são típicas do reino feminino. O caso da bruxa Ganbrina foi célebre, e acabou registado na obra «Una strega reggiana» de 1906.

O notório padre e ocultista Montagne Summers (1880- 1948),  ao debruçar-se sobre o estudo do compendium maleficarum ou o compendio das bruxas do padre Italiano Francesco-Maria Guazo (n. 1570) , faz notar que Por volta dos anos de 1605, havia na localidade de Lauch da arquidiocese de Colonia – Alemanha – um velho bruxo satanista já de noventa anos, de nome John, e que era famoso pelos seus trabalhos de magia negra. O bruxo John conseguiu mesmo embruxar um todo poderoso Duque da cidade, por obra da encomenda de um trabalho de magia negra de amarração solicitado por uma nobre senhora. A verdade é que o duque teimava em resistir ao bruxedo, e quanto mais resistia maiores eram as suas aflições. O bruxo tinha-lhe lançado um bruxedo através de um forte encantamento demoníaco, e o duque não lhe escapou. Tanto o duque resistia, que passados tempos começou a definhar, a esmorecer, a enfraquecer a olho vistos, e sem que os seus médicos conseguissem encontrar qualquer explicação. Porem, havendo o Duque ido entregar-se aos braços da mulher que o mandou amarrar, imediatamente todos os seus padecimentos misteriosamente desapareceram e esfumaram-se, tão misteriosamente como tinham aparecido.

È essa mesma a natureza e a forma como funcionam os trabalhos de magia negra para o amor, e prova disso podemos encontrar no célebre Manual de Munique ou Liber Incantationum . O Manual de Munique é famoso um grimório de magia negra do século XV, encontrado na Baviera. O célebre grimório de magia negra revela conhecimentos sobre a magia demoníaca, hoje em dia chamada magia negra, que é a magia que apela a espíritos de trevas e demónios para operar as suas finalidades. O grimório encontra-se escrito maioritariamente em latim, havendo porem algumas partes escritas em vernáculo, e é consensual que os seus autores eram clérigos, padres, monges ou freis profundamente versados nas artes da magia negra, havendo mesmo quem afirme que se tratavam de padres satânicos, ou seja, padres que de tal forma fascinados pelo oculto, acabaram por entra em contacto com o demónio, profanando depois os seus votos do sacramento sacerdotal, e celebrado Pacto com o Diabo. O grimório oferece formulas para conjurar todo o tipo de demónios. Uma das finalidades dessas inovações, é precisamente infestar alguém com demónios, de forma  a faze-la ceder aos desejos amoroso ou eróticos de outrem. Cedendo a possessão demoníaca abandona a vitima, e porem andando a vitima a resistir ao bruxedo, então a infestação demoníaca persiste, sempre aumentando paulatinamente, até ao ponto de poder levar a vitima á loucura. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

Giovanni Batistta Codronchi ( 1547 – 1628), foi um notório médico que se debruçou sobre o estudo da bruxaria e das possessões demoníacas. O médico Italiano formado em Bolonha testemunhou pessoalmente um caso sucedido na cidade de Sepino, no reino de Nápoles, onde havia um homem de nome Jacobo que não se conseguia a aproximar da mulher sem que ela com grande repulsa o afastasse, e o seu lar estava constantemente caído em desavenças e discórdias. Porem, a verdade é que nem a própria esposa conseguia explicar os acessos de fúria e alterações de humor que sentia na presença do marido. Veio porem o medico a saber que o motivo do comportamento da esposa tinha origem num bruxedo lançado ao próprio Jacobo, por uma mulher ciumenta que desejava te-lo para si mesmo. O homem tinha sido por isso vitima de uma forte amarração, e porem como teimava em ficar com a esposa, assim resistindo ao bruxedo, então aquelas artes diabólicas infestaram a esposa de possessões demoníacas tais, que passado algum tempo a mulher começou a alterar-se, ao ponto da vida conjugal ficar impossível. E mesmo a esposa fazendo um esforço para ultrapassar o assunto, então mais tempos idos, acabou acamada e doente. Em suma: nunca mais aquele lar deixou de ser perseguido por uma sombra sinistra que jamais largou o casal. No final, o homem amarrado acabou na cama da mulher quem o mandou embruxar, sendo que a partir desse momento todos os tormentos desapareceram e esfumaram-se tão misteriosamente quanto haviam aparecido.

O mesmo autor conta na sua obra como um homem S. Gimignano na Etruria ficou subitamente enamorado , tão enamorado e tão desesperado de amores, que largou a sua linda esposa e filhos. O homem esqueceu a sua esposa e filhos, tendo ido viver com a sua amante, e ali permaneceu durante tempos. Foi então que lhe contaram que a amante era na verdade uma bruxa, e que secretamente prestava culto ao Diabo, e participava em ritos satanistas. Curioso por descobrir a verdade, o homem vasculhou toda a  casa, sendo que descobriu debaixo da cama de casal um caixa de madeira, onde dentro se encontrava um sapo com os olhos cosidos. O homem desatou os nós atados dos olhos do sapo, depois jogando-o ao fogo.  Nesse preciso momento, vieram-lhe novamente todas as recordações da sua esposa e filhos. Nesse mesmo momento o homem regressou a casa. Os casos observados pelo medico Codronchi ficaram documentalmente testemunhados na sua obra, havendo sido igualmente mencionados no «compendium maleficarum» , ou o «compêndio das bruxas» , do padre Italiano Francesco-Maria Guazo (n. 1570) , e são prova dos inegáveis efeitos da magia negra e dos trabalhos de magia negra.

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