Trabalhos de magia negra para esquecer amor
No célebre grimório Demonology (1597) do rei James I ( 1566 –1625), dá-se nota de como os trabalhos de magia negra «podem fazer homens ou mulheres amarem-se ou odiarem-se um ao outro, o que é bem possível ao Diabo, pois ele é um espirito subtil, que sabe bem como persuadir afecto, corrependo-o» e manipulando. São mil e umas as formas, os ardis, as tentações, as artimanhas e os severos castigos da alma que o demónio tem, sabe e manipula, para lidar com tais demandas. E conforme por tais artes se pode inspirar tanto desejo como e repulsa por alguém, então também é possível apagar sentimentos por alguém. Daí que nas amarrações, o pensamento de uma pessoa está sempre a ser atraído para quem a mandou amarrar, ao passo que contrariamente, já nos trabalhos para fazer esquecer um amor, a memoria de uma certa pessoa, ou sentimentos por uma certa pessoa, são apagados de alguém.
Que os espíritos tem capacidade para afectar a memoria dos humanos, isso pode ser confirmado num caso historicamente comprovado. Foi o caso da bruxa Bridget Cleary (1868 – 94), uma bruxa irlandesa de vinte e seis anos que em 1894 desapareceu durante tres dias na área de Kilegranach, uma zona conhecida por ser assombrada por espíritos de bruxas já falecidas. Diz-se que foi aí que Bridget foi atraída pelos espíritos de tais bruxas, a quem o povo chamava de fadas. Bidget recebeu ensinamentos desses espíritos, viveu com eles ao longo desses tres dias, e durante esses dias transformou-se numa bruxa. Passados dias, Bridget voltou a reaparecer na sua vila, ainda estado de aparente confusão e desnorte. Não tinha qualquer memoria do local onde havia estado, nem das coisas que tinha vista. Porem, a bruxa Isobel Haldane regressou completamente alterada, e convertida numa bruxa, e varias pessoas da localidade testemunharam o quão diferente Isobel Haldane tinha regressado dos seus dias de desaparecimento. Dai em diante, a bruxa Isobel Haldane passou a celebrar temíveis trabalhos de magia negra.
Para alem das amarrações, houveram outros trabalhos lendários que eram frequentemente requisitados á bruxa, e eles eram os trabalhos de magia negra para fazer esquecer um amor.
Há vários exemplos históricos e processos mágicos que fazem as pessoas esquecer ou deixar de sentir coisas que sentiam. A reputada «Enciclopaedia of Occultism» (1920), do notório autor e ocultista escocês Lewis Spence (1874 – 1955), faz notar que um desses meios, era o oraculo de Jupiter Trophonius. De acordo com geógrafo Grego da Antiguidade Pausânias (f.180 d.C), Trophonius foi o mais engenhoso arquitecto do seu tempo. Depois de ter acabado a edificação do templo do Deus pagão Apolo, o mundo ficou espantado com a beleza mestria do trabalho de Trophonius. O arquitecto porem recusou qualquer pagamento pela obra, e modestamente apenas pediu que o Deus Apolo lhe concedesse o maior benefício que um homem pudesse receber. Três dias depois, o arquitecto foi encontrado misteriosamente morto. Feito apenas em espírito, Trophonius foi convertido num semi-Deus, e podia ser consultado num oráculo. O agora semi-Deus respondia através de uma sacerdotisa pitonisa que servia no seu oráculo, situado numa caverna. Dizem que a pitonisa descobriu a caverna onde o espírito do semi-Deus podia ser consultado, quando recebeu uma visão na qual lhe era dito para seguir o voo de um enxame de abelhas. Uma vez que as abelhas podiam incorporar espíritos de servidoras de Apolo, ficou clara a indicação que era o Deus Apolo que estava a apontar-lhe o local onde ela deveria servir aquele espírito. E a sacerdotisa assim o fez, encontrando a caverna onde se consultava o espírito do semi-Deus Throphonius. Perto dessa caverna, havia um rio chamado Lethe. Quem bebesse das águas da nascente desse rio, imediatamente seria feito naquilo que se chamava uma «tabula rasa», ou sejam perderia memoria e sentimentos passados. Sabendo destas tradições da Antiguidade, algumas bruxas pediam ao demónio Throphonius que lhes abençoasse uma taça de água, pois essa tornar-se-ia como a água da nascente do rio Lethe. E depois dando essa água de beber a um boneco previamente baptizado pelo sacramento do Diabo com o nome da vitima do bruxedo, então essa pessoa gradualmente perderia os sentimentos que tivesse por outra.
Na Idade Media, muitos dos bruxedos e magias para esquecer o amor, iam buscar ingredientes que convocassem demónios e o poder do inferno, porque as noções de inferno para as religiões pagãs nativas como em Inglaterra e na Irlanda, não eram as noções punitivas e aterradoras do cristianismo. Nas religiões pagãs da Inglaterra e Irlanda, o inferno tratava-se antes de um local chamado «Annwyl», um reino subterrâneo paralelo ao mundo onde habitamos na superfície, e onde as pessoas existiam, caçavam, comiam, bebiam, festejavam e habitavam como nos tempos primordiais da Grã-Bretanha. Mas antes de lá entrar, diziam as tradições religiosas Irlandesas, o morto tinha de atravessar as águas do esquecimento, para poder ir habitar nesse mundo. Era com base nessas tradições da Antiguidade, que as bruxas procuravam através dos demónios obter dessa água do esquecimento por onde os mortos passavam, para produzir os trabalhos de magia negra para fazer esquecer sentimentos. Alguns dos ingredientes usados nas invocações desses demónios, era terra de cemitério, assim como pedaços de defuntos que não houvessem sido baptizados, e fossem pagãos, pois esses haveriam de se dirigir ao inferno pagão, e não ao inferno que os padres apregoavam.
Na Idade Media haviam outros célebres trabalhos de magia negra para fazer esquecer um amor, e eles eram chamados os «Aneis do Olvido» ou «Anéis do Oblivio», que as damas antigas usavam quando queriam esquecer um amor antigo, e partir para um novo amor.
Esse célebre trabalho de magia negra para fazer esquecer um amor, era feito através do uso de um pó de lagarto no bruxedo, e sua fórmula é secreta, pois usada em doses inapropriadas pode levar a uma total amnésia.
Estas formulas são ancestrais, com séculos e séculos de existência, e constam dos mais antigos grimórios de magia negra.
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