Trabalhos de amarração
No Reino Unido do século XVII houve duas famosas bruxas, uma de nome Elizabeth Stevenson, e outra chamada Catherine Oswald. A bruxa Elizabeth era vulgarmente conhecida pela bruxa Toppock, e a bruxa Catherine Oswald era chamada a bruxa de Niddrie, e ambas foram célebres por volta dos anos de 1630-31. As bruxas costumavam recolher-se numa caverna em Edinburgh, na Escócia, que era conhecida pelo Devil’s den, ou o covil do Diabo. Era aí que o Diabo lhes aparecia, por vezes na forma de um potro preto, e outras incorporado num homem. As bruxas invocavam-nos com velas pretas e encantamentos, e o Diabo respondia manifestando-se, e possuindo carnalmente as bruxas que se lhe entregavam em profana luxuria, cometendo heréticas abominações. Foi naquela caverna que o Diabo lhes tinha aparecido a primeira vez para as seduzir e converter em bruxas, e foi ali que continuou a aparecer-lhes de cada vez que era invocado. E era ali que a bruxa Toppock e a bruxa de Niddrie derramaram varias vezes sangue de criaturas de tenra idade oferecidas ao demónio, desse modo celebrando fortes trabalhos de magia negra. Mesmo muitos anos depois das bruxas terem falecido, os populares da vizinhança não pisavam aquelas terras depois do Sol de pôr, pois varias vezes foram avistadas assombrações, e viram-se as almas da bruxas vagueando na obscura caverna. Alguns dos mais famosos bruxedos ali celebrados naquele covil, foram trabalhos de amarração que causavam efeitos tão espantosos, que se tornaram lendários.
De 1772 a 1780, em Limburgo, na Holanda, existiu um grupo de bruxas chamado «As Cabras», que se reuniam numa capela secreta erigida a Satanás, ali entregando-se ás mais obscenas luxurias, ao mesmo tempo que celebravam ritos de invocação ao Diabo usando máscaras de cabras. O demónio incorporava ora num bode preto, ora num homem, e tomava as bruxas nas mais abomináveis perversões, para depois lhes conceder sabedorias de magia negra com as quais eram imediatamente celebrados os mais fortes trabalhos de magia negra. E alguns desses eram trabalhos de amarração, que faziam com que qualquer pessoa embruxada acabasse por cair num estado de tórrida paixão por quem as tivesse mandado amarrar.
Nicolas Remy( 1530 – 1612), foi um demonologista Francês que presenciou pessoalmente vários casos verídicos de bruxas, bruxaria e trabalhos de magia negra. Com as conclusões que retirou das suas experiências e observações, Nicolas Remy escreveu a obra «Demonolatreiae», publicado em 1595.
No capitulo XVII do seu grimório, Remy dá nota de como o Diabo se insinua nas paixões daquele que pretende recrutar, para assim os seduzir a converterem-se em bruxas e bruxos. E depois disso, fornece os instrumentos da bruxaria ás suas bruxas, para que através dos seus trabalhos de magia negra também elas favoreçam e abram caminho ás paixões de quem procura soluções e alivio da magia negra.
Diz o grimório Demonolatreiae que o Diabo uma vez recrutando uma bruxa, «não demora tempo a fornecer-lhe instrumentos e instrução na prática da magia negra». E para que o negócio das bruxas não se atrase com os seus clientes, o demónio fornece um pó fino, que infalivelmente atrai enfermidades e moléstias a todo aquele que for vitima de um bruxedo» Afirma o grimório Demonolatreiae que há três pós mágicos que o Diabo oferece á bruxa: o pó que causa a morte é preto, e o pó que causa doenças e enfermidades é cinzento. Porem, a bruxa também recebe um pó branco, que permite curar todos os males causados pela magia negra. Os vários pós mágicos tem diferentes propriedades e finalidades, que são distinguíveis pela sua cor. Explica o grimório duas noções importantes sobre o pó de magia negra: primeiro, que o efeitos causados pelo pó não se devem ás propriedades químicas nem físicas das substancias que compõem o pó, mas sim ao Diabo. A potencia do pó não deve os seus efeitos ás propriedades do pó, mas sim ao Diabo, ou seja, e citando o notório demonologista Remy «os pós devem a sua potencia ao demónio, e não a propriedades próprias», significando isto que, o segredo do pó não reside na formula do pó, mas sim em que o pó seja feito de forma a atrair o demonio para causar um certo efeito numa certa criatura. Dai, que o grimório explique depois o segundo aspecto dos pós de magia negra, ou seja, as suas diferentes cores. As cores dos pós de magia negra não estão relacionadas com as suas propriedades físicas, mas antes servem para sinalizar ao demonio a finalidade a que estes se destinam, para que o demónio inflija na vítima aquilo que a bruxa sinalizar. È no fundo um sinal visível do pacto entre a bruxa e o Diabo, e que os demónios saberão identificar para depois agirem conforme um bruxedo deseja. Mais que isso, é também um sinal de fé da bruxa, que sabendo que aquele pó é inócuo sem a acção do Diabo, porem entrega o assunto ao pó magico conforme o demonio lhe ensinou, plenamente crente que através dele o Diabo vá operar os seus desígnios. E com esta prova de fé, o demonio agrada-se, e age. O célebre demonologista Nicolas Remy tomou conhecimento de várias bruxas famosas pelo uso de pós poderosos de bruxaria: o bruxo Claude Fellet de Maziéres que trabalhou nas artes ocultas por volta dos anos de 1584, assim como a bruxa Jeanne le Ban de Masmunster que exerceu o seu oficio por volta dos anos de 1585, foram alguns dos célebres bruxos que usaram de pós de magia negra com grande eficácia, motivo pelo qual os seus trabalhos de magia negra se tornaram lendários. E alguns desses trabalhos, eram trabalhos de amarração. Esses trabalhos de amarração tornaram-se célebres, pois não haviam pessoa embruxada que não acabasse por se ir entregar ardentemente apaixonada e irresistivelmente enamorada por quem a tivesse mandado embruxar.
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