Magia negra e o galo preto

Magia negra e o galo preto

Na magia negra, porquê o recurso ás oferendas de sangue de galo preto?

De acordo com o grimório «Errores Gazariorum» de 1405, os Sabbats das bruxas terminavam quando um galo preto anunciava o raiar do dia, altura em que as bruxas urinavam e defecavam em escárnio para com as missas brancas da igreja, e partiam do templo onde Sabbat Negro havia sido celebrado. O Galo preto estava sempre presente no Sabbats das bruxas, fosse no inicio da celebração sendo oferendado para invocar o demonio, fosse no final dos ritos, anunciando que o demonio já tinha partido, e que o Sabbats Satânico estava assim encerrado. Da mesma forma, sabe-se que uso de galo preto em rituais de magia negra a é de grande relevância mística, pois que  assim vem escrito em vários grimórios de magia negra da Idade Média.

Um notório bruxo de nome Louis Graufidi ( f. 1610), afirmava que um galo preto estava presente nos Sabbat das bruxas, sendo que quando ele cantasse, terminava a reunião. São Prudêncio ( 348- 410), dizia que os ritos demoníacos celebravam-se durante a noite, até ao cantar do galo. Tendo o galo cantado, então terminam as cerimonias do demónio, pois que os ritos de Satanás cessam, quando os ofícios da Igreja começam. Por isso mesmo, nos tempos de são Benedicto ( 1526- 1589), logo ao raiar do dia iniciavam-se cânticos religiosos, aos quais se chamavam «Gallicinium», em honra do galo que anunciava o nascer do dia que trazia a luz de Deus, e o cessar das actividades das assombrações e dos demónios. Os antigos Judeus, acreditavam que o bater das asas de um galo podia enfraquecer o poder dos demónios, e dos bruxedos das bruxas. Nicolas Remy( 1530 – 1612), foi um demonologista Francês que presenciou pessoalmente vários casos verídicos de bruxas, bruxaria e trabalhos de magia negra.  Com as conclusões que retirou das suas experiências e observações, Nicolas Remy escreveu a obra «Demonolatreiae», publicado em 1595. Nicolas Remy falou certa vez com a notória bruxa Latoma, que lhe disse que o galo era desprezado pelos demónios, por ser considerado um arauto de Deus, um paladino da luz, um mensageiro da cristandade, despertando os homens para a adoração a Deus, afastando-os dos pecados com que as trevas da noite os infestam através da bruxaria. Na altura da Natividade, na noite de 24 de Dezembro, um galo teria cantado toda a noite anunciando o nascimento de Cristo, assim irrompendo pelas trevas da noite dentro, perturbando a impura obra de demónios e bruxas. Por causa do galo que cantou á noite anunciando o nascimento de Jesus, em Portugal celebra-se a Missa do Galo, ou Missa da Natividade, ao passo que em certas regiões de Espanha, houve tempos já idos em que era costume levar-se um galo á missa da natividade, pois que cantando o galo durante essa missa, isso era bom pressagio para o ano inteiro. Assim, para os sacerdotes cristãos o galo que anunciava o nascer do dia e do Sol, e assumia-se como um símbolo da luz de Deus que diariamente vence as trevas. Pois por o galo ser tão importante e precioso para a Igreja, diz-se que o Diabo o adoptou como oferenda a ser-lhe sacrificada em ritos de magia negra, enquanto símbolo da sua vitoria sobre aquele que era um paladino da luz Deus. E de todos os galos, preferiu o preto. E por isso mesmo, é que a oferenda do galo preto e do seu sangue, se tornou um elemento tradicional na magia negra, e um elemento agradável aos demónios invocados. Sacrificando um galo preto, esta-se a sacrificar um arauto da luz, e esta-se a silenciar o detestável cantar que anuncia a alvorada. Isso agrada aos demónios, e daí o galo preto ter esta importância simbólica, cuja a origem poucos conhecem.

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